terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A Palavra a Ramiro Marques e Paulo Guinote

A Palavra a Ramiro Marques e Paulo Guinote

Bloguista prevê "uma guerra civil de baixa intensidade"
Por Graça Barbosa Ribeiro

Ramiro Marques, promotor de um dos blogues com mais participação de professores (http://www.profblog.org), reagiu ontem à proposta do Ministério da Educação prevendo que "a guerra civil entre professores e Governo" se vai transformar, agora, "numa guerra civil entre professores", "de baixa intensidade, mas infinita".
"Os sindicatos estão centrados na progressão na carreira e os professores demasiado preocupados com a situação ruinosa do país para saírem à rua em número expressivo. As consequências serão terríveis", analisou Ramiro Marques, em declarações ao PÚBLICO.
Ramiro Marques acredita, em concreto, que, a ser aplicado, o modelo de avaliação proposto pela ministra Isabel Alçada criará "um mal-estar corrosivo da relação entre professores".
"Com ciclos de avaliação de dois anos, aulas observadas todos os anos, relatores e júris de avaliação em regime de funções permanentes e progressão garantida apenas para os "Muito Bom" e "Excelente" as escolas centrar-se-ão na burocracia da avaliação e na competição", escreveu Ramiro Marques no seu blogue.
Paulo Guinote, cujas opiniões são seguidas por milhares de professores através do blogue Educação do meu Umbigo (http://educar.wordpress.com), manifestou igualmente a sua "enorme desilusão" e registou o "retrocesso evidente" em relação "às expectativas" criadas em relação a Isabel Alçada.
"Acabou a divisão entre professores e professores titulares, mas docentes na mesma situação progridem na carreira de forma diferente", lamentou, num comentário às vagas para a subida aos 3.º, 5.º e 7.º escalões.
No seu blogue, Paulo Guinote acrescentou que não lhe parece que "exista negociação adicional que permita ultrapassar o fosso existente entre a tutela e os docentes". "Em termos práticos, isto apenas agrava a crise de confiança já existente, o sentimento de revolta e a percepção de que a 5 de Outubro é um departamento do Ministério das Finanças", escreveu.
Daqui.

Acrescento meu - A Guerra Civil

A guerra civil entre professores teve o seu início no consulado da outra senhora e foi de baixa ou de alta intensidade consoante as direcções se posicionaram, mais ou menos adesivadamente, perante um ME completamente cego, surdo e prepotente.
A guerra civil assim vai continuar, de baixa ou de alta intensidade, dependendo da dinâmica implementada pelos directores/directoras das escolas espalhadas por este rectângulo que caminha, a passos largos, para o abismo.
Atendendo ao facto das escolas terem sido tomadas, não inocentemente, nem por acaso, ao longo destes últimos anos, por militantes do ps, militantes, volto a frisar - veja-se o caso do concelho de Amarante com ESA, Telões, Marão e Vila Caiz completamente reféns de um partido político, marcado por práticas autoritárias e medíocres, em que as vozes discordantes são encaradas como o inimigo, o alvo a abater - estamos todos a antever o filme, e nós, professores, a senti-lo na pele, no nosso dia-a-dia, continuadamente.
Eu já o senti na minha pele e fui dando conta disso neste blogue. E continuo a receber o embate destas ondas de choque "ps medíocre" que quer, por todos os meios, estancar a livre expressão, a cidadania responsável, a democracia participativa. E tudo serve para pressionar a nossa prática docente, para condicionar o pensamento das gerações futuras. Práticas absolutamente degradantes que só servem para rebaixar e amarfanhar o país.
Nunca tinha assistido nas escolas ao que já assisti nos últimos anos. Mas é que nem de longe, nem de perto, e nem no meu maior pesadelo sonhei que pudesse assistir à degradação mais abjecta de um ambiente de trabalho.
A herança de Maria de Lurdes Rodrigues é demasiado pesada e uma Alçada não chega para a alterar, por uma razão muito simples: há um político por detrás, que se olha ao espelho e se vê inchado de poder, e que não enxerga mais além, sem ter a noção de que todo o poder é efémero.
Disse-o à época da chegada ao poder da nova ministra toda sorrisos. Infelizmente constato que os meus receios não eram infundados.
A guerra civil está pois instalada entre nós e veio para ficar.
É pena! Assim se destrói um ambiente de trabalho que já foi entusiasmante e alegre e é agora apenas um trabalho a cumprir, cada vez mais sem alma, nem entusiasmo.
O país pagará bem caro esta opção pelo litígio. O país pagará bem caro esta opção pela Guerra Civil.

2 comentários:

Raul Martins disse...

ANABELA.SEMPRE.ATENTA!
Colas em dia com este teu poste do que se poderia dizer sobre aproposta do ME. Nada mais há a acrescentar. Apenas realçar o que dizes com pertinência e que é o sentir de muitos de nós: "É pena! Assim se destrói um ambiente de trabalho que já foi entusiasmante e alegre e é agora apenas um trabalho a cumprir, cada vez mais sem alma, nem entusiasmo."
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Carpe diem!

Anabela Magalhães disse...

É com muita mágoa que constato isto, Raul. Tu sabes o quanto eu gosto do meu trabalho com os miúdos! :(
Que tristeza!

 
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