E. B. 2/3 de Amarante - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
O post que ontem escrevi e publiquei neste blogue, intitulado "Desburocratizar a Escolinha", deu origem a um comentário na minha página do facebook que eu, sinceramente, não entendo. E não o entendo porque não consigo ver o que é que a bota tem a ver com a perdigota.
Escrevia eu que no início deste ano lectivo, no Agrupamento de Escolas de Amarante, arrancámos com um maravilhoso programa informático que nos veio simplificar a vida docente desde o início do ano porque nos permitiu eliminar uma série de papéis - desde o clássico e obsoleto "Livro de Ponto" até uma série de papelada "solta", o que nos permitiu chegar agora às reuniões de avaliação reduzindo e muito a papelada que a nós andava colada.
E o teor deste post motivou o comentário que passo a reproduzir na íntegra:
"Eu, ao contrário, apercebi-me de muitas trapalhadas de formatações mal conseguidas, de omissão de elementos essenciais, de gasto de horas esquecidas para resolver banalidades. O
deslumbramento pelos cliques tem desumanizado a profissão e tem feito esquecer que as relações entre professores e alunos são feitas de afectos e de proximidade na hora no local em tempo real. A realidade virtual é isso mesmo virtual. Só chegamos a ter sucesso se impregnarmos o nosso trabalho de emoção e de afecto. Porque ser professor é uma profissão de pessoas para pessoas que fazem o seu processo de crescimento. Educar e amar dois verbos que andam e mãos dadas. Nenhuma informática substitui a presença do professor."
É claro que as realidades profissionais que os docentes vivenciam neste país variam muito de escola para escola mas, independentemente disto, temos aqui umas grandes confusões argumentativas que não têm nada a ver com o conteúdo do meu post.
E fiquei eu a pensar... o que é que tem a ver a redução de papéis a circular numa escola, que decorreu da introdução de um programa informático, com "o deslumbramento pelos cliques" e como é que isto se liga a uma "desumanização da profissão docente"?
Não entendo. Não percebo como se passa de um assunto para o outro misturando tudo.
Não percebo o que é que a redução de papéis a circular numa escola, que decorreu da introdução de um programa informático, pode fazer "esquecer que as relações entre professores e alunos são feitas de afectos e de proximidade na hora no local em tempo real".
Não percebo o que é que a redução de papéis a circular numa escola, que decorreu da introdução de um programa informático, tem a ver com a afirmação "A realidade virtual é isso mesmo virtual".
Não percebo o que é que a redução de papéis a circular numa escola, que decorreu da introdução de um programa informático, tem a ver com a presença, ou não!, no trabalho "de emoção e de afecto".
E não entendo o que é que a redução de papéis a circular numa escola, que decorreu da introdução de um programa informático, tem a ver com o facto de a profissão docente ser "uma profissão de pessoas para pessoas que fazem o seu processo de crescimento".
E também não entendo o que é que a redução de papéis a circular numa escola, que decorreu da introdução de um programa informático, tem a ver com a afirmação "Educar e amar dois verbos que andam de mãos dadas."
Quanto à afirmação "Nenhuma informática substitui a presença do professor" confesso que não posso estar mais de acordo... mas, pergunto eu, quem é que afirmou tal coisa?
Quanto à desumanização da profissão docente queria só afirmar que ela se encontra dentro de nós e não fora de nós. E que sempre que utilizarmos qualquer coisa, neste caso a informática, para nos libertar tempo para outra coisa qualquer, esse facto só é demonstrativo de inteligência. A mesma inteligência que fez com que não continuemos nas cavernas a bater com duas pedras uma na outra para fazermos o fogo.
2 comentários:
Talvez tenha a ver com a notícia de ontem em que 1 drone levou o almoço a um idoso, evitando fazer-se um percurso de 3 km de terra batida.(?!?)
Terá a ver no dia em que substituírem os professores por máquinas. Mas esse conteúdo não é tratado neste post nem tão pouco no outro que motivou este. Se isso acontecer, aí sim teremos de falar de desumanização da docência! Mas convém não esquecer que a decisão será sempre nossa, dos humanos.
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