segunda-feira, 30 de junho de 2008

Frugalidade


Pão - Chefchaouen - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Frugalidade

Tenho de mim a ideia que, no geral, sou uma pessoa de hábitos alimentares frugais, e que isso se estende à casa onde habito.

A casa dos meus pais, onde cresci, era uma casa frugal, como a maioria das casas portuguesas do tempo do Estado Novo. Assim sendo o frigorífico estava recheado de produtos verdadeiramente importantes para a alimentação, e nada de porcarias que o dinheiro não se podia esbanjar. Havia sempre carne e peixe, que se usava para fazer refeições alternadas, e muitos legumes e hortaliças que se usavam para as saladas e a sopa. Não faltava a fruta variada. Não faltava o leite deixado pela leiteira e que eu bebi tantas e tantas vezes, ainda morno, à porta de casa. Havia queijo e lembro-me até de aparecerem os primeiros yogurtes. Sumos consumiam-se só os naturais e a grande bebida refrescante em voga, na época, era o sumo de limão, feito com água fresca da fonte e que era simplesmente delicioso. A Coca-Cola era proibida. O álcool estava reservado aos adultos. O chá de hortelã, apanhada do quintal e seca em grandes ramalhetes de pernas para o ar, nunca faltou lá em casa. Bolachas havia a célebre Maria, Água e Sal e Torradas. Para colocar no pão, alimento indispensável de qualquer casa da época, havia a manteiga, o mel, as compotas caseiras, a geleia, a marmelada e o Tulicreme. Havia, por vezes, uvas-passas e figos secos que a minha avó materna secava no sotão da sua casa da Régua. Por vezes havia um bolo, feito pela minha mãe, e quando o rei fazia anos havia uma gulodice, em passeios domingueiros, que passava por um chocolate, um chupa-chupa, um Sumol. Eram hábitos espartanos, típicos dum país rural e de uma economia atrasada.

Cresci, o país foi melhorando, os seus hábitos de consumo crescendo, e bem, crescendo e voltando a crescer, e mal, até atingirem as proporções verdadeiramente alarmantes de hoje.

Mantenho os mesmos hábitos alimentares de consumo de casa dos meus pais, e a minha filha guarda praticamente as mesmas memórias de infância, sem a do leite bebido ainda morno a acabar de sair da vaca, claro! Sumos artificiais nunca houve nesta casa. Coca-cola só entra em dias de aniversário e, muito de longe a longe, para acompanhar uma pizza que também só se consome quando o rei faz anos. O álcool sempre esteve reservado para os amigos. Queijo consome-se pouco e tenho de comprar aos quartos, mesmo assim correndo o risco de, passadas três semanas, ir para o lixo o seu resto, já impróprio para consumo. Fiambre não há. Apodreceria. As bolachas continuam as mesmas, agora salteadas com Filipinos e bolachas caseiras da Casa dos Lenteirões. O pão continua a barrar-se com as mesmas coisas, excepto o Tulicreme e outras coisas que tais que nunca entraram nesta casa. Faço as minhas compotas, agora que me falta a mãe, minha fornecedora de compotas, deliciosas, enquanto viveu. As refeições continuam a fazer-se intercalando as refeições de carne e peixe, há sempre salada a acompanhar, sopa, e fruta de sobremesa. Bolos, por norma, não se fazem, que eu sou um desastre com eles.

Vem isto a propósito de eu ter, sobre os hábitos alimentares desta casa, uma ideia de frugalidade. E desses hábitos alimentares frugais se reflectirem nas pessoas magras que somos todos. E o meu frigorífico é até motivo de gozo por ser tão paupérrimo em termos de recheio.
Pois o Sahel, o Líbio, quando aqui ficou no Verão de 2004, a dada altura virou-se para mim, verdadeiramente espantado e estupefacto, e perguntou-me "Vocês comem sempre assim? E comentou comigo a sua preocupação de ir mais gordo para Sebha, a sua cidadezinha rodeada de Sahara por todos os lados.
O Sahel deixou-me a pensar.
Ainda bem que ele não espreitou a maioria dos frigoríficos que eu conheço.
Teria ficado horrorizado.

Caminhos, Duendes, Gnomos e Flores


Flores - Home - Barca - Serra da Aboboreira
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Caminhos, Duendes, Gnomos e Flores

A minha grande amiga Rosa Maria Fonseca é um postal informático. Queria enviar-me este comentário ao meu post dos caminhos, mas quem sabe a sua palavra passe é o seu filho JP, que a esta hora está, evidentemente, a dormir. Vai daí mandou-mo via e-mail e ainda me perguntou se passou na avaliação de desempenho bloguista!!!

Então, não, Rosinha?

Gostei tanto dele e de saber o efeito que os meus caminhos provocaram em ti, remetendo-te para as histórias da infância, que o coloquei aqui, com uma fotografia, que sei, também te vai fazer sonhar.
Obrigada, amiga.

"Caminhos de fadas contemplando o infinito da paisagem quase telúrica que te emoldura a Barca...olhando-os, lembro gnomos e duendes das histórias que lia na minha infância.
Que bonito, amiga."

domingo, 29 de junho de 2008

Caminhos











Caminhos - Home - Serra da Aboboreira
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Caminhos
Gosto dos caminhos feitos pelas minhas mãos. Dos virtuais, dos simbólicos, dos reais.
Os das fotografias são a síntese dos três.
Estão na Barca. No Jardim do Escorpião Azul.

Ah! E onde outros viram um monte, eu imaginei um jardim.

sábado, 28 de junho de 2008

Avaliação de Desempenho



Sardinheiras - S. Gonçalo - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Avaliação de Desempenho

Já afirmei inúmeras vezes neste blogue que discordo desta Avaliação de Desempenho implementada pela tutela. Por ter sido implementada à martelada, por ter sido imposta a meio de um ano lectivo, originando uma perturbação nas escolas que jamais vou esquecer, por ser excessivamente burocrática. Mas não discordo de tudo e penso que estava na hora de substituir uma avaliação que, por culpa da tutela, classificava quase tudo como Suficiente.
Muito pouco, digo eu.
Posto isto, e sem me alongar mais, até porque tenho consciência que, para o bem e para o mal (e temo que mais para o mal) a Avaliação de Desempenho está aí para ficar, quero deixar um esclarecimento público acerca da minha actividade docente.
A minha actividade como docente não vai mudar substancialmente por causa da Avaliação de Desempenho a não ser no aumento da papelada, que eu abomino.
Dou um exemplo. Tinha as minhas aulas de 7º ano preparadas por escrito, mas "à minha maneira". Ando por estes dias a converter o "à minha maneira", que vou manter, por "à maneira deles" fazendo aqueles quadros todos xpto adaptados às minhas aulas, que são minhas e de mais ninguém, daí eu não conseguir fotocopiar as planificações de uma qualquer editora. Não sei que raio se passa comigo desde sempre, mas nunca consegui fazer isto e vejo-me sempre a fazer por mim, a pensar as melhores estratégias. Provavelmente tenho a mania de ser original o que me acarreta trabalho acrescido. Safa-me o eu adorar trabalhar. Safa-me ser feliz em poder trabalhar para, e com, os meus alunos.
Mas adiante. Aproveito agora o tempo para adiantar serviço para o ano, o que aliás não é novidade nas minhas rotinas pois, em tempo de aulas, não é possível manter este ritmo de trabalho de bastidores.
Está a ser benéfico para mim este tipo de trabalho burocrático?
Acrescenta-me alguma coisa enquanto docente?
Falo por mim. Nada. Zero.
Tenho até a sensação de estar a chover no molhado, que é uma coisa que eu abomino. A qualidade do meu trabalho não se vai alterar um milímetro só porque tenho as aulas todas preparadas em quadros xpto.
Posto isto resta-me deixar aqui uma tomada de posição, que já tornei pública na minha página de recursos. Deixei lá escrito:

"Página criada em Julho de 2007, com recursos em PowerPoint, elaborados muito antes de se falar em Avaliação de Desempenho.
Página de professora que jamais concorrerá a professora titular "apenas" porque não concorda com a divisão da carreira criada pela tutela. Mas é que nem que se passe a titular, sei lá, entregando fotocópia do registo biográfico!"

É que não faltarão engraçadinhos a passar por lá e a pensar, ou mesmo a dizer "Olha esta a bater-se a titular! Olha esta a querer mostrar serviço!"
Aqui deixo a minha posição, clara, sobre este assunto.
A Avaliação de Desempenho só me vem alterar e dificultar a vida em termos de procedimentos burocráticos, não alterando um milímetro as práticas pedagógicas que já eram minhas.
Jamais concorrerei a titularidades. Acho mesmo que é um dos graves problemas deste país, tão encantado que fica com acenos de rebuçados.
Pois eu não gosto deles.
Tenho medo de engordar, e que ao engordar me torne obesa, pondo em risco a minha saúde física e mental.
Tenho dito.

Ah! E vou ilustrar este "post" com flores. Com flores cá de casa, que eu vivo num mundo florido cultivado pelas minhas próprias mãos.

Morcega


Anoitecer - Barca - Serra da Aboboreira - Amarante
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Morcega

Morcega é o tratamento a mim reservado pela minha amiga de infância Vasconcelos. Já falei dela neste blogue. É aquela que não cabendo em Amarante pirou-se para Londres faz muitos anos. É aquela que me continua a perguntar "Como é que consegues viver aí?" com um ar sinceramente espantado, apesar de saber que eu faço muitas retiradas, estratégicas, aqui do burgo, quando o burgo se transforma para mim num aquário... ou numa gaiola. Retiradas físicas e virtuais, sempre que me começo a sentir como um peixinho fora de água.
Mas voltemos à Morcega.
Este nome ficou-me do meu gosto excessivo pela noite que me acompanhou até aos 30 e tal anos. Desde a adolescência que eu me identificava completamente com a noite e era ver-me feliz andando nela como uma morcega. Gozei-a plenamente, quantas vezes até nascer o sol.
Quando iniciei a minha profissão, a leccionar à noite por montes e vales, continuei uma mulher feliz. E em casa, durante a noite, remodelava a decoração toda de cima a baixo, acontecendo frequentemente ao A. deitar-se numa casa e acordar noutra radicalmente diferente. Nem sei se a J. se lembra disto. Hiperactiva desde sempre, tinha de gastar todas as minhas excessivas energias.
Hoje continuo a parar pouco. Mas vivo muito mais de dia. Consegui inverter os meus horários estapafúrdios a partir do momento em que comecei a leccionar de dia. Impossível conciliar noitadas com entradas na escola às 8 e meia da manhã. Confesso que foi extremamente doloroso inverter os meus horários, mas lá consegui.
Mas ainda amo a noite, hoje sem os excessos da juventude de Morcega emperdernida. E ainda me é fácil prolongar a noite pela noite dentro. Mas já não é nada, nada que se compare com os meus tempos de juventude. Daí só carrego este nome de baptismo desta minha amiga que, a cada passo, me entra pelo msn com um "Olá Morcega!" que eu adoro.
Retribuo-lhe o tratamento com um "Olá Morcegona!" Apenas porque se trata de uma igual.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Gotan Project - Sentimentale

Gotan Project - Sentimentale

A precisar de música, volto a um velho amor já apresentado neste blogue. Gosto tanto destes senhores que linkei a sua página neste blogue e, amiúde, vou lá deleitar-me com o som e com o visual, cheio, sensual, emotivo, apimentado...preto, vermelho, branco.
A página dos Gotan Project poderia ser a minha. Amaria que fosse a minha. Identifico-me com ela e amo o som que de lá emana... tango travestido de azul, remetendo para múltiplas leituras.

Ora então leiam lá este Sentimentale, poderoso, até ao fim.
E digam de vossa justiça.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ângelo Ochôa


Aventura - Ouarzazate - Marrocos
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Ângelo Ochôa

O Ângelo Ochôa é um meu "velho" conhecido do blogue do Helder Barros. Ontem entrou por este adentro espalhando poesia pelos cantos desta casa.
É verdade, eu amo a poesia, muito embora nunca a tenha feito, muito embora nunca a tenha praticado enquanto autora. Sinto-me até bem pequenina diante de quem tem esse dom.
Jamais me atreverei a escrevê-la.
Mas leio-a.
Às vezes devoro-a.

Tomo a liberdade de dedicar esta poesia, que foi aqui deixada pelo Ângelo Ochôa, a todos os leitores deste blogue.
Aos que deixam rasto e aos que entram e saem em silêncio.
Continuemos, pois, a expandir a aventura!
Obrigada, Ângelo Ochôa.

"Dão-se, de coração
quebrado:
O mandamento novo
refaz a humanidade
dum Deus descido.
Não estrangeiros,
verdadeira família
uns dos outros.
No voo querendo-se,
encaminham-se.
Dizei se tal amor
não vale a vida.
Assim sendo
firmíssima expande
a aventura."

A.O.
26 de Junho de 2008 8:21

Voo


Visita Crepuscular - Karin Somers - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Voo

Não tenho a certeza... mas penso que já transcrevi, algures no tempo, este excerto de Ruben Alves para o meu blogue. Se assim não foi, sonhei!!!
Seja como for, a Carmo serviu-mo, gentilmente, reavivou-me a memória, e eu não posso deixar de o colocar aqui mesmo, no corpo principal do blogue, porque entronca com o que eu tenho estado para aqui a dizer nos últimos dias.

"Somos assim. Sonhamos o vôo mas tememos as alturas. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o vôo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o vôo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram."

Cântico Negro

Cântico Negro

É a segunda vez que posto este poema, que eu tanto amo, e que me diz tanto pela rebeldia e pelo desafio contidos nas afirmações de José Régio.
Da primeira vez deixei aqui as palavras escritas. Hoje deixo aqui as palavras ditas. Versão incompleta, mas forte.
Comungo destas palavras, eu que também já afirmei, inúmeras vezes, ao longo da minha já longa vida, não ir por aí, sendo que o por aí era para mim arbitrário, aleatório, enganador, não desejado, não compreendido.
Aqui deixo a força, a garra, a energia, a alma, a vontade do saber dizer - Não, eu não vou por aí!
Xiiii!!! Ainda me acontece. A cada passo, aparentemente, complica-me a vida.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Gosto de Gente Assim...


Reunião - Karin Somers
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Gosto de Gente Assim...

Gente

Gosto de gente assim, com a cabeça no lugar, de conteúdo interno, idealismo nos olhos e dois pés no chão da realidade.

Gosto de gente que ri, chora, se emociona com uma simples carta, um telefonema, uma canção suave, um bom filme, um bom livro, um gesto de carinho, um abraço, um afago.

Gente que ama e tem saudades, gosta de amigos, cultiva flores, ama os animais.

Admira paisagens, poeira e escuta.

Gente que tem tempo para sorrir bondade, semear perdão, repartir ternuras, compartilhar vivências e dar espaço para as emoções dentro de si, emoções que fluem naturalmente de dentro de seu ser!

Gente que gosta de fazer as coisas que gosta, sem fugir de compromissos difíceis e inadiáveis, por mais desgastantes que sejam.

Gente que colhe, orienta, se entende, aconselha, busca a verdade e quer sempre aprender, mesmo que seja de uma criança, de um pobre, de um analfabeto.

Gente de coração desarmado, sem ódio e preconceitos baratos.

Com muito amor dentro de si.

Gente que erra e reconhece, cai e se levanta, apanha e assimila os golpes, tirando lições dos erros e fazendo redentoras suas lágrimas e sofrimentos.

Gosto muito de gente assim... e desconfio que é deste tipo de gente que Deus também gosta...

(Artur da Távola)
Nota - Com um agradecimento ao blogger César Paulo Salema, da casa "A vida é uma magnólia".
E dedicado à S.

terça-feira, 24 de junho de 2008

O Efeito dos Dias



O Efeito dos Dias

"O efeito dos dias" prolongou-se em mim, envolveu-me com as suas asas, aconchegou-me nas suas asas, de tal forma que hoje tornou-se imperativo revisitar a exposição da Karin Somers.

A rapariga atingiu um patamar de excelência tal que o efeito dos seus dias extravazou para os meus e aqui permanece ancorado.

E aqui pernanece ancorado.


Nova Águia

Na sexta-feira passada, pelas 19 horas da tarde, decorreu na Biblioteca Municipal Albano Sardoeira, a apresentação de uma nova revista intitulada Nova Águia, Revista de Cultura para o Século XXI, editada pela Zéfiro.
O primeiro número desta importante revista, que tem como directores Paulo Borges, Renato Epifânio e Celeste Natário, foi inteiramente dedicado à actualidade da Ideia de Pátria.
De Celeste Natário, a única minha conhecida deste trio que compõe a direcção, já aqui falei neste blogue. Minha caríssima colega dos bancos de liceu, minha companheira de adolescência numa Amarante pequenina que nos tentava domar o pensamento, a toda hora e a todo o momento. Resistimos, eu e ela, da única forma possível, através do livre pensamento, do pensamento que se quer o mais aprofundado possível, o mais amadurecido possível. Ela, qual águia, voou para fora daqui e poisou na Faculdade de Letras do Porto onde ainda permanece. Eu apenas por lá passei, fugazmente, tendo retornado ao burgo que me viu nascer, onde ainda hoje permaneço. Mas continuamos unidas, no pensamento livre, não amarrado, não amarfanhado.
Daí eu também achar que o projecto desta revista faz todo o sentido nos dias conturbados, perturbados, e perturbadores, que vão correndo, em que tanta gente em posição dominante se parece ter aliado para nos abastardar e alienar daquilo que realmente importa e que são as grandes questões que se prendem com a Humanidade e dentro destas, mais latas, outras, mais circunscritas. Dentro destas últimas uma é sem dúvida o sentido da existência enquanto povo, enquanto pertencentes a uma entidade colectiva, neste caso portuguesa.
Confesso que é um tema que me apaixona e que por isso já comecei a devorar a revista.
E para aliciar os meus leitores a assinarem tão importante publicação aqui transcrevo uma pequena parte do seu editorial.

«Agostinho da Silva, num texto divulgado após o 25 de Abril de 1974, como proposta de reorganização de Portugal e do mundo lusófono, dirigido à "comunidade" do "povo não realizado que (...) habita Portugal, a Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, o Brasil, Angola, Moçambique, Macau, Timor, e vive, como emigrante ou exilado, da Rússia ao Chile, Do Canadá à Austrália", exortou a que ela assumisse como seu "projecto e meta de existência a consecução de sua própria liberdade e a ajuda para que o mesmo atinjam todos os outros Povos do mundo (...).
Aí exortou também a que os povos se eduquem, "na escola e fora da escola, pelo entusiasmo e lisura de sua vida política, pela fraternidade de sua vida económica, pela abertura de seu saber, pela amplitude do espírito criador, por sua fundamental liberdade, pelo dever (...) de ser cada um o que é".»

Como eu comungo destas palavras!!!
Obrigada aos directores da Nova Águia, muitos parabéns pela obra agora encetada e já só me resta desejar um bom percurso a esta importante revista.
E deixar um beijinho muito especial à Celeste, que folgo em ver activa, muito activa...
Como sempre.

E aos meus leitores indicar o blogue http://novaaguia.blogspot.com/.
Não deixem de o espreitar. Quanto a mim linkei-o para o visitar regularmente.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Trabalhar por Objectivos

A crítica aqui deixada neste apontamento caricaturado faz todo o sentido neste blogue.

Para "ler", e descobrir o "objectivo da semana", é favor clicar sobre o desenho.

Obrigada Rosinha!

Seitado


Ruínas Romanas de Tipaza - Argélia
Fotografia de Rui...

Deitado

Deitado por riba do edredón deixo que as liñas que debuxaro
no teu corpo e o meu
se crucen coas das miñas mans
mentres o perfume que traías vaime adormecendo
mol, abandonado á dose de cariño coa que me curaches
desta espera
péchanseme os ollos e ábreseme a boca
nun sorriso
e vou perdendo consciencia
esquecendo o caos cara a un mundo sen soños,
de paz.

Poema de Rui, o Galego, importado por mim do seu blogue, com sua licença... "apenas" porque gostei muito dele.

Inês - "E se Melhor for Impossível?
Fotografia de Filipe Teixeira

Inês - E se melhor for impossível?

Hoje linko um blogue recém-nascido para este mundo blogosférico que vai engrossando, a cada dia que passa, qual rio gigantesco que se dirige para o mar. Recém-nascido mas com boas pernas para andar, ou não fossem as pernas da sua dona pernas de escuteira, tarimbada por montes e vales e prazenteiras e esforçadas caminhadas.
Pois aqui está outra sobrinha, de seu nome Inês, a aventurar-se pela blogosfera com um blogue chamado "E se melhor for impossível?". Investigado por esta tia blogger, encontrei-o com uma imagem atractiva, uma excelente escrita, que a Inês vai tarimbar como quem enfrenta um novo desafio, uma nova dificuldade, nos seus escuteiros queridos.
Gostei que ela me recebesse com aquele sorriso à Mona Lisa que escolheu para receber quem se hospeda em sua casa, e não lhe resisti. Vai daí importei-o para este blogue. Sei que pertence a uma rapariga muito dona do seu nariz e com uma personalidade bem vincada, que procura incessantemente os seus caminhos percorrendo-os decididamente, saboreando-os, superando todas as dificuldades.
Esta sobrinha faz-me constantemente lembrar de mim... e estou também a sorrir, Inês! :)

E se melhor for sempre possível, Inês? E se nesta procura, incessante e esforçada, encontrarmos sentido para a vida?

Beijocas muito grandes e bons exames.

http://inescoimbraqueiros.blogspot.com/

domingo, 22 de junho de 2008

Reputação



Reputação

Aqui está um tema que me apaixona desde a adolescência desde logo porque a minha visão sobre reputação não tem absolutamente nada a ver com a da maioria das pessoas.
Assim sendo, confesso neste blogue que a minha reputação, no sentido que a maioria das pessoas dá a esta palavra, está completamente estragada e arruinada desde esse longínquo período da minha adolescência. E apenas porque me decidi a pensar pela minha cabeça, desde tenra idade, e apenas porque me decidi a não desperdiçar a minha vida acumulando frustrações atrás de frustrações.
Pois não me conformei com o facto de ser rapariga e por esse facto não poder sair à noite, em tempo de férias, como os rapazes cá do burgo. E assim sendo, saí. O meu pai bem me proibia, mas quando eu o questionava ele só me sabia responder que era por eu ser rapariga e ter uma reputação a manter. Muito pouco. Nada que me convencesse. Bolas para a reputação! Ainda se ele me argumentasse que eu não cumpria com os meus deveres... mas não podia... eu cumpria-os religiosamente. Era boa aluna, estudava, não bebia, nunca apreciei confusões. Bolas! Só queria sair com os meus colegas e amigos durante as férias escolares!
A coisa agravou-se com o namoro já que o A. pelas 11 horas recolhia a casa. Nunca gostou da noite, nunca gostou de discotecas, nunca gostou de dançar.
E eu?
Pois eu adorava a noite, pois eu adorava dançar e ia lá ser uma frustrada pela vida fora!!
Vai daí saí sempre que me apeteceu, dancei até dizer chega, e ao fazer o que gostava estraguei completamente a minha "reputação".

Que gente esquisita que nós somos! Eu e o A. casámos!

Vem isto a propósito de uma situação passada um dia destes que me deixou a pensar.
Preguei um valente beijo no pescoço do A. com os meus lábios repletos de baton! Kakakakaka... ficou com eles impressos a caminho da farmácia!!! Eu gostei do que vi... mas eis que sou assaltada pelo problema da "reputação". Xiiiii! Que escândalo e rumores não se levantariam a propósito daqueles lábios pregados no seu pescoço!!! Reputação estragada e ainda por cima pela mulher!!!! E pela legítima! Ok. O rapaz não merece isto. Resolvi apagar tudo.
E dei comigo a pensar nesta situação.
E dei comigo a pensar "Que horror... se calhar estou a ficar amarantina!!!"
E decidi fazer este "post" para frisar que nem sempre tudo o que parece é. E que o seu oposto também pode ser verdadeiro. E que é preciso ter cuidado com o diz que disse, e o diz que foi.

É também contra isto que este blogue é feito.
Não constitui novidade para os meus leitores mais atentos.

sábado, 21 de junho de 2008

Dunas de Merzouga - Marrocos

Já falei destas Senhoras inúmeras vezes neste blogue. Senhoras Dunas dentro do Grande Sahara. Curvilíneas, aconchegantes, quentes, físicas, silenciosas, mutantes, sensuais... uma vez percorridas pelo meu olhar, pelos meus pés nus em contacto com a areia solta, firme, quente, fria, seca, molhada, para sempre dentro de mim. Para sempre dentro de mim.

Percorro estas, sem me cansar, desde 1992. Estão muito próximo de Amarante para que eu consiga resistir ao seu apelo, ao seu cheiro, ao seu silêncio espampanante. Entro nelas em peregrinação, como quem entra num local sagrado, recolhida e silenciosa, para contemplar, para me carregar com a energia necessária para levar a bom porto uma vida esforçada em múltiplas dimensões, tal como devem ser todas as vidas que se prezam. E eu prezo muito a minha única para a desbaratar ou desperdiçar.

Partilho-as. Partilho as Dunas. Não conseguindo partilhar as sensações, não conseguindo partilhar a sua espiritualidade, partilho a sua estética que me dá cabo do juízo.


sexta-feira, 20 de junho de 2008

Eu e JP, JP e Eu


Eu e JP, JP e Eu - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Vera Matias de Magalhães

Eu e JP, JP e Eu

Ontem, em conversa no msn, o JP fez-me o favor de me lembrar desta fotografia, tirada pela minha sobrinha Vera, mesmo à entrada do Café-Bar, em dia de Festas do Junho.
falei aqui por diversas vezes deste indivíduo, de 15 anos, que eu conheço desde que nasceu, fruto do amor que uniu dois grandes amigos cá de casa.
"Já fizeste o post com a nossa fotografia?" perguntou-me ele. Xiiii, nunca mais me lembrei! Nunca mais me lembrei que, pela primeira vez, que eu saiba!, fomos os dois fotografados nestas figuretas, que já são velhas, e que cada vez mais espantam quem assiste a elas, por causa das sessões de beijos, monumentais em qualidade e quantidade, com que o JP me saúda sempre que me vê, e que se repetem praticamente desde que o JP nasceu, ou pelo menos desde que ele aprendeu a dar beijos fofinhos fofinhos nas minhas bochechas ou no meu pescoço catita!
Parece mesmo um beijo apaixonado, não parece? E não é que é?!!! Um beijo apaixonado duma amizade velha e boa que se prolongará.
Fizemos este trato escandaloso. Isto vai-se prolongar pelo menos até aos meus joviais 70!!!
Parafraseando o Pi Pereira ...
Muuuuuuuuuuuaaaaahhhhhhhhh JP!


A Palavra às Fontes "Não Credíveis"

Hoje estive em vigilância ao exame de Matemática de 9º ano.
Na minha sala, onze alunos em doze acabaram antes do tempo regulamentar. Para quem não sabe, convém esclarecer que, esgotado este tempo regulamentar, os alunos dispõem de mais 30 minutos de tempo suplementar para a realização da sua prova.
A maioria dos alunos achou a prova facílima, e estou a utilizar a mesma expressão que eles próprios usaram.
Mas, como muito bem diz a ministra da Educação, isto não quer dizer absolutamente nada e temos que esperar pelos resultados.
Ok. Esperemos.
Com a promessa de voltar a este assunto.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A Ministra no Meu Blogue

Por que será que devemos pôr em dúvida quase tudo quanto esta senhora diz?
Não nos esqueçamos destas palavras, nem das do Nuno Crato...nem de todos os outros, que se fartam de lançar alertas que não são minimamente escutados por ninguém do ministério, aquando da divulgação dos resultados do PISA.
O ministério é autista há muito tempo. Pagaremos caro o atraso, este varrer do lixo, sistemático, para baixo dos tapetes.
Por que será que perco a vontade de trabalhar de cada vez que a ouço monologar?
É caso para dizer que o meu blogue, hoje, estava lindo.
Ministra sobre Provas de Aferição

http://sic.aeiou.pt/online/scripts/2007/videopopup2008.aspx?videoId={AD0AA49E-CF8B-4DA5-A2C9-A9CE045F4FE1}
Ministra sobre Exames

http://sic.aeiou.pt/online/scripts/2007/videopopup2008.aspx?videoId={3BD7E773-D1EC-498E-9F01-2753F930BC19}

Karin Somers - "O efeito dos dias"





"O efeito dos dias" - Karin Somers - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Karin Somers - "O efeito dos dias"

"Contemplar as criações modeladas, em grês, por Karin Somers é aceitar o convite para transgredir a banalidade.
São muitas viagens dentro de uma só: da exploração dos materiais aos contrastes cromáticos que revelam a singularidade de cada obra, da compreensão dos títulos ao desvelamento das mensagens, quer dizer, do saber e do sentir impregnados quer na artista, quer nas suas obras.

Um percurso labiríntico onde não se identifica o desfecho, mas no qual o espectador é interpelado constantemente pelas mais profundas inquietações filosóficas inerentes à condição humana.
Desde logo, ressalta o carácter inovador, quiçá provocador, conseguido através dos elementos cirurgicamente associados, minuciosamente simbiados.

O homem, refractário à eternidade, espraia-se no tempo. E o seu trajecto existencial é um misto de experiências, de sensibilidades, de desejos e de expectativas reificados em projectos ora almejados, ora fracassados. Antecipando o devir, conquistará as suas asas? Asas caídas, quebradas ou verticalizadas? Metáfora do anjo caído ou do homem em ascensão?

O casulo humano, exo-esqueleto da existência, surge paradoxalmente como potenciador e cerceador de possibilidades que edificam estados vivenciais e desvelam os sentimentos antinómicos que subjazem à circunstância do viver situacional: do aconchego ao abandono, da comunhão à ruptura, do desejo à desesperança. Constituirá a casa um mero prolongamento do (ser) corpóreo? A epiderme de um outro corpo (humano)? Um espaço de recolhimento e um reduto de autenticidades?

Como ceramista, Karin Somers opta por uma técnica, baseada na modelagem fragmentária de placas, que se move visceralmente do interior para o exterior. Este processo criativo é revelador do peso da interioridade que incute às suas obras. Universo simbólico em estrita comunhão com a obra em gestação. Por exemplo, as fendas - análogas a cicatrizes (metáfora de rugas? - são cúmplices e vítimas da temporalidade. E assim a finitude humana ou semi-humana (muitas figuras sugerem a presentificação, a evocação dos seres irreais, quase mitológicos e oníricos) surge tematizada. A sua concepção de temporalidade é igualmente complexa: retrotensa - remetendo para o uno primordial plotiniano, onde existiria a fusão entre seres e objectos aparentemente díspares: homens, animais, casas - e protensa: futura, relembrando a decomposição a que todas as coisas são/serão sujeitas.
E esta ambivalência de estados, de mensagens implícitas, faz com que as esculturas não tolerem a indiferença: por um lado ganham anima, reivindicam o esforço e a atenção dos espectador; por outro, sugerem-lhe estados, vivências, associações e questões, relembrando o quão imbricado e complexo podem ser o humano e as suas manifestações."
Elsa Cerqueira

A exposição desta importante ceramista belga, radicada há muitos e muitos anos em Amarante, poderá ser vista no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, até ao próximo dia 20 de Julho.
Hoje pela manhã, visitei-a, demoradamente, e recolhi-me perante tamanha riqueza, densidade, sabedoria, tranquilidade, textura e complexidade interior. Decididamente a Karin Somers não é o simulacro de um ser, não é assim Elsa? A Karin Somers É Um Ser - específico, único, irrepetível e faz por isso a cada dia que passa.

Voltarei à exposição. As excepções à banalidade são tão raras que têm de se fruir uma e outra vez, demoradamente.
E fiquei a sonhar com "O aconchego dos outros", "Uma reafirmação da vida", "Reunião", "Alma ao sol", "Visita crepuscular", Strategy of escape"", "Sonhos nómadas", "Evasão"...

Beijinhos enormescos de parabéns à Karin.
Beijinhos de parabéns também à Elsa Cerqueira que assina este belíssimo texto que transcrevi.

Nota - Continuo calma e pacientemente à espera que a Elsa se decida a parir um blogue.

Home - Barca - Amarante - Portugal
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Problema(s)

Com um agradecimento muito especial à Carmo, transcrevo uma pequeníssima parte do pensamento de Karl Popper.

"Penso que só há um caminho para a ciência ou para a filosofia: encontrar um problema, ver a sua beleza e apaixonar-se por ele; casar e viver feliz com ele até que a morte vos separe - a não ser que encontrem outro problema ainda mais fascinante, ou, evidentemente a não ser que obtenham uma solução. Mas, mesmo que obtenham uma solução, poderão então descobrir, para vosso deleite, a existência de toda uma família de problemas-filhos, encantadores ainda que talvez difíceis, para cujo bem-estar poderão trabalhar, com um sentido, até ao fim vossos dias".

Karl Popper

quarta-feira, 18 de junho de 2008



Museu Nacional de Praga - Praga - República Checa
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Brincadeira

Hoje tocaram-me duas vigilâncias. Valente seca! Diria até seca ao quadrado!
Quanto à primeira, Língua Portuguesa de 9º ano, queria só deixar aqui registado que, sem ser da área, li toda a prova, e que esta me pareceu bastante acessível. Um pouco longa mas, com os 30 minutos de prolongamento, nada que não se fizesse dentro do tempo previsto.
Quero só acrescentar que achei a prova linda, com um belo texto de Saramago sobre o sorriso, que me deixou a sorrir o resto do dia... mas eu também não preciso de muito para esboçar um sentido sorriso.
Pois como se não bastasse de brincadeira desde as 7 e meia da manhã, às 4 e meia cheguei a casa, sentei-me em frente a este computador, e estive a fazer revisão às minhas apresentações em PowerPoint. De ano para ano há sempre uma melhoria aqui, uma fotografia nova para ali, um esquema para acolá, enfim, um aperfeiçoar da coisa, já que a coisa nunca estará perfeita, nem acabada. Mania de nunca me dar por satisfeita com o trabalho por mim realizado. Mania mesmo.
Sem saber se para o próximo ano lectivo terei 7ºs anos, foi por aqui mesmo que comecei. Introduzi duas novas apresentações na minha página de recursos, feita no google creator, e de resto estive a alterar duas outras com a introdução de novas fotografias, tiradas o ano passado no Museu da Madame de Brassenpouy, em França, e no Museu Nacional de Praga, na República Checa.
E pronto. Acabei agora e agora já são quase 9 horas da noite. Nada de especial. Foi para mim um dia de trabalho normal. De trabalho???? Não!!!!!!!!!!! De brincadeira, que eu sou uma rapariga, de quase 50 anos, muito brincalhona, que me divirto e brinco muito com as novas tecnologias!
O Paradigma da Tecnologia na Educação

Vinda do bogue do Ramiro Marques, intitulado Profavaliação, deixei lá um comentário a uma, presumo eu, colega de Inglês, que confunde a utilização e o trabalho com os computadores portáteis e com os quadros interactivos com brincadeira e que expressa a sua relutância na sua utilização.
Pois eu estou farta de dizer neste blogue que nós só nos podemos pronunciar sobre práticas que conhecemos e dominamos. O que parece não ser o caso. Mais uma vez.
É possível brincar em contexto de sala de aula com computadores portáteis ou com quadros interactivos? É claro que sim.
Mas os brincalhões sempre estiveram no meio de nós e já brincavam antes. E isto não é novidade para ninguém. Ou pelo menos para mim não é.
Que se confunda trabalho árduo, mas árduo, com brincadeira, continua a ser, para mim, decepcionante, vindo de uma elite intelectual que tem a obrigação de estar na vanguarda do conhecimento. E o conhecimento passa pelas Novas Tecnologias da Informação.
É claro que podemos fazer como a avestruz e enfiar a cabeça na areia. É claro que podemos assobiar para o lado mas, ao adoptarmos esta atitude, só faremos do nosso futuro uma coisa bem mais penosa para cada um de nós.
É claro que também nos resta a alternativa do vídeo que escolhi para ilustrar este "post". Podemos sempre mascar as aulas de, como diz o Ramiro, modernaças, não mudando nem uma vírgula nas práticas enraizadas e deprimentes que ainda persistem no ensino.
A tecnologia será boa ou má consoante o uso que cada um fizer dela. Mas já era assim com o livro, com a exposição oral, com o acetato, com o diapositivo, com o documentário.
E também com tudo isso se podia brincar. E sempre houve quem brincasse... olá se houve!
Daí o estarmos onde estamos.

terça-feira, 17 de junho de 2008







"Opus Sapientiae" - ESA - S. Gonçalo
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

"Opus Sapientiae"

Hoje recupero umas fotografias tiradas na ESA, durante o passado mês de Maio, para apresentar um trabalho da aluna Carolina Teixeira que frequentou, durante este ano lectivo, o 12º ano de Artes. Trata-se dum painel de azulejo, uma obra complexa e muito bela, que sem dúvida enriqueceu o nosso espaço colectivo exterior, por onde todos nós nos movimentamos - professores, alunos, funcionários - quantas vezes sem lhe darmos a atenção e valorização devida. E, no entanto, o espaço escola é sem dúvida o espaço onde todos nós, seus povoadores, mais tempo passamos a seguir ao nosso espaço privado de casa/lar. Seria óptimo que nos pudéssemos sentir num segundo lar neste espaço que se quer de excelência, de todos e de cada um de nós, habitado por gente que se emociona, mais atractivo e caloroso a cada dia que passa. Por isso todos os esforços são bem-vindos, do individual ao colectivo, do colectivo ao individual. E é este esforço que tenho de agradecer a Carolina Teixeira, uma aluna com quem tive o prazer de conversar e felicitar por tão bela obra, aquando da colocação deste painel, que deixou o nosso espaço sem dúvida muito mais belo. E isso não tem preço.
É graças a esta sabedoria e generosidade, que nos vai servindo de exemplo, que nos sentimos encorajados a progredir.
Birds

Animação com pássaros. Mas podia ser com pessoas.
E mais não digo.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Epidemias II

É a segunda vez que abordo esta terrível doença, epidemia mesmo, por assim dizer, resultante de um vírus que, alojando-se no cérebro das mulheres, desencadeia como sintoma da doença o surgimento de mamas de silicone no mulherio infectado.
Os homens também não escapam aos efeitos colaterais da coisa e desenvolvem uns sintomas esquisitos que se traduzem no surgimento de olhos esbugalhados, tipo faróis, a saltarem, tipo molas, para fora das órbitas. Mas adiante.
As bolas de silicone assemelham-se, a maior parte das vezes, em forma e tamanho, a bolas de futebol e o que eu não sabia, e fiquei a saber, é que a epidemia se propaga a uma velocidade tal que não deixa ninguém imune, e vai daí agora começou a atacar velhinhas!
Pois não é que uma idosa de cerca de 80 anos foi infectada por tão perigosa epidemia e desenvolveu bolas de silicone no seu corpo enrugado?! Confesso que fiquei espantada. Ainda não me tinha ocorrido semelhante e pensava até que esta franja etária estivesse completamente a salvo de tão estranha doença.
Deixei toda a gente a gargalhar com a minha observação. É que eu, com essa idade, e a ser infectada por tão peculiar doença, poria as mamas de silicone nas costas para ser completamente original.
Sim, nas costas, ouviram bem!
Safa!!! Bolas!!!

Nota - Post sem fotografias. Não quero ser responsabilizada por acidentes oculares masculinos.

domingo, 15 de junho de 2008

sábado, 14 de junho de 2008





Casamento - Matosinhos - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Casamento

Casamento que se preze tem: flores, penteados xpto assim como o meu... eh eh eh, vestidinhos vaporosos a meter nojo e mules de cristal em pezinho de Cinderela.


Convite de Casamento do Séc. XXI

Hoje posto um convite de casamento do século XXI, porque o achei original, e porque o modelito sempre pode servir para algum dos meus leitores.

Reza assim:

"A F. e o J. já passaram mais de 1001 dias e noites (3 anos) em "pecado" e resolvemos transformá-los em pessoas "sérias".
Somos os filhos deles (...) e vimos convidá-lo e à sua família para o seu casamento, que se realiza em nossa casa, (...) tal, tal e tal... que já não interessa o resto!

Confesso que gostei particularmente dos/das "mais de 1001 dias e noites em pecado"...

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Educação e Vida

Hoje posto um vídeo belíssimo com fotografias de um dos fotógrafos que eu mais admiro a nível mundial, e que por diversas vezes referenciei neste blogue - Gregory Colbert. O texto, em português do Brasil, é sem dúvida muito pertinente ao nível das práticas educativas que precisam, de facto, de novos paradigmas neste nosso século XXI.
Um é a partilha. A partilha do saber, do conhecimento, a partilha das práticas e da experiência, a partilha das emoções. Já falei sobre isto anteriormente e continua a fazer-me confusão a não saída, do que quer que seja, de dentro para fora da sala de aula. Apesar dos riscos envolvidos, eu que o diga que já os senti bem na pele, acredito que a melhoria do ensino passa obrigatoriamente por uma abertura que ainda só desponta aqui e ali, acredito que a melhoria do ensino passa obrigatoriamente por uma partilha generosa, desinteressada e madura que igualmente ainda mal desponta aqui e ali. Da partilha resultará uma enorme evolução profissional. Acredito nisto. Porque se uns fazem bem aqui, outros fazem bem acolá, e é deste contacto com práticas diferenciadas que nasce a inspiração colectiva. Acredito mesmo nisto. E por isso pratico a partilha.
Outro é o não ter medo perante os novos desafios que nos vão sendo colocados, a nós que já temos alguma idade, mas que não podemos estancar no tempo, porque estancar é ter direito ao nosso certificado de óbito precoce em todos os aspectos da vida. Vida profissional incluída. Também acredito nisto. Recuso-me a ser uma professora obsoleta. Mais, recuso-me a ser uma pessoa obsoleta.
O outro é o trabalho colaborativo. Confesso que neste campo as escolas em geral, a minha em particular, não promove este tipo de trabalho. Tanta hora se escoa em horas de Departamento e não há horários para trabalho com os pares, neste caso com o meu grupo de História, o que faz com que cada um trabalhe para si próprio, e para as suas turmas, no mais profundo isolamento. Também não há horários para trabalho entre diferentes departamentos o que faz com que os esforços a este nível sejam isolados, desgarrados e muitas vezes percam eficácia.
Eu pessoalmente continuo a sentir enormes carências e falhas ao nível das novas tecnologias que vou tentando colmatar, como posso, recorrendo ao meu 112 informático, chamado Helder Barros, que me vai dando uma dicas sobre como fazer isto ou aquilo através do msn, ou mesmo lá na escola quando conseguimos conciliar disponibilidades. Obrigada Helder, obrigada por aturares a melguita!
Ou seja, e para concluir, se eu sinto que progrediria muito mais, enquanto profissional e enquanto pessoa, com mais partilha entre nós e mais trabalho colaborativo, outros sentirão o mesmo, não?
Aqui fica a pergunta.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Saco de Cogumelos Fora de Prazo?!!

Eu não! Eu não!

Obrigada pela sugestão de Larry Adler ó Clap! Clap! Clap!
Fantáaaaaaaaaaaasticoooooooooo!!!!



Coração de Catraia

Depois de apanhar uns sustitos ao longo da vida devido ao funcionamento, por vezes descompensado, do meu coração, eis que resolvi inspeccioná-lo de fio a pavio. E foi bonito de se ver. Lindos, os batimentos do meu coração, os fluxos sanguíneos a serem bombeados certinhos, certinhos, que a tecnologia está muito avançada e vê-se tudo ao pormenor nesta sociedade Big Brother a que chegamos.
Depois de visto assim e assado, frito e cozido, o cardiologista confirmou as minhas suspeitas: apesar dos sustos, tenho um coração de catraia.
Que é para manter.
 
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