E a propósito da participação do primeiro-ministro português, António Costa, socialista, assumidamente laico, na procissão do Senhor do Santo Cristo dos Milagre,s em Ponta Delgada, nos Açores, apetece-me ser assumidamente menos moderada que o constitucionalista socialista Vital Moreira e escrever que sinto asco e vergonha pelo "feito", muito feio, cometido pelo primeiro-ministro do meu país. Ainda por cima fomos nós que pagamos a palhaçada indecorosa. O mesmo vem acontecendo com a falta de vergonha completa que aqui se agiganta no Largo Agora Medonho, em Amarante, e ainda o mesmo se passa com a chancela do município de Amarante nos cartazes do programa estritamente religioso da imagem peregrina que teima em permanecer agarradinho à parede da nossa praça umbigo que por acaso, ou talvez não!, se chama da República.
E sim, é a constituição... aquela tal que parece incomodar uns quantos por aí que estão, talvez, a precisar de a reler... ou não?
É certo que eu não sou o Vital Moreira, este sim constitucionalista... eheheh... mas confesso que aprendi a ler, a interpretar e, bolas! pecado! a pensar.
SEGUNDA-FEIRA, 2 DE MAIO DE 2016
Estado laico
Sendo crente, um governante pode obviamente participar, a título
privado, nas cerimonias religiosas da sua confissão. Mas fora desse
quadro a participação pública de governantes em cerimónias
religiosas constitui sempre uma infração ao princípio constitucional
da laicidade,que implica a separação entre o Estado e a religião e a
neutralidade religiosa do Estado. Enquanto órgãos do Estado os
governantes não têm religião nem podem participar em
manifestações religiosas (missas, procissões, etc.).
Não há "respeito institucional" que justifique o desrespeito
inconstitucional da laicidade do Estado .
[revisto]
Adenda
Desde sempre considero a laicidade do Estado com um dos princípios
identitários da CRP - desde logo como pressuposto e garante da
liberdade religiosa e da igualdade das crenças - e também considero
que o PS tem uma responsabilidade especial em respeitá-la, como
mais lídimo representante do republicanismo laico em Portugal.
Por isso, não tenho deixado passar sem discordância nenhum desvio
notório a esse princípio por parte de dirigentes socialistas em cargos
públicos, como se pode ver aqui (em relação ao Jorge Sampaio) e aqui
(em relação a José Sócrates).
Post retirado ao Causa Nossa. Gosto desta blogosfera que nos informa...
há tanta gente a precisar de ser informada por aí...
privado, nas cerimonias religiosas da sua confissão. Mas fora desse
quadro a participação pública de governantes em cerimónias
religiosas constitui sempre uma infração ao princípio constitucional
da laicidade,que implica a separação entre o Estado e a religião e a
neutralidade religiosa do Estado. Enquanto órgãos do Estado os
governantes não têm religião nem podem participar em
manifestações religiosas (missas, procissões, etc.).
Não há "respeito institucional" que justifique o desrespeito
inconstitucional da laicidade do Estado .
[revisto]
Adenda
Desde sempre considero a laicidade do Estado com um dos princípios
identitários da CRP - desde logo como pressuposto e garante da
liberdade religiosa e da igualdade das crenças - e também considero
que o PS tem uma responsabilidade especial em respeitá-la, como
mais lídimo representante do republicanismo laico em Portugal.
Por isso, não tenho deixado passar sem discordância nenhum desvio
notório a esse princípio por parte de dirigentes socialistas em cargos
públicos, como se pode ver aqui (em relação ao Jorge Sampaio) e aqui
(em relação a José Sócrates).
Post retirado ao Causa Nossa. Gosto desta blogosfera que nos informa...
há tanta gente a precisar de ser informada por aí...
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