ANTROPOFAGIA

Procurarei o nome do autor desta peça... prometo...

Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

 

ANTROPOFAGIA

Um post inteiramente surripiado ao Luís Costa que eu subscrevo por inteiro.

"O aumento do horário semanal de trabalho, sem o correspondente aumento de vencimento, é uma forma de escravatura, quer seja visto como trabalho não remunerado, quer como mais uma diminuição real do salário dos trabalhadores, u...ma vez que passam a ganhar menos por cada hora trabalhada. Há que adicionar, portanto, mais esta inconstitucionalidade às restantes, nomeadamente a da desproporcional redução do poder de compra dos servidores do Estado, que o TC já denunciou e sancionou.

No que ao professorado diz respeito, comecemos por uma consideração da mais elementar justiça: mesmo admitindo o referido aumento da carga horária, ele deveria recair APENAS NA COMPONENTE NÃO LETIVA INDIVIDUAL, uma vez que os docentes trabalham, efetivamente, há muito tempo, muito mais do que quarenta horas semanais para a escola. Por outro lado, aumentar para quarenta horas o seu horário não é o mesmo que manter uma repartição pública aberta mais uma hora por dia. Cada hora de trabalho atribuída a um docente significa mais alunos, mais tempo de trabalho efetivo na escola e mais tempo de trabalho em casa. SERÁ, PORTANTO, UMA BRUTALIDADE. Ter mais turmas é ter menos tempo para os alunos, é desumanizar o ensino, é a degradação real da qualidade do trabalho prestado… Mas não é apenas isso: muitos professores vão acumular trabalho para que outros sejam impontados para fora do sistema, isto é, uns vão comer os outros, enquanto o Estado os vai comendo também. No final, acabam também comidos os alunos, suas famílias o futuro deste canteiro à beira-mágoa plantado.

Se eu não conhecesse a profissão como conheço (se fosse um papalvo desses que comentam, nas televisões, todo o tipo de matérias), até seria tentado a pensar que, se os professores aceitam estas coisas, é porque não trabalham assim tanto como dizem. Porém, como sei do que estou a falar, digo apenas o seguinte: se os professores aceitarem estes “canibalismos” é porque são muito otários e pouco empenhados na defesa, que deveria ser intransigente, do maravilhoso ato educativo. A sociedade não só nunca lhes agradecerá o sacrifício, como ainda os recriminará seriamente por não terem sabido proteger o seu “castelo sagrado”."