O 27 de Setembro a 16 de Outubro
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Foi hoje. Hoje juntamos gente que fez parte do mesmo grupo de amigos e que participou um dia nas festas de encerramento das férias de Verão, fechadas oficialmente para cada um de nós no dia 27 de Setembro, dia em que íamos à água, nos Poços, todos vestidos, quer chovesse quer fizesse sol. Depois tínhamos a Festa de Garagem, feita de música que saía de um gira-discos portátil que eu ainda conservo cá em casa... e, adeus Verão! Em Outubro iniciava a escola e era tempo de nos despedirmos condignamente antes deste regresso marcado com antecedência.
Hoje foi dia de reunião para os membros do Grupo. Nos anos setenta só havia dois grupos de adolescentes aqui no centro da cidade. Um era o nosso. Extenso, contava até com membros, ou melhor, membras! estrangeiras que falavam várias línguas e que hoje, infelizmente, não conseguimos localizar.
Hoje fomos 30 e não, não comparecemos todos e não, também não conseguimos colocar a conversa toda em dia... meus deuses, alguns de nós não se cruzavam há quase 40 anos...
Muitos chegaram do Porto, outros vieram de Matosinhos e até de Oeiras vieram propositadamente para este almoço, alguns arrastando consigo mulheres e homens com quem partilham agora a vida. Muitos de nós casaram dentro deste extenso grupo e assim se mantêm até hoje. Muitos de nós só temporariamente abandonaram o burgo que nos viu nascer e aqui residem desde sempre. Muitos de nós já conversam sobre netos... que já os têm... que a vida é feita de percursos variados e distintos mas que também têm muito em comum.
Hoje foi dia de beijos muitos, de abraços calorosos e apertadinhos, de aconchegos vindos directamente dos anos setenta do século passado.
Quem disse que a História tinha acabado?!
SEGUNDA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2010
27 de Setembro
27 de Setembro
Acho que nunca me referi a esta data como sendo especial para mim e para muitos dos amigos que conservo desde a infância.
A data de 27 de Setembro marcou, durante toda a minha adolescência, o adeus aos tempos descontraídos das férias e era comemorada à altura, com um último banho nos Poços, colectivo, em que todo o grupo, qual bando de passarada à solta e livre, esvoaçava pelo pontilhão dos poços em direcção à água, todos vestidinhos dos pés à cabeça.
Eram os anos setenta... ai meus deuses, ai meus deuses! que pecado de irreverência!
Por vezes organizávamos bailes de garagem e foi aí que muitos dos nossos namoros começaram, acabaram, recomeçaram... que a vida de adolescente era mesmo assim à época, feita de crescimento acelerado e experimentações conjuntas.
Ah! E aquele célebre 27 de Setembro, com baile na garagem do prédio da P que acabou com choradeiras colectivas... vou ver se me lembro da ordem... o P a chorar no meu ombro por causa da P, eu a chorar no ombro do P por causa do A, o A com problemas por causa de outra P, a P com problemas por causa do Z, o Z com problemas por causa da A e pelo meio uma galega doida, a Marion, que ia provocando estragos aqui e ali e a luz do prédio inteiro que se finou por causa do J!
Hoje já não há banhos todos vestidinhos em correrias malucas para a água do Tâmega e também já não há bailes de garagem. Hoje não temos mais direito aos dias que escorriam devagar, descontraídos, com um mundo cheio de coisas boas pela frente que íamos conquistar...
Hoje os 27 de Setembro apenas sobrevivem na minha/nossa memória individual e colectiva.
Acho que nunca me referi a esta data como sendo especial para mim e para muitos dos amigos que conservo desde a infância.
A data de 27 de Setembro marcou, durante toda a minha adolescência, o adeus aos tempos descontraídos das férias e era comemorada à altura, com um último banho nos Poços, colectivo, em que todo o grupo, qual bando de passarada à solta e livre, esvoaçava pelo pontilhão dos poços em direcção à água, todos vestidinhos dos pés à cabeça.
Eram os anos setenta... ai meus deuses, ai meus deuses! que pecado de irreverência!
Por vezes organizávamos bailes de garagem e foi aí que muitos dos nossos namoros começaram, acabaram, recomeçaram... que a vida de adolescente era mesmo assim à época, feita de crescimento acelerado e experimentações conjuntas.
Ah! E aquele célebre 27 de Setembro, com baile na garagem do prédio da P que acabou com choradeiras colectivas... vou ver se me lembro da ordem... o P a chorar no meu ombro por causa da P, eu a chorar no ombro do P por causa do A, o A com problemas por causa de outra P, a P com problemas por causa do Z, o Z com problemas por causa da A e pelo meio uma galega doida, a Marion, que ia provocando estragos aqui e ali e a luz do prédio inteiro que se finou por causa do J!
Hoje já não há banhos todos vestidinhos em correrias malucas para a água do Tâmega e também já não há bailes de garagem. Hoje não temos mais direito aos dias que escorriam devagar, descontraídos, com um mundo cheio de coisas boas pela frente que íamos conquistar...
Hoje os 27 de Setembro apenas sobrevivem na minha/nossa memória individual e colectiva.
2 comentários:
Adorei estes textos sobre o 27 de Setembro!
Não me "vi" neles por motivos óbvios...não era adolescente na década de 70...nem tão pouco era Amarantino!
Tive logicamente outros 27 de Setembro, meus e da minha vivência, mas o que me traz aqui é fundamentalmente para uma recordação muito, muito sentida...ai deuses meus(sic), que nos ajuda a suplantar tanto tempo de agruras...incompreensões...maldizeres...sei lá eu, como diz uma das minhas netas!
O que lhe posso garantir sra. Professorinha, é que além de ser uma esplêndida revisitação, a História não serve para vivermos dela, mas sim para vivermos com ela...é por isso que há a "estória"!
Bem haja.
Assim é, Senhor Professor Afilhado de Guerra!
Bom ver que ainda anda por aqui...
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