As Árvores Morrem de Pé - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Hoje partilharei uma poesia da Regina Sardoeira por quem nutro um carinho muito especial.
Professora experiente de Filosofia, foi quem eu contactei quando, preocupada pelo facto da minha filha, estudante no secundário, chegar a casa a dizer-me "Odeio Filosofia!", quis reverter esta situação. Como se pode dizer "Odeio Filosofia?" de uma das disciplinas mais importantes de toda a minha formação académica? Como se pode dizer "Odeio Filosofia!" de uma disciplina das mais importantes de toda a formação do pai dela, com um curso feito de químicas a torto e a direito e para todos os gostos? Confesso, tal facto deixava-nos preocupados...
Foi aí que me lembrei da Regina... e qual não foi o meu espanto quando a J, saída da primeira sessão filosófica com a Regina Sardoeira, me diz com um sorriso estampado na cara "Ah! Afinal Filosofia até é muito interessante."
Valeu Regina! Fiquei a dever-te esta para o resto da minha vida! E hoje aproveito para te agradecer publicamente este ponto de viragem... e para te agradecer uma poesia que eu amaria muito ter escrito.
Dedico-a a todos os boicotadores do trabalho dos outros. Gente que boicota porque quanto mais os outros trabalham, mais eles saem diminuídos na fotografia.
Atenção que os boicotadores estão para além dos moinas. É uma estirpe ainda mais rasteira, ainda mais sem escrúpulos e sem coluna vertebral que se dedica a fazer desaparecer ou a achincalhar o trabalho dos outros... hihihi... como se isso fosse possível.
As árvores morrem de pé. Algumas pessoas também... independendentemente da posição tomada à hora em que se dará o embarque...
AMO OS BRAVOS
amo os bravos
que desferem golpes
com a galhardia e a audácia das origens
e não se rendem
ao lacrimejar dolente
das mornidões
urdidas em toques de veludo
... amo
os que de peito aberto
oferecem ao inimigo
a vibração completa do seu ser
em vez de velarem o rosto
numa máscara
feita de pudor doentio
(ou de sarcasmo)
amo os guerreiros
que usam como arma
os próprios braços
e lançam arremessos
abertos
ao sol do meio dia
em lugar de buscarem
as sombras do crepúsculo
para espetarem farpas traiçoeiras
amo os leões
trajados de ouro
e ondulando a juba
no alto dos rochedos
e a dignidade austera
com que lambem as feridas da batalha
e não suporto
o rastejar furtivo da serpente
e o veneno com que agride
(de morte ou de tortura )
o altaneiro caminhante da floresta
amo
aquele que mostra a fronte
e olha do alto e para cima
atento ao rumor do vento e às tempestades
e não posso ver os que se encolhem
receosos
do fragor do trovão
e da faísca
que os persegue
na sua cobardia
Amo os bravos
e também eu sou brava
e guerreira
e leonina
e solto a juba
e lambo as feridas
e jamais me acoito à sombra de quem seja
Vinde e lutai comigo
(mas só se fordes bravos)
porque se trouxerdes convosco
o veneno da serpente
o visco repelente dos cobardes
o frio calculismo dos lojistas
o olhar turvo de donzelas amimadas
a torpe mornidão dos invejosos
nenhuma luta vos darei
e a gargalhada
que me explode nas entranhas quando vejo
o vosso jogo pérfido de anões
far-vos-á cair de um golpe só
e sereis na lama
somente um triste opróbrio
e de vós mesmos
o espelho retorcido
amo os bravos
que desferem golpes
com a galhardia e a audácia das origens
e não se rendem
ao lacrimejar dolente
das mornidões
urdidas em toques de veludo
... amo
os que de peito aberto
oferecem ao inimigo
a vibração completa do seu ser
em vez de velarem o rosto
numa máscara
feita de pudor doentio
(ou de sarcasmo)
amo os guerreiros
que usam como arma
os próprios braços
e lançam arremessos
abertos
ao sol do meio dia
em lugar de buscarem
as sombras do crepúsculo
para espetarem farpas traiçoeiras
amo os leões
trajados de ouro
e ondulando a juba
no alto dos rochedos
e a dignidade austera
com que lambem as feridas da batalha
e não suporto
o rastejar furtivo da serpente
e o veneno com que agride
(de morte ou de tortura )
o altaneiro caminhante da floresta
amo
aquele que mostra a fronte
e olha do alto e para cima
atento ao rumor do vento e às tempestades
e não posso ver os que se encolhem
receosos
do fragor do trovão
e da faísca
que os persegue
na sua cobardia
Amo os bravos
e também eu sou brava
e guerreira
e leonina
e solto a juba
e lambo as feridas
e jamais me acoito à sombra de quem seja
Vinde e lutai comigo
(mas só se fordes bravos)
porque se trouxerdes convosco
o veneno da serpente
o visco repelente dos cobardes
o frio calculismo dos lojistas
o olhar turvo de donzelas amimadas
a torpe mornidão dos invejosos
nenhuma luta vos darei
e a gargalhada
que me explode nas entranhas quando vejo
o vosso jogo pérfido de anões
far-vos-á cair de um golpe só
e sereis na lama
somente um triste opróbrio
e de vós mesmos
o espelho retorcido
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