terça-feira, 22 de outubro de 2013

Café B. A. R. - Amarante

Café-Bar - Tia Maria José e Primas Luizinha e Rosarinho
Fotografia sei lá eu de quem...
 
Café B. A. R. - Amarante

O Café Bar, situado no Largo de S. Gonçalo/Praça da República, foi, já o disse inúmeras vezes neste blogue, fundado pelo meu avô paterno, Rodrigo Queiroz e pelos seus dois irmãos Ismael e Belchior, algures na década de trinta do século XX.
A fotografia que hoje partilho é um dos raros documentos que mostra relativamente bem o interior deste café, tal como ele era em plenos anos sessenta, e foi-nos cedida por quem a tem na sua posse, Maria José Lima, a quem agradeço a generosidade da dádiva.
Presente na fotografia a minha tia-avó Maria José, a Gioconda nas palavras de Pascoaes, com as suas duas netas, Luizinha, a mais velha, de pé, e Rosarinho, ao colo da sua avó, ambas filhas do meu primo Luís Queiroz.
A fotografia permite ver as cadeiras oriundas da famosa indústria local Tabopan e as belíssimas mesas, de um modelo que ainda hoje podemos encontrar, felizmente, em alguns cafés, mesas com pé metálico centralizado e tampo redondo de vidro.
Nesta parte do café, existiam, segundo o meu pai, duas filas de mesas e cadeiras, tendo cada fila três mesas situadas paralelamente à parede, espelhada à altura do corpo e rosto.
na mesa da esquerda ainda podemos vislumbrar parte da silhueta do meu avô Rodrigo, sentado de perna cruzada numa postura que manteve até ao fim dos seus dias, neste café por si frequentado até poucos dias antes da sua morte. Exactamente por detrás da minha tia encontrava-se a mesa "pertença" de Teixeira de Pascoaes que aí bebia o seu "precioso veneno", tal e qual como ele lhe chamava, em chávena de porcelana fina que a minha tia Maria José comprou especificamente para o efeito.
Podemos observar a estantaria por detrás do balcão com as garrafas de bebidas espirituosas e, ao centro, o relógio quadrado de madeira que ainda hoje faz parte da mobília deste café. Por cima do balcão a balança, indispensável para as vendas a peso e o barril, pequenino, que guardava a serpentina por onde passava a cerveja vendida a copo, tal como indica a placa com o aviso "Cerveja ao copo", ilustrada pelo copo típico do agora chamado "fino". O balcão tem ainda um escaparate com os célebres furinhos que davam prémios e que povoaram toda a minha infância e uns pacotinhos de rebuçados para venda ao público que deliciavam adultos e principalmente crianças. É ainda visível um cartaz que anunciava o filme em projecção nesse fim-de-semana, no Cine-Teatro de Amarante, sim... Amarante teve um!!!! que eu frequentei até à exaustão e onde vi as primeiras peças de teatro acompanhada pelos meus pais e irmão. O balcão acomodava ainda a máquina de café, as chávenas e os pires, não visíveis na fotografia, era envidraçado à frente e em cima, tinha duas estantes para exposição dos artigos à venda, e no café vendiam-se bolachas, refrigerantes, chocolates...  acomodava ainda os copos e diversos artigos para uso próprio.
Quem entrasse no Café-Bar por esta altura, entrava pela porta principal, virada para o Largo de S. Gonçalo e encontrava o bilhar do lado direito, bilhar onde se jogaram memoráveis partidas jogadas por jogadores exímios como o Dr. Armando Brandão, José Moura Basto, D. Manuel Alvito, Dr. Luís Vasques Correia Mendes, Manuel Cardoso Carvalho, Adriano Soares Natal e o inesquecível Marinho (Tranca) a que o Dr. Brandão chamava "Pascácio".

Um ano veio a Amarante o campeão nacional de bilhar livre. Convidou o Dr. Brandão para uma partida talvez convencido da sua superioridade técnica... mas o Dr. Brandão deu-lhe uma lição memorável do que era jogar bilhar num café cheio de assistência, cheio até ao tutano para ver apurar o campeão dos campeões!
Dizem, quem os viu jogar, que foi um acontecimento inesquecível...

Nota - Se quiser saber mais sobre a história deste café, pode clicar aqui.
Por último, dois agradecimentos: os meus agradecimentos ao meu pai, José Ismael Coimbra Pinto de Queirós, sem o qual esta postagem não veria a luz do dia; os meus agradecimentos à Dona Maria José Lima, pela partilha, generosa, da fotografia que deu o mote a este post.

2 comentários:

JC disse...

Ainda vão aparecendo fotos hoje em dia, excelente.

Anabela Magalhães disse...

Ainda vão aparecendo. É questão de a gente ir falando. Bjs

 
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