Incêndios - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
O tema impõe-se, incontornável. Para onde quer que olhemos, aqui em Amarante, presumo que assim seja um pouco por todo o Norte e Centro do país, lá está uma coluna ténue de fumo, lá está uma coluna densa de fumo, dia após dia, hora após hora, horizontes feitos de incêndios mais ou menos próximos, mais ou menos bravos, lá estão céus rasgados por voos aflitos de helicópteros que carregam água numa fonte próxima, aqui servem-se do Tâmega, para a despejar o mais rapidamente possível sobre as labaredas doidas que ganham força devido às altas temperaturas e devido, principalmente, aos ventos fortes que por aqui se têm feito sentir.
As palavras que vou transcrever de seguida datam de 18 de Agosto de 2010.
Mantêm-se actuais?
(...)
Não sou uma especialista, e ele há tantos neste país e pagos a peso de ouro, mas, pela minha experiência de vida, o segredo está não no combate aos ditos, mas na prevenção dos mesmos. Ou seja, não se trata de colocar trancas nas portas depois delas arrombadas e sim de as colocar muito antes, por forma a prevenir qualquer ocorrência.
Todos os anos fico a pensar em todo o dinheiro despendido neste país no combate penoso, difícil, quantas vezes impossível, ao fogo já deflagrado quando não vejo nada, mas mesmo nada de nada de cuidados preventivos para que não se chegue a esta altura e se ande com o credo na boca.
(...)
Guardo memórias de passeios com os meus pais, por estas bandas, e de ver uma floresta não abandonada de trabalhadores dos Serviços Florestais que limpavam árvores, colocavam recipientes nos troncos dos pinheiros que posteriormente recebiam as suas resinas e mantinham os solos limpos e desafogados. Os populares ajudavam na limpeza. Agora nem uma coisa nem outra. Populares nem os há, fugidos de uma interioridade pesada para abraçarem as oportunidades dos grandes centros ou mesmo do estrangeiro e, por outro lado, estamos a pagar caro o desmantelamento quase total dos Serviços Florestais, para além do desmantelamento estatal do interior. Assim, temos uma floresta entregue a si própria (...)
Ou seja, as minhas palavras, já com anos, mantêm-se actuais?
Ou seja, passam anos e anos e continua tudo na mesma?
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