sábado, 10 de março de 2012

Quem Sai aos Seus Não É de Genebra

Bolo de Morangos e Maracujá - Joana
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Quem Sai aos Seus Não É de Genebra

Até pode parecer um sacrilégio o que aqui vou afirmar, mas garanto que, com a leitura deste post, os meus leitores compreenderão, certamente, estes dotes artísticos, "herdados" pela minha filha Joana, para a cozinha.
Os dotes revelaram-se desde muito cedo, mesmo desde tenra idade, no cuidado colocado na feitura de um bolo que ela começou a fabricar muito pequenina, ainda na primária, porque lhe apeteceu, e cujo sabor ainda hoje me povoa a boca, adorava-o!, de mel e aguardente, que eu lhe encomendava sempre que saíamos em viagem e que, cortadinho às fatias finas, embrulhadas em película transparente e guardado na mala térmica, nos sossegava aqueles súbitos apetites em viagens de milhares de quilómetros, às vezes sem possibilidade de parar para tomar um café, comer um qualquer mata bicho, em Marrocos, claro está, nos inícios dos anos noventa.
E a minha filha cresceu, sempre com um amor muito especial à cozinha, às experimentações de doces e salgados, de bolachas e bolachinhas e crepes e compotas e azeites especiais todos xpto, a par dos estudos que completou, afirmando-me amiúde que a cozinha é como um laboratório de farmácia e que as duas coisas têm tudo a ver uma com a outra, expulsando-me estes anos todos para bem longe dela não fosse eu estragar-lhe os cozinhados só com o olhar. Eu podia dizer que ela sai a mim nos dotes culinários mas não posso, porque tal não é verdade e porque viriam logo para aqui os comentadores deste blogue desmascararem-me o embuste, até porque eu já partilhei histórias do arco da velha, acontecidas comigo mesma ao longo de anos em tentativas desesperadas de fazer coisas de jeito, e que estão etiquetadas neste blogue na emblemática e divertida etiqueta "Aventuras na Cozinha".
Mas, no entanto, é verdade que "Quem sai aos seus, não é de Genebra"... eheheh... e isto é exactamente verdade para nós as duas porque a minha filha faz um doce ou um salgado  com o mesmo carinho, esforço, perfeccionismo, dedicação, esmero, brio, amor até! com que eu preparo uma apresentação em PowerPoint. E se recuar ainda mais, com o mesmo tudo o que eu enumerei com que a minha mãe fazia um bordado, uma renda, um cozinhado também. Por isso é igual ao litro o produto final no sentido em que é indiferente se é um bolo imaculado, ou um PowerPoint escorreito ou uma renda sem gatos por mais que se procurem à lupa. A matriz é a mesma. Está cá. E sim, cada um tem aquilo que merece... e eu mereço uma filha assim.
E ela merece uma mãe não normal. (Para compreenderem esta última tirada é favor clicarem aqui.)

Nota - O bolo postado nas fotografias foi a minha sobremesa e só não estava delicioso porque estava divinal.

4 comentários:

gabrielvboas disse...

"Cada um tem aquilo que merece" - de facto, o teu marido merece uma filha assim.
É certo que estou farto de ver os teus powerpoints e que nunca comi um fatia dos bolos da tua filha, mas acho o que toda a gente acha: só um maluco é que acha que é o mesmo. Eheheheh
P.S. a gula é pecado. E tu ultimamente já falas em Deus muitas vezes...ehehehe

Anabela Magalhães disse...

Eheheh... olha-me este!
Então não se está mesmo a ver que a filosofia por detrás da coisa é exactamente a mesma?
A gula é um pecado mortal que eu pratico amiúde e assumidamente.
Quantoa deus, tens de reparar que não é o mesmo a que te referes... eheheh

Plácido Coelho disse...

Quero apenas fazer o um reparo.
Esse proverbio, não existe!
"Quem sai aos seus, não é de Genebra, é uma distorção do proverbio:
"Quem sai aos seus, não degenera"
E como esse há imensos, só para dar um exemplo:
"Parece que tens bichos carpinteiros"
é uma distorção do seguinte proverbio:
"Parece que tens bichos no corpo inteiro"


Cumprimentos,
Plácido Coelho

Anabela Magalhães disse...

Muito obrigada pela correcção, Plácido Coelho! De facto assim é e eu conheço o verdadeiro provérbio apenas usando "este" na brincadeira. Já o segundo que aponta... não conhecia de todo o verdadeiro. Por aqui, por Amarante, usa-se mesmo a parte dos bichos carpinteiros... ;)

 
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