quinta-feira, 31 de julho de 2014

AMAR ANTE UM CORAÇÃO DE PEDRA

A Princesa do Tâmega - Amarante - S. Gonçalo
Fotografias de José Emanuel Queirós
 
AMAR ANTE UM CORAÇÃO DE PEDRA

Hoje dou a palavra a José Emanuel Queirós, meu digníssimo irmão, sobre a nossa bela/enigmática/dolorosa terra.

AMAR ANTE UM CORAÇÃO DE PEDRA

 É quase inexplicável e surpreendente como um cingido lugar do mundo, perdido dos itinerários da movida cosmopolita, da moda e das noites capitais, humanizado como um tracto sagrado, devastado e devassado na pegada humana, ainda permanece envolto numa aura de magia e de mistério inviolado por quantas gerações nele se realizam.
Há neste chão irríguo algo de incomum e de majestático que antecede a própria materialidade do ser e a justifica, como a ...ponte na transição das margens e o convento na purificação terrena das almas, unindo a transcendência à existência.
A toponímia deve guardar seu segredo maior e, também, talvez o desvende, nesse sentimento humano generoso e belo, muito mais reprimido do que a maledicência, o ódio e a inveja. Efeito de uma causa maior para o Mundo que acolhe um portentoso foco irradiante, insuspeito na sua discrição, por onde desceram ao plano da matéria seres singulares de uma grandeza ímpar, atraídos pela luz de sua expiação terrena.
Amarante é isto. Pequena terra de grandes cobiças com um coração de pedra talhado em granito por insondáveis forças astronómicas de todos os tempos, dando ao homem o melhor dos microcosmos para seu usufruto e seu deleite mas onde continua a faltar a melhor das marcas da presença humana no seu quotidiano e nas suas rotinas.

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