Oficina de Arqueologia Experimental do Paleolítico
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Oficina de Arqueologia Experimental do Paleolítico
A oficina, inscrita no Plano Anual de Actividades do
Agrupamento de Escolas de Amarante, e dirigida a todos
os alunos que integram as cinco turmas do 7.º ano de
escolaridade que frequentam a E. B. 2/3 de Amarante,
decorreu hoje mesmo, desde o primeiro tempo da manhã
até ao segundo da tarde e foi, como sempre, um êxito.
Assistimos todos, alunos e esta professora que agora
escreve este breve balanço da actividade, à Oficina de
Arqueologia Experimental do Paleolítico, que nos deixou
lá atrás no tempo, no Paleolítico, numa maravilhosa viagem
em que fomos conduzidos pelos "nossos" arqueólogos por
um dia, dr. Jorge Sampaio e dr.ª Carla Magalhães, do
Parque Arqueológico do Côa, que, para além de
especialistas nestas andanças, são já velhos amigos deste
Agrupamento.
Recupero parte do post que escrevi há um ano, logo após a
realização destas mesmas oficinas e que somente adaptarei
para as específicas circunstâncias de hoje.
A viagem levou-nos à fase final do Paleolítico Superior para
acompanharmos a luta pela sobrevivência de um pequeno
grupo de caçadores-recolectores. E a recriação desta
história desenrolou-se à volta da fundamental arte da caça e
da realização das armas necessárias para esta perigosa
actividade, nomeadamente de uma azagaia que exigia o
talhamento do quartzito e do quartzo, os tipos de rocha de
longe mais utilizados pelas populações ancestrais que um dia
habitaram a região do Côa, mas de propriedades não tão
espectaculares como o magnífico sílex, de dureza, durabilidade
e eficácia incomparavelmente superiores e que também foi
utilizado, muito embora só marginalmente pelas populações do
Côa, já que apenas cerca de 1% dos instrumentos líticos aí
encontrados são em sílex; exigia também o afeiçoamento de um
pau comprido e fino que servisse de suporte à ponta de lança e
ainda a feitura de corda a partir de crinas de cavalos, de
tendões ou de peles de animais, de raízes, de cascas de árvore,
de tripas de animais e que, por incrível que pareça, davam cordas
super resistentes testadas com toda a força pelos alunos; e
passámos à feitura da cola a partir de uma mistura de resina e
hematite triturada que, sob acção do fogo, misturaram-se e
deram origem a uma super-cola muito ecológica e reversível,
para além de muito eficaz. Por fim, a azagaia necessitava
apenas dos estabilizadores, penas de pássaros, pois então!,
que permitiam à arma planar em linha recta, eficazmente em
direcção ao alvo.
tendões ou de peles de animais, de raízes, de cascas de árvore,
de tripas de animais e que, por incrível que pareça, davam cordas
super resistentes testadas com toda a força pelos alunos; e
passámos à feitura da cola a partir de uma mistura de resina e
hematite triturada que, sob acção do fogo, misturaram-se e
deram origem a uma super-cola muito ecológica e reversível,
para além de muito eficaz. Por fim, a azagaia necessitava
apenas dos estabilizadores, penas de pássaros, pois então!,
que permitiam à arma planar em linha recta, eficazmente em
direcção ao alvo.
Sempre guiados pela mão dos nossos magníficos cicerones,
foi tempo de passarmos ao fabrico do fogo através dos dois
métodos usados em tempos paleolíticos - por choque ou
percussão de duas pedras e este ano tivemos mesmo direito
ao seu fabrico aparadas que foram as faíscas mais gordinhas
naquele verdadeiro cogumelo mágico, conhecido como casco
de cavalo, que não só servia para o aparar e alimentar nos
primeiros segundos de vida, mas também servia para o
transportar, e ainda por fricção, usando dois pedaços de
madeira de diferentes durezas, a mais macia, que fica fixa,
e a mais dura que gira rapidamente sobre a outra.
foi tempo de passarmos ao fabrico do fogo através dos dois
métodos usados em tempos paleolíticos - por choque ou
percussão de duas pedras e este ano tivemos mesmo direito
ao seu fabrico aparadas que foram as faíscas mais gordinhas
naquele verdadeiro cogumelo mágico, conhecido como casco
de cavalo, que não só servia para o aparar e alimentar nos
primeiros segundos de vida, mas também servia para o
transportar, e ainda por fricção, usando dois pedaços de
madeira de diferentes durezas, a mais macia, que fica fixa,
e a mais dura que gira rapidamente sobre a outra.
Falamos ainda do uso do fogo em fogueiras, em alguns casos
enormes, de dois ou três metros de diâmetro, que serviam de
grelhadores gigantes. Entretanto os alunos olhavam
espantados para a água a ferver à conta de pedras muito
quentes deitadas dentro da água guardada numa "panela" de
pele... sim, era possível fazer um chá paleolítico... quem diria!
espantados para a água a ferver à conta de pedras muito
quentes deitadas dentro da água guardada numa "panela" de
pele... sim, era possível fazer um chá paleolítico... quem diria!
E os arqueólogos abordaram a arte - como se conseguiam os
pigmentos na Natureza para a fabrico das tintas, como se
faziam os pincéis, como se pintavam, através de um aerógrafo
primitivo, as mãos em negativo nas paredes das grutas, cavernas,
abrigos... e nada melhor do que exemplificar... agora, no século XXI,
sobre uma folha branca de papel e foi assim que alguns alunos
tiveram direito à sua mão pintada em negativo, que ficará arquivada
no
Portefólio de História
pigmentos na Natureza para a fabrico das tintas, como se
faziam os pincéis, como se pintavam, através de um aerógrafo
primitivo, as mãos em negativo nas paredes das grutas, cavernas,
abrigos... e nada melhor do que exemplificar... agora, no século XXI,
sobre uma folha branca de papel e foi assim que alguns alunos
tiveram direito à sua mão pintada em negativo, que ficará arquivada
no
Portefólio de História
Tal como já escrevi num outro post sobre a mesma temática -
Dever cumprido!
Dever cumprido!
A História quer-se coisa entusiasmante e esta aula, tenho a
certeza!, foi entusiasmante.
certeza!, foi entusiasmante.
Obrigada, dr. Jorge Sampaio e dr. Carla Magalhães pela ajuda
inestimável, pelo entusiasmo, pelo contributo ímpar e pela
clareza da aula, tão do agrado de todos os presentes.
clareza da aula, tão do agrado de todos os presentes.
Continuaremos...
Nota 1- Não deixa de ser curioso ver alunos, que agora
frequentam o 9º ano, bater à porta da Sala de História para
nos dizerem que se lembram muito bem da actividade que para
eles foi feita um dia.
frequentam o 9º ano, bater à porta da Sala de História para
nos dizerem que se lembram muito bem da actividade que para
eles foi feita um dia.
Nota 2 - Este post foi originalmente escrito para o blogue História
em Movimento que pode ser consultado aqui.
em Movimento que pode ser consultado aqui.
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