quarta-feira, 18 de maio de 2011

A Palavra ao Gabriel Vilas Boas


O Caminho Faz-se Caminhando - EB 2/3 de Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães


A Palavra ao Gabriel Vilas Boas

O texto que hoje transcrevo não é meu. Constituiu o Editorial do último jornal lá da escolinha, Abelhudo de seu nome, escrito pelo professor Gabriel Vilas Boas e hoje transcrevo-o para o meu blogue porque o tema abordado é deveras interessante e reconheço que também eu estava com curiosidade perante a reacção à crise, por parte de uma Escola deveras especial e que é a nossa: minha, dele e de mais uns quantos.
Subscrevo por inteiro as suas palavras. O nosso país está em profunda crise, é certo, mas nós estamos empenhados em permanecer vivos, com tudo o que isso implica. Muito trabalho também, obrigado, que muitos de nós seríamos muito pouco sem ele e temos orgulho em o assumir enquanto funcionários públicos não encaixados nos estereótipos.

"Olho as pessoas desanimadas na rua, muitas delas não sei o nome e provavelmente nunca o saberei, observo o olhar triste e angustiado de alguns pais com quem me cruzo na escola ocasionalmente, ouço algumas conversas soltas de crianças de 12, 13 anos no recreio e por todo o lugar encontro a palavra crise conjugada com o medo da incerteza quanto ao futuro. É fácil perceber a frustração, o desencanto, a angústia de quem tanto lutou e vê um futuro sem horizonte.
Por tudo isto, estava curioso por saber como reagiria a Escola, em especial a sua força motriz (leia-se o corpo docente) a uma atmosfera social e psicológica tão negativa. E não tive uma surpresa, mas sim uma agradável confirmação: os professores, os alunos, os encarregados de educação, o pessoal auxiliar das várias escolas que compõem o nosso agrupamento são pessoas extraordinárias, na medida em que são trabalhadoras, generosas, inovadoras, ativas e, não raras vezes, solidárias. Apesar das angústias quanto ao futuro, das limitações materiais, das difíceis situações sociais e familiares de muitas famílias, centenas de pessoas envolveram-se em pequenos e grandes projetos que aumentaram a aprendizagem e a cultura dos nossos jovens, tornando-os mais aptos a confrontar-se com o mundo exigente que os espera.
Coordenar o jornal escolar é uma posição privilegiada para observar esse esforço minucioso e dedicado de tanta gente que passa anónima entre os dias do calendário dum agrupamento de escola que movimenta mais de mil alunos. Mas quem tem a missão de acompanhar, fotografar, noticiar as atividades duma turma ou dum ciclo, que envolvem um departamento ou uma disciplina, que comprometem uma escola ou apenas um professor, não pode ficar insensível ao esforço, ao rigor de professores e alunos na construção duma Educação melhor.
Sem alaridos, sem festas nem aparatos, a Escola foi construindo a sua dinâmica própria. Aprendendo com os erros, construindo a sua identidade de uma forma mais segura e verdadeira.
Olho os trabalhos e as atividades que noticiamos nas páginas deste jornal e vejo a inovação dos professores, a participação dum número cada vez maior de alunos, uma maior correspondência entre o conhecimento administrado e o conhecimento adquirido e consolidado.
Às vezes, olhamo-nos ao espelho e só reparamos nos defeitos que ainda temos e parece-nos pouco aquilo que conseguimos, mas não é bem assim! Nunca tivemos uma rádio tão ativa e inovadora como hoje; a biblioteca é um centro de recursos diversificado e um parceiro indispensável do aluno, onde nascem, organizam e se concretizam muitas das atividades que acontecem na Escola. Os alunos da E.B. 2/3 participam cada vez mais em concursos distritais envolvendo diversas disciplinas; os departamentos competem entre si na inovação e no envolvimento dos alunos nas atividades que programam para a Semana as Línguas, das Ciências ou das Artes; há professoras que fazem um esforço meritório para concretizar a interligação entre os diversos ciclos de ensino, levando a aprendizagem, por exemplo, da História aos mais pequenos; os blogues relacionados com a educação e com a Escola nunca tiveram tantos leitores e tantas e boas mensagens. E por último, mas não menos importante: nunca a Escola se pôs tanto à prova duma avaliação externa como nos tempos que correm. Não são apenas as provas de aferição do 4º e 6º anos nem os exames do 9ºano a Língua Portuguesa e Matemática. Hoje os testes intermédios são uma realidade para várias disciplinas do 3º ciclo. Órgãos de Gestão e Pedagógicos, professores e alunos monotorizam pormenorizadamente os resultados das suas aprendizagens.
Nem sempre ficamos satisfeitos com aquilo que fazemos ou conseguimos, mas hoje temos uma dimensão mais real, verdadeira e justa daquilo que somos e valemos! Isso ajuda a abrir o Horizonte do nosso caminho.
Quanto ao caminho… já todos sabem que se faz… caminhando!"

Gabriel Vilas Boas

2 comentários:

Anónimo disse...

Na RTP1 o José Manuel Coelho está a fazer uma revolução no debate.

Anabela Magalhães disse...

Estou absolutamente sem pachorra para eles... :)

 
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