quarta-feira, 3 de março de 2010

Tragédia



Tragédia

"Um País que não é capaz de acarinhar e proteger as crianças caminha para uma espécie de barbárie. Merece estar no fundo do poço."

Ramiro Marques
Daqui.
E também neste blogue não haverá mais postagens por hoje. Esta permanecerá a única e funcionará como chamada de atenção para um problema, o bullying, que parece estar a tomar proporções verdadeiramente preocupantes, alarmantes e, como neste infeliz caso, trágicas.
Nesta hora, independentemente de tudo o resto, penso na família... e se o Leandro fosse meu filho?

18 comentários:

maria eduarda disse...

Muito triste e revoltante!Estou comovida.

Anabela Magalhães disse...

Dizes bem, Dudú! Que hora do diabo!

Safira disse...

Olá Anabela!

Fiquei chocada, mas não surpreendida com esta notícia. Nós professores, que todo os dias contactamos com crianças destas idades, sabemos que há violência nas escolas e quem sofre mais são os mais fracos.

Esta criança, para cometer este acto, deve certamente, ter sofrido muito, ter sido saco de pancada, para regozijo dos malfeitores que proliferam nas escolas.

Por estas e por outras eu sou contra a escola inclusiva desde há muito tempo.

Uma palavra de solidariedade para os pais do Leandro. Muita coragem...

Abraço solidário,

Safira

Anabela Magalhães disse...

Olá Safira!
É certo que há violência nas escolas e todos nós já contactamos mais ou menos de perto com ela. Tenho a sorte de estar numa escola relativamente pequena, onde os miúdos são maioritariamente sossegados, e onde os professores andam atentos. É importante "matar" estas situações à nascença. Colocar-lhes ponto final antes que virem situações perfeitamente rotinadas que depois descambam em tragédias.
Uma discordância relativamente à escola que eu quero inclusiva por princípio. ;)
Beijocas

Cristina Ribas disse...

Estas situações não têm explicação!
Pois é, Anabela! Se fosse meu filho, ou teu filho...
Eu sou a favor da inclusão, Safira, mas incluir não pode significar justificar ou desculpar, caso contrário as crianças agressoras, também muitas das vezes vítimas do ambiente em que nasceram a cresceram, não terão oportunidade de alterar o rumo da sua vida.

O problema é que a inclusão, bem necessária, é bastas vezes usada contra aqueles que diz pretender incluir...

Anabela Magalhães disse...

E já pensaste no sofrimento desta criança? No desespero do acto?
SE tudo se passou como o relatado é absolutamente chocante.
Eu também defendo a inclusão, Cristina, muito embora tenha consciência de que por vezes essa inclusão não é possível e que, nesses casos, os miúdos devem ser acompanhados para outro tipo de instituições que disponham de técnicos mais especializados.
Deverá ser assim. A Escola não aguenta com tudo. E quando a Escola não consegue responder tem de se caminhar noutra direcção. Inclusão cega, não!

Cristina Ribas disse...

Concordo, Anabela!
Tal como inclusão não pode servir para justificar ou desculpar, também não pode servir para colocar num espaço que pode não estar preparado para receber crianças e jovens com determinadas características, pode não ser o melhor para determinadas crianças e jovens, mas, é preciso que as instituições que têm esta função, existam em número suficiente e tenha, qualidade. A política social / educativa em Portugal está muito atrasada. De facto, as crianças e os jovens, a pessoa que são as crianças e os jovens, interessa pouco. É triste verificar isto porque agora foi o Leandro e depois será outra criança ou jovem porque, na verdade, nada muda...

Mas é como dizes - se a história se passou assim, porque pode estar ainda muita coisa por saber...

Cristina Ribas disse...

Independentemente da forma como se tenha passado, esta criança deve ter sofrido muito, demasiado...

Anabela Magalhães disse...

A política, em Portugal, é uma vergonha, Cristina. A social e educativa também. Os prémios vão para os chicos-espertos e quem trabalha é até alvo de gozo. É um país doente e deprimente em que a trapaça, a desonestidade e a mentira nos são servidas em bandeja de ouro.
Assim não vamos lá. :(

Teresa Alves disse...

Lamento muito o que aconteceu ao Leandro e espero que não volte a acontecer tamanha tragédia!!
Desculpem, valorizo e acredito numa escola inclusiva, embora reconheça que às vezes remamos contra a maré!Quero só recordar que muitos dos alunos agressores não são oriundos de famílias problemáticas, já pude confirmar isso até na escola onde estou!Muitos agressores são alunos provenientes de famílias ditas estruturadas e que têm todas as facilidades criadas pelos pais excepto a educação, as regras e o respeito pelos outros!!Humilham, ridicularizam só pelo aspecto exterior, pela falta de dinheiro, pela ausência de roupas de marca e até pelo insucesso escolar dos seus pares!!
Por favor, nem tudo vem de alunos com problemas familiares!!
Desculpem o desabafo, mas estou cansada de não se dar carinho e atenção a meninos que nada têm em casa e ainda são responsabilizados de coisas que não fazem!!
Espero, desejo que TODOS os agentes educativos estejam atentos!!
As minhas mais sinceras condolências à família do Leandro!!

Anabela Magalhães disse...

É verdade o que dizes, Mafalda. Este problema não é apanágio da classe B ou C e atravessa toda a sociedade dos mais ricos aos mais pobres, desde que mal formados interiormente. É um problema complexo, que já existia no meu tempo de estudante e no tempo do meu pai e que urge atacar e atalhar mal surja. A tolerância deve ser zero. E há que estar atento ao mínimo sinal.
Beijinhos

Teresa Alves disse...

Total e literalmente de acordo, Anabela.
Assim continuaremos a fazer!Beijinhos

Em@ disse...

Perdi-me totalmente desta tragédia. Hoje não vi televisão. Tive um dia muito cheio com afazeres inadiávies.
Só agora vim aqui.
E estou assim em choque. Eu que há longos anos trabalho com crianças diferentes por mau jogo na lotaria genética ou por exclusão social, tenho trabalhado o bullying com tenacidade e não perdoo uma única vez ao buller.
Infelizmente...
.
Peço-te licença para levar comigo o recorte do jornalpara ser o 1º post de amanhã.:(

Anabela Magalhães disse...

Se estes casos forem atalhados à nascença não aumentarão como uma bola de neve.
Beijocas Mafaldinha!

Anabela Magalhães disse...

Leva o que quiseres, Em@. Eu própria trouxe do Ramiro... ontem já não tive pachorra para mais. É mesmo preciso chamar a atenção para este problema gravíssimo. Amplia, pois!
Beijinho

tsiwari disse...

Se a fragilidade de uns encontra a selvajaria (fragilidades simuladas?) de outros pode ter consequências muito graves (e tristes, sempre!).

Quem lida com crianças e jovens sabe que o que espanta é mesmo a resiliência dos miúdos vítimados.

Não consigo sequer imaginar o que vai na alma dos que amavam o Leandro.

;(

Anabela Magalhães disse...

É verdade, Tsiwari, foi também neles que eu pensei, ontem, ao saber a notícia.
E no desespero daquela criança...

Reverendo Bonifácio disse...

Lamentável, inevitável a meu ver na actual conjuntura em que qualquer desculpa é suficiente para desresponsabilizar os jovens (e não só, vejam que impunibilidade vem de cima) de actos mais ou menos reprováveis. Quanto à escola inclusiva... inclusiva de quê? Bastas vezes esse conceito é, pelo que me é dado observar, uma boa desculpa para o estado poupar uns cobres e "despejar" crianças, que mereciam mais e melhor, em escolas às quais não são dados os instrumentos para as enquadrar. Bem, mas isso digo eu, que não tenho uma mente iluminada como devem ter aqueles que ocupam os gabinetes do ministério.

 
Creative Commons License This Creative Commons Works 2.5 Portugal License.