quarta-feira, 27 de maio de 2009

Tomada de Posse na ESA

Tomada de Posse na ESA

A tomada de posse do Director da ESA, por acaso e por agora ainda a minha Escola, foi ontem pelas 19 horas, e pelo pouco que pude observar deve ter decorrido com toda a pompa e circunstância.
Foi-me completamente impossível estar presente por causa de um Andrew Bird a clamar pela minha presença, em Braga, mas nem que estivesse livre gostaria, ou quereria, marcar presença naquela cerimónia que entronizou um Director que, permanecendo o mesmo, não foi eleito pelos seus pares.
Não gostei desta alteração legislativa que mudou por completo o modelo de gestão da Escola Pública portuguesa. É um facto que na ESA já havia a figura de Director. É um facto que para mim tanto se me dá que essa figura de proa nas escolas se chame Presidente, Director ou o que quer que seja. É um facto que eu concordo com o reforço de alguns poderes por parte de quem chefia uma Escola. Mas é igualmente um facto que eu considero uma machadada no sistema democrático o impedirem-me de me pronunciar sobre a figura que me lidera e que me impeçam de escolher passando-me um atestado de menoridade dentro da instituição onde trabalho, retrocesso óbvio relativamente à época anterior em que sempre exerci o meu direito/dever de voto.
Ok. Bem sei que no caso a figura até é a mesma, mas a verdade verdadinha é que a maneira de chegar lá é agora radicalmente diferente com este modelo incomparavelmente mais permeável ao poder político, em muitos casos até completamente dependente dele.
Não gosto de partidos políticos. Não gosto de partidos religiosos. Não gosto de partidos desportivos. Não gosto de partidos e só gosto de inteiros com o risco que isso comporta por sermos verdadeiros e honestos e não deixarmos que nos ponham cabrestos imbecis que nos fazem abanar a cabeça obedientemente perante o Grande Líder, qualquer que ele seja.
Por isso não poderia nunca estar presente, honestamente, mesmo sem o Bird.
E as minhas razões não se ficam por aqui. Confesso que ao ver ontem as individualidades convidadas, dos políticos às associações locais, dos estabelecimentos escolares dos arredores aos bombeiros, da Guarda Nacional Republicana ao padre e do mais que agora nem me ocorre, não deixei de pensar como este modo de fazer as coisas está demodé, bolorento, mofento e a cheirar aos tempos da outra senhora em que este tipo de cerimónia tinha este peso institucional delapidador de recursos do Estado. Confesso-me a cada dia que passa mais contrária a estas práticas institucionais do Estado que engorda pelas cúpulas e emagrece pelas bases e a cada dia que passa mais valorizo a acção em detrimento do folclore. E para mim isto é folclore. Isto e o corta fitas aqui e ali, e o Magalhães a ser publicitado por um primeiro que não sabe o lugar que ocupa numa instituição chamada Estado. Mas não interessa e lá estou eu de novo a desviar-me do assunto que aqui me trouxe.
Por isso resta-me desejar as maiores felicidades ao meu novo/velho Director no desempenho de um cargo que mexe com cada um de nós e esperar que os novos poderes não lhe subam à cabeça e ele o possa exercer com cada vez mais sabedoria, ponderação e bom senso. Amaria acima de tudo que o meu Director conseguisse exercer o seu cargo, agora ainda com mais responsabilidades e poderes, de forma isenta e descomprometida face a um poder central socialista que a meu ver está a cada dia que passa mais castrador... mas parece-me de todo impossível. Daí esta minha animosidade contra os clubes, quaisquer que eles sejam. Porque nos toldam o espírito e nos impedem de ver com clareza e nos amarram ao que outros pensam e nos deixam os neurónios preguiçosos.
Ontem, ao sair de uma reunião que acabou às 19 horas, fedorenta de um dia de trabalho que começou bem cedo e acabou aquela hora obscena para um professor, com a Escola já cheia de individualidades, cheia de pressa para tomar um banho retemperador e comer qualquer coisa que me permitisse aguentar a noitada que me esperava, que a vida não pode ser só feita de Escola, passei pelo engenheiro Sampaio, o meu Director, e cometi a indelicadeza de não lhe desejar um excelente desempenho do cargo. Cargo que não é fácil, eu sei, e que eu nem toda cobertinha de ouro trocaria pelo meu lugar de zeca.
Por isso aproveito esta postagem crítica para igualmente me redimir da minha falha técnica de ontem e para lhe deixar publicamente votos de excelente trabalho. Para bem do equilíbrio e felicidade de todos quantos habitam a ESA.
A nós, que não partilhamos desta visão sobre a bondade da coisa, só nos resta continuar a lutar contra um modelo impróprio para consumo.
É o que faremos já no próximo Sábado, em Lisboa.

8 comentários:

EMD disse...

Tão vertical e frontal quanto elegante e civilizada: tu mesminha.
Que belo exemplo! :)

Anabela Magalhães disse...

Obrigada, Elsa.
:)

Bea disse...

No dia 20 deste m~es tb tive tomada de posse. Optei por no mes sítio nem dar valor á coisa. Ainda ia por uma farpazinha, mas....
Estou de acordo contigo, no entanto (eu e muitos como eu) fomos à papança... de borla!!!??? Enfim.

Anabela Magalhães disse...

De borla?!!!
Ná! Não há borlas nem aqui nem na Conchinchina!
Vais à manif, Tiza?

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

Organizem-se!!!

Anabela Magalhães disse...

E tu, Clap, vais à manif?

EMD disse...

Por cá, tomada de posse? Sim, deve haver...
Desde o início que a coisa é mais ou menos tabú (mau perfume!), toda a gente sabe e ninguém fala.
Vamos a ver a eleição para o Conselho Geral!

Anabela Magalhães disse...

Deve haver.
Dá novas quando for por aí.

 
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