Ötzi - Reconstituição - Museu Arqueológico de Bolzano
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Um dos objectivos de qualquer viagem feita por uma professora de História, no caso esta mesma que escreve, é acrescentar sempre algo de relevante para a sua actividade profissional que só pode sair enriquecida depois de uma visita a um museu, a uma gruta pintada ou gravada, a um castro, a uma necrópole, a um mosteiro, a um castelo, enfim, muito há que visitar e ver por esse mundo fora a exigir algum dinheiro e, acima de tudo, a exigir tempo e vontade.
A história deste achado, que se resume facilmente, é impressionante e igualmente impressionante é a história do homem encontrado. Um casal de turistas alemães andava a fazer uma caminhada pelo Tirol Italiano, pelos Alpes de Venoste, ou seja, percorria os Alpes do Sul, quando se deparou com parte de um corpo humano que estava caído e ainda preso no gelo que derretia mais do que o costume naquele Verão particularmente quente de 1991.
Evidentemente, nesta fase estavam ainda longe de perceber a importância de um dos achados mais espectaculares que foram feitos para o período do calcolítico e pensaram tratar-se de alguém que teria morrido mais recentemente.
Depois de libertado o corpo do caixão de gelo que lhe deu guarida durante cerca de cinco mil e trezentos anos, a múmia foi virada do avesso, estudada da ponta das unhas às pontas dos cabelos assim como os muitos objectos que este homem transportava consigo e que se encontravam pertinho dele. E depois de virada do avesso voltou a ser virada do avesso e foi sujeita a radiografias muitas, tomografias, exames de microscópio... e chegou-se ao seu interior, sabendo-se, hoje, que alimentos ingeriu antes de morrer, de que doenças padecia, que idade tinha, de que morreu, ali, sozinho e gelado, no Vale de Ötzal, há cinco mil e trezentos anos atrás.
Espreitei-o com recato, ao vivo e a cores, através de um vidro que o protege das quentes temperaturas do mundo em que vivemos e que o protege de possíveis contaminações. É possível que nos diga, no futuro, muito mais do que já sabemos hoje em dia e isso é inestimável. Foi apelidado de Homem de Similaun mas é mais conhecido por Ötzi. Repousa agora numa câmara frigorífica no Museu de Arqueologia, em Bolzano, Itália, um museu que a ele e aos seus pertences é dedicado.
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