Catra pum pum pum!
Hoje faço um interregno de alunos e educação. Voltarei proximamente ao tema.
Hoje quero falar da emoção que sempre sinto quando consigo colocar-me na primeira fila da roda que se forma, instantaneamente, em volta dos grupos de bombos, ou Zés Pereiras, que vão chegando ao Largo iniciando o despique que se prolonga noite dentro.
Deliro com os grupos de bombos, e este meu gosto acompanha-me desde tenra idade, desde que me lembro de os ver subir a Rua da Cadeia, a rua dos meus avós paternos. Gosto daqueles batimentos fortes e profundos, até violentos, e quando estive em S. Simão a leccionar à noite, a adultos, tive até o supremo prazer de experimentar tocar com o grupo local, e de sentir na pele a violência física que constitui esta actividade. Por isso aprecio ainda mais estes homens, e raras mulheres, aprecio os praticantes desta actividade popular, reconhecendo na pele o esforço que os faz ficar encharcados da cabeça aos pés logo nas primeiras bombadas. O ritmo é simples, primário, às vezes frenético e avassalador, não conhecendo muitas variantes, mas a cada batida vinda das profundezas daquelas peles esticadas estremeço da cabeça aos pés e aqueles batimentos misturam-se com os batimentos do meu coração. Por vezes salta um ou dois tocadores para o centro do círculo, agora transformado em arena, e é vê-los a tourearem-se num espectáculo único, violento, de ritmos cada vez mais acelerados parecendo, os tocadores, simplesmente possuídos pelo demo. A assistência aplaude satisfeita encorajando a entrega de corpo e alma à actividade. Os tocadores retribuem.
Ontem foi noite de andar em cima do acontecimento, de máquina fotográfica em punho, captando o Grupo de Bombos de Sto André, de Freixo de Cima, que resultou num colorido bonito de se ver. Partilho as minhas fotografias da melhor noite do cartaz das Festas de Junho ou Festas de S. Gonçalo e que todos os anos se repete à mesma hora, no mesmo local. Neste caso a tradição ainda é o que era.
Deitei-me por volta das três da manhã. Ainda se bombava forte e feio no Largo. A noite ainda era uma criança.
Hoje faço um interregno de alunos e educação. Voltarei proximamente ao tema.
Hoje quero falar da emoção que sempre sinto quando consigo colocar-me na primeira fila da roda que se forma, instantaneamente, em volta dos grupos de bombos, ou Zés Pereiras, que vão chegando ao Largo iniciando o despique que se prolonga noite dentro.
Deliro com os grupos de bombos, e este meu gosto acompanha-me desde tenra idade, desde que me lembro de os ver subir a Rua da Cadeia, a rua dos meus avós paternos. Gosto daqueles batimentos fortes e profundos, até violentos, e quando estive em S. Simão a leccionar à noite, a adultos, tive até o supremo prazer de experimentar tocar com o grupo local, e de sentir na pele a violência física que constitui esta actividade. Por isso aprecio ainda mais estes homens, e raras mulheres, aprecio os praticantes desta actividade popular, reconhecendo na pele o esforço que os faz ficar encharcados da cabeça aos pés logo nas primeiras bombadas. O ritmo é simples, primário, às vezes frenético e avassalador, não conhecendo muitas variantes, mas a cada batida vinda das profundezas daquelas peles esticadas estremeço da cabeça aos pés e aqueles batimentos misturam-se com os batimentos do meu coração. Por vezes salta um ou dois tocadores para o centro do círculo, agora transformado em arena, e é vê-los a tourearem-se num espectáculo único, violento, de ritmos cada vez mais acelerados parecendo, os tocadores, simplesmente possuídos pelo demo. A assistência aplaude satisfeita encorajando a entrega de corpo e alma à actividade. Os tocadores retribuem.
Ontem foi noite de andar em cima do acontecimento, de máquina fotográfica em punho, captando o Grupo de Bombos de Sto André, de Freixo de Cima, que resultou num colorido bonito de se ver. Partilho as minhas fotografias da melhor noite do cartaz das Festas de Junho ou Festas de S. Gonçalo e que todos os anos se repete à mesma hora, no mesmo local. Neste caso a tradição ainda é o que era.
Deitei-me por volta das três da manhã. Ainda se bombava forte e feio no Largo. A noite ainda era uma criança.
Acrescento - Zé, ouviste-os? Sentiste-os aí na gelada Noruega? Derreteram o gelo???!!!
13 comentários:
Gostei especialmente da parte "aqueles batimentos misturam-se com os batimentos do meu coração" pois é bem verdade pois também o sinto.
Muito bem. Copiei-lhe a ideia e fui postar noutro local, algo parecido.
Desculpe o copianço.
Mas as crianças não me deixaram ir áquelas horas proscritas para os ouvir bombar.
Ouvi-os de casa, a mais de 3 km de distância.
Obrigada, Ocix, partilhamos então os batimentos dos nossos corações com bombadas de zés pereiras à mistura!!!
Ah! Vida boa!
Beijinhos
Esteja à vontade, Passiflora. Comigo esteja sempre.
Bjs
E já vi que os corações bateram bem forte e os olhos arregalaram-se com o colorido. E o ouvidos é que sofreram um bocadinho mas vejo que valeu a pena.
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E vejo aqui a sensibilidade poética e romântica do "ocix" a transpirar. É assim mesmo.
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E viva o S. Gonçalo de Amarante!
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Carpe diem!
Os corações bateram bem forte aqui por Amarante. Neste caso pelas melhores razões!!! :D
Ouviste-os, Raul?
Estão a chegar por aqui agora "as batidas"... vão chegando devagarinho....
Não os ouvi ontem, minha Princesa. Ouvi-os agora, ao ler a tua descrição, porque não usaste palavras escritas apenas, insuflaste nelas todo o teu sentir. Por isso todos as ouvimos. Aqui, por estes lados, há batucadas que valem por óperas (são, aliás, o que elas são, óperas de África". São ainda mais impressionantes, ou pelo menos diferentes, quando se ouvem ao longe. Falam os tambores, falam e contam emoções das mais variadas. As de luto impressionam até à medula.
Ora, mas agora o que interessa é mesmo fruir a festa. Ainda um dia hei-de ir a estas festas, mas sozinha, anónima e incógnita no meio da multidão: S. Gonçalo, Senhor de Matosinhos, Festa de Nossa Senhora dos Remédios, Nosssa Senhora do Pópulo, Nossa Senhora dos Milagres. Não sei porquê, mas tenho que ir. Nunca fui. Tenho é que me despachar, que o tempo a descer é muito rápido...
Diverte-te. Com toda a tua gente. Toda. Um beijo da Avó Pirueta
As batucadas africanas entranham-se em nós até à medula.
Já tive o prazer de as ouvir noite dentro, à volta duma fogueira, em pleno deserto líbio, libertadas por um "pide-guide" doido por elas... mas é que só lhe faltava entrar em transe de tal modo vibrava com elas!! Libertadas também por dois tuaregues com a música à flor da pele que nos acompanharam todo o tempo em que andamos embrenhados no Sahara.
Excelentes recordações. Excepcionais recordações.
Ainda me falta chegar a essas de que falas. A essas incomparavelmente mais negras.
Bjs e fica bem.
e viva o são gonçalo.
mas é que choro como uma madalena depois de ler o comentário.
meu deus, acho até que se da infancia da milu fizesse parte esta batida se tivesse acordado dias sem fim em lençois brancos de puro linho ao som deste batimento não seria milu no ME como é agora.
se calhar seria professora, por ter coração puro.
ana
Obrigada, Ana, pelo comentário.
Sem dúvida o rosto fechado, zangado, permanentemente crispado, da ministra da Educação portuguesa, dá um case study. Um dia destes disserto sobre o assunto.
Quanto às tuas memórias de "acordares" dentro de lencóis de linho, ao som dos ditos, partilho-as. Aliás, tenho ainda o privilégio de continuar a experimentar "acordares" assim!
احتفال رائع على ما يبدو!!!
هل هو سنوي او شهري؟؟؟؟؟وهل يقام في الساحة المقابلة للكنيسة؟؟؟ظ
Sim, Sahel, é no Largo de S. Gonçalo, mesmo em frente da Igreja com o mesmo nome que tu tão bem conheces.
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