Benjamin Clementine - Coliseu do Porto
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Eu disse que a noite era inteiramente dele e não menti. Foi.
Benjamin Clementine, depois da sua ainda recente passagem pela Casa da Música, apresentou-se de novo no Porto, desta vez num Coliseu que foi enchendo e enchendo até que se apagaram as luzes e as pesadas cortinas abriram de par em par deixando ver o rapaz descalço, vestido com o seu costumeiro casaco comprido abotoado, quase sentado/encostado num banco alto, majestoso, aristocrático, quase quase de pé em pose esquisita para quem dedilha rapidamente as teclas de um piano que ora solta sons fortes, violentos, dramáticos, ora sussurra tristemente debaixo dos dedos de um Benjamin prodigioso.
Dono de uma voz poderosa, portentosa e irrepreensível, que ele maneja como quer e eleva arrebatadamente à estratosfera, a fazer lembrar os cantores líricos para logo de seguida nos remeter para os cantores negros de blues, de gospel, Benjamin fez-se acompanhar por um quinteto de cordas e por um baterista absolutamente do outro mundo.
Benjamin também pertence a uma outra galáxia, a um outro mundo de onde brotam composições únicas, de qualidade excepcional, que ele canta de modo doloroso, arrebatado, dramático... sempre como se aquela pudesse ser a última vez de entrega às músicas e às letras que ele compõe magistralmente e às quais se entrega por inteiro, excessivo, pleno, num jorro de genialidade que nos deixa arrepiados, que nos deixa de pelos eriçados perante aquele ser dramático e barroco que não sabe fazer nada pela metade.
Quanto ao público, bom, esse mostrou-se absolutamente rendido desde o início ao génio de um rapaz que ainda há pouco cantava nas estações de metro de Paris e sim... o público foi-lhe gritando "I love You" em vozes femininas e masculinas porque, é certo, nós amamos este rapaz.
Benjamin, I love you.
Nota - As fotografias estão o que se pode arranjar, de longe, sem um mísero tripé.
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