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Assine aqui a dupla petição.
E passo a palavra ao meu irmão, José Emanuel Queirós.
DE ALEPO UM S.O.S. PARA O MUNDO
O mundo do nosso tempo continua atolado, esgazeado, ensandecido em putrefacção pela mão do homem que está nele. Seus males fazem as rotinas diárias em todas as latitudes com cenários de horrores gratuitos onde a Humanidade se coloca em ultrapassamento ao grau mais elevado de magnitude satânica. Há intolerâncias e radicalismos instalados e disseminados do norte ao sul, de este a oeste, como se vê em tanta barbárie quotidiana que enche a informação e exaspera a paciência de quem reclama a paz e a vida.
A Terra habitada pelo homem está transformada numa ecúmena de violência e de horrores em que a inteligência se impõe numa graduação de hierarquias, de poderes e de papéis impostos pela lei, pela sanção, pelo castigo, pela chacina e pelo medo. Por mais que propalem a liberdade de pensamento e de expressão, o respeito pelos direitos humanos, ninguém é verdadeiramente livre se todos estamos permanentemente sob a mira de uma sociedade encandeada pelos terrores bélicos e pelo seu poder destruidor, fundada em preconceitos primários e dogmas atávicos, veneranda a Deus e aos santos convivendo com a lei da espada da retaliação e da vingança.
As sociedades querem e industriam as pessoas para que se comportem de acordo com a ordem e as normas estabelecidas, mas o padrão que nos oferecem para seguir como seu arquétipo não passa de um sofisma estruturado nos efémeros interesses terrenos da competição, do lucro, do poder e da acumulação de riqueza, geradores de segregação, pobreza, degradação social, guerra e do mais profundo sofrimento humano. Querendo ou rejeitando, fazem-nos caminhar inocentemente para a desumanização das sociedades avançando numa espiral de conflitualidades de que todos somos seus actores e suas vítimas.
De Alepo, os apelos sírios chegam lancinantes no seio de uma cidade de escombros e de terrores de onde até os fantasmas desertaram. Entre tantos pavores sanguinários, no último reduto sobrevivente na máxima desumanidade ninguém tem razão, nem ninguém é culpado. Todos, uns pró e outros contra, inflamadas as referências tribais, instigados pelos exemplos históricos dos seus líderes e seus heróis, fazem a demonstração ao mundo de quanta brutalidade, violência e selvajaria humana vai nele.
O mundo, as sociedades e as pessoas precisam de ser despertados de seus dogmas e seus jugos culturais, de seus anquilosados padrões morais e de suas normas que, como são comummente entendidos, são potenciadores de conflitos, geradores de intolerâncias e alvos propícios à provocação da agressividade e ao ridículo humano.
Nada é mais sagrado do que a própria vida que temos em mãos que doutrinas e religiões omitem e, embora seja esse o nosso mais autêntico projecto divino, é por nós tão desconcertantemente aviltado.
No presente estado da Humanidade todos somos cordeiros, todos podemos ser lobos e qualquer um pode ser pastor. Enfermamos de um grau de conhecimento escasso de nós próprios. Tomando parte em contextos sócio-culturais que nos escravizam com sofismas inquestionáveis, nos cerceiam com preconceitos bafientos e nos instrumentalizam com ideologias e religiões ficará por desvendar a verdadeira natureza humana com que se evitará o estado encapelado deste mundo feito por nós.
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