Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
"Os Destroços de Um Rio"
Hoje decidi olhar, ver e fotografar, de perto, a agonia do meu rio. A agonia que já consigo percepcionar de casa, ao longe, através dos vidros das minhas janelas, vendo o verde pastoso e quase florescente agarrado às margens mesmo a jusante da Açude dos Morleiros.
Hoje desci ao meu rio e vi o que jamais gostaria de ter visto e cheirei o cheiro pestilento e fétido que jamais gostaria de ter cheirado. Entre o espantada, o incrédula e o aterrada vi e cheirei o meu Tâmega agonizando, num silêncio penoso, aterrador e fantasmagórico, perante a absoluta indiferença das autoridades locais e nacionais.
Onde estão as autoridades do meu país?
Hoje decidi olhar, ver e fotografar, de perto, a agonia do meu rio. A agonia que já consigo percepcionar de casa, ao longe, através dos vidros das minhas janelas, vendo o verde pastoso e quase florescente agarrado às margens mesmo a jusante da Açude dos Morleiros.
Hoje desci ao meu rio e vi o que jamais gostaria de ter visto e cheirei o cheiro pestilento e fétido que jamais gostaria de ter cheirado. Entre o espantada, o incrédula e o aterrada vi e cheirei o meu Tâmega agonizando, num silêncio penoso, aterrador e fantasmagórico, perante a absoluta indiferença das autoridades locais e nacionais.
Onde estão as autoridades do meu país?
Onde estão as autoridades que têm responsabilidades nos sectores das águas e do ambiente, perante este crime que se perpetua no tempo, agravando-se a cada dia que passa?
Onde estão os órgãos de comunicação social do meu país cumprindo a sua função de denunciar e informar?
Onde estão os ambientalistas? Onde estão os ambientalistas?
Onde estão os órgãos de comunicação social do meu país cumprindo a sua função de denunciar e informar?
Onde estão os ambientalistas? Onde estão os ambientalistas?
Dormem?
A que interesses se deve esta "barragem de silêncio nacional" sobre um assunto tão grave quanto este?
E que país é este que, sem punição, em pleno século XXI e em plena Europa, se dá ao desplante, à lata, à irresponsabilidade, ao crime de ter no seu território um rio Tâmega neste estado caótico, moribundo, agonizante?
Já não é a primeira vez que denuncio este problema, gravíssimo, que atinge a minha região e não será a última.
A que interesses se deve esta "barragem de silêncio nacional" sobre um assunto tão grave quanto este?
E que país é este que, sem punição, em pleno século XXI e em plena Europa, se dá ao desplante, à lata, à irresponsabilidade, ao crime de ter no seu território um rio Tâmega neste estado caótico, moribundo, agonizante?
Já não é a primeira vez que denuncio este problema, gravíssimo, que atinge a minha região e não será a última.
Hoje volto à denúncia pedindo aos amarantinos que se desloquem ao rio.
Cheirem o rio pestilento e nauseabundo. Vejam o rio pastoso e moribundo. Garanto-vos que é bem diferente ver in loco ou ver aqui em fotografia. Não calem esta situação. Denunciem.
E peço aos bloggers que por aqui passarem que me ajudem igualmente na denúncia deste escândalo incompreensivelmente silenciado.
E termino com um post escrito no Plenacidadania, da autoria do meu irmão, José Emanuel Queirós, incansável amante e defensor de Amarante.
"O Tâmega – que já foi rio às portas de Amarante – agoniza a reserva de água na «zona sensível» (Decreto-Lei n.º 152/97, de 19 de Junho) da albufeira do Torrão, pela carga de nutrientes que lhe é vertida no leito.
Desde há muitos anos, em toda a extensão da albufeira criada pela Barragem do Torrão (Alpendorada - Marco de Canaveses), a prolífica cultura de algas azuis dá um colorido endémico muito verde, intensamente pastoso e pestilento às águas, imediatamente a jusante da cidade de Amarante. As suas margens, classificadas de «domínio público hídrico», outrora debruadas de areias douradas são agora pântanos de lodos negros, fétidos e nojentos onde se acumulam pastas verdes, sobras marginais de todo o tipo, lixos e latas, testemunhos de uma deplorável morbidez planetária que a civilização insustentável alcançou em terras amarantinas e o Estado consente.
E termino com um post escrito no Plenacidadania, da autoria do meu irmão, José Emanuel Queirós, incansável amante e defensor de Amarante.
"O Tâmega – que já foi rio às portas de Amarante – agoniza a reserva de água na «zona sensível» (Decreto-Lei n.º 152/97, de 19 de Junho) da albufeira do Torrão, pela carga de nutrientes que lhe é vertida no leito.
Desde há muitos anos, em toda a extensão da albufeira criada pela Barragem do Torrão (Alpendorada - Marco de Canaveses), a prolífica cultura de algas azuis dá um colorido endémico muito verde, intensamente pastoso e pestilento às águas, imediatamente a jusante da cidade de Amarante. As suas margens, classificadas de «domínio público hídrico», outrora debruadas de areias douradas são agora pântanos de lodos negros, fétidos e nojentos onde se acumulam pastas verdes, sobras marginais de todo o tipo, lixos e latas, testemunhos de uma deplorável morbidez planetária que a civilização insustentável alcançou em terras amarantinas e o Estado consente.
O rio é vital para o concelho e a região, onde a cidade alivia os efluentes que poderiam afogar a obsoleta ETAR de Amarante, pronta a ser desmantelada e substituída há vários anos – concluída e inaugurada apenas há 10 (Fev.1999) com «equipamentos de última geração vindos expressamente de Inglaterra».
Mas, se a qualidade das águas correntes são o sangue da Terra, se Portugal é um Estado de Direito na Europa da União, e se a lei preconiza o «desenvolvimento sustentável» e «um uso eficiente, racional e parcimonioso deste recurso» (Resolução do Conselho de Ministros n.º 113/2005, de 30 de Junho), de que vale que estejamos em plena «zona protegida» (Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro (alínea jjj) - artigo 4.º) e em domínio de «ecossistema a recuperar» (Decreto Regulamentar n.º 19/2001, de 10 de Dezembro (alínea n) - Parte VI)?
Perante o papel ausente do Ministro deste Ambiente, do Presidente do Instituto da Água (Autoridade Nacional da Água) e da Administração Regional Hidrográfica, na gestão dos recursos hídricos e na função de garante do bom estado da qualidade das águas, ficamos com os destroços compósitos do Tâmega que durante milénios, até aos nossos dias, teve apenas água (H2O) na sua genuína composição fisico-química.
E perante a falaciosa campanha publicitária da EDP/Governo, para que não subsista a dúvida sobre o go(n)zo barragista para que todos fomos convocados pelo canto da água e pelo sofisma das 'energias renováveis', em Agosto de 2009, já sem rio na secção terminal do seu curso entre Amarante e o Marco de Canavezes, temos visíveis no espelho da albufeira os resultados do represamento das águas do Tâmega na Barragem do Torrão."
José Emanuel Queirós
Mas, se a qualidade das águas correntes são o sangue da Terra, se Portugal é um Estado de Direito na Europa da União, e se a lei preconiza o «desenvolvimento sustentável» e «um uso eficiente, racional e parcimonioso deste recurso» (Resolução do Conselho de Ministros n.º 113/2005, de 30 de Junho), de que vale que estejamos em plena «zona protegida» (Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro (alínea jjj) - artigo 4.º) e em domínio de «ecossistema a recuperar» (Decreto Regulamentar n.º 19/2001, de 10 de Dezembro (alínea n) - Parte VI)?
Perante o papel ausente do Ministro deste Ambiente, do Presidente do Instituto da Água (Autoridade Nacional da Água) e da Administração Regional Hidrográfica, na gestão dos recursos hídricos e na função de garante do bom estado da qualidade das águas, ficamos com os destroços compósitos do Tâmega que durante milénios, até aos nossos dias, teve apenas água (H2O) na sua genuína composição fisico-química.
E perante a falaciosa campanha publicitária da EDP/Governo, para que não subsista a dúvida sobre o go(n)zo barragista para que todos fomos convocados pelo canto da água e pelo sofisma das 'energias renováveis', em Agosto de 2009, já sem rio na secção terminal do seu curso entre Amarante e o Marco de Canavezes, temos visíveis no espelho da albufeira os resultados do represamento das águas do Tâmega na Barragem do Torrão."
José Emanuel Queirós
10 comentários:
Fóoooooooooonix, Anabela!
Desta paisagem não gosto!
Tadinho do rio Tâmega!
Mas onde pára quem pode fazer alguma coisa contra a agonia de um rio?
No que eu puder ajudar!
Pois eu também abomino ter de conviver com isto a cada Verão que passa sem nada ser feito.
Isto é um escândalo ambiental. E é escandaloso o silêncio à volta deste gravíssimo problema.
Ajuda a denunciar.
Obrigada.
Ajudo pois!
Vou pôr o link ou hiperligação nos e-mails.
Thanks, Eminh@!
Beijocas
Que tempo este, Anabela, que nos é dado viver!
Infamemente sórdido.
E -- paradoxalmente -- esperançoso!
Infamemente sórdido classifica isto muito bem, Ângelo.
Mas que vergonha de país este com políticos preocupados com maquilhagem quando as veias se encontram assim!
Beijinho
Caso para dizer, PORCA MISÉRIA. Em que sítio exactamente está esta vergonha?
Esta vergonha está por todo o rio logo a seguir à açude. Vai pela estrada junto ao rio em direcção ao Marco. A seguir à ponte da autoestrada vais encontrar uma estrada à direita em direcção ao rio, ainda em Cepelos. Mete por aí abaixo e pára na margem de um rio podre. Hoje deve estar ainda pior. Já vi das janelas de minha casa que eles fizeram uma descarga na albufeira e o rio está muito baixo. As poças infectas devem ser mais do que muitas. Leva calçado apropriado para andares à vontade. Não faças como eu que fui de sandalinhas. Denuncia, Ricardo.
Esta situação é insustentável!
Já reencaminhei para todos os meus contactos!
Este escândalo não pode continuar a ser silenciado, Dudú! Chega de faz de conta! Este país está tão nojento como esta massa de algas viscosa!
Obrigada pela tua colaboração.
Beijinho e votos de bom Domingo.
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