domingo, 19 de maio de 2013

Reflexão Sobre o Processo Eleitoral num Agrupamento

Azáleas - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
 
Reflexão Sobre o Processo Eleitoral num Agrupamento

Por acaso o que motiva este post é o processo eleitoral, eu preferiria chamar-lhe escolha, que decorre no meu agrupamento, para se encontrar o/a director/a que dirigirá os destinos de toda uma comunidade educativa nos anos mais próximos. Mas podia nem ser, podia ser o processo eleitoral/de escolha de director/a de um outro agrupamento qualquer deste país à beira mar plantado que as críticas seriam exactamente as mesmas.
Não gosto deste sistema. Acho-o dado ao vício, profundamente dado às jogadas, às manobras de trocas de votos, de "vendas" de votos, às influências das forças partidárias, ou de outras forças vivas, chamemos-lhes assim, da cidade, da vila, do que for. Não gosto deste sistema.
Este modo de chegar/encontrar/escolher/eleger o/a director/a de um agrupamento foi engendrado por políticos enfeudados num sistema que privilegia a influência, a ligação, o pequeno poder, o pálio da cobertura e que, por isso mesmo, não presta. É lixo. Tão longe do processo eleitoral profundamente democrático que encontrei quando iniciei a minha carreira docente... uma cabeça, um voto, reivindicação do povo reunido nos Estados Gerais convocados por Luís XVI a um passo de estalar a Revolução Francesa, farto de perder, inevitavelmente, com o sistema de votação por ordem que permitia a união entre Clero e Nobreza. Andamos para a frente, andamos para trás, e como andamos para trás temos agora a eleição/escolha do/a director/a, e que podia estar nas mãos de centenas de pessoas que trabalham neste agrupamento, nas mãos de apenas vinte e uma pessoas e em que a maioria de votantes é exterior ao próprio agrupamento e sabe lá o que por lá se passa!
Jogadas para aqui, pressões para acolá, encostanços à parede para acoli, os processos eleitorais transformaram-se em coisa indigna, suja, nojenta até, com forças partidárias envolvidas até ao tutano e do conhecimento geral porque é impossível reter a informação numa terra tão pequena como esta em que todos conhecem todos e que é um rectângulo chamado Portugal.
Lamento isto. Já vi este filme muitas vezes. Não contem comigo para dele participar. Não contem comigo para estes números tristes. Sou uma zeca, um soldado raso. Foi para isso que me formei, seguindo a minha vocação. Não aspiro a galões. Abomino cargos. Não aspiro a nada que me possa retirar da sala de aulas, o meu lugar sagrado na Escola, a não ser que eu transforme um qualquer exterior ou interior numa verdadeira sala de aulas.
Assim iniciei a minha carreira, assim quero permanecer até ao fim dos meus dias.
Tenho dito.

Nota 1- Até escolhi flores para me alegrar o Domingo... rsrsrssrsrsrs... que coisa feia!
E, senhores políticos desses polvos chamados partidos políticos, mudem este processo eleitoral, indigno sempre, mas especialmente indigno quando se trata de uma Comunidade Educativa que deve ser, em todos os processos, exemplar, e restituam-no, de novo, de novo!, às bases, às mãos legítimas de onde ele nunca deveria ter saído.

Nota 2 - (escrita às 16:22) - Que fique bem claro que este post foi escrito tendo por motivação o processo eleitoral do meu agrupamento. Que fique bem claro que eu não disse nada mais para além disto. Parece que o meu português não é entendível por alguns. Que fique bem claro que a minha crítica está muito para além de um caso particular e concreto porque está acima dele e é uma crítica geral à política baixota que estes políticos rasteiros engendram, propositadamente. Nada disto é inocente. Nem aqui, nem ali, nem acoli.

5 comentários:

António Pires disse...

Completamente de acordo... este processo é uma vergonha. Voltemos à eleição, verdadeiramente, democrática.

A. Pires

PaulaCD disse...

Concordo e partilho. Ós partidos políticos é que engendraram está vergonha.

Luís Sérgio disse...

Para melhor tomarem conta das escolas engendraram este Modelo de Gestão Fascista. Durante algum tempo esteve esquecido das lutas docentes. Os sindicalistas que assinaram de truz a avaliação nunca o deveriam ter feito, emtreoutras coisas, sem exijir o fim desta gestão,
Reflexão oportuna.
Luís Sérgio

Anabela Magalhães disse...

Também a queria de novo, António Pires e Paula CD!

Anabela Magalhães disse...

Este modelo de gestão, este sistema "eleitoral" não servem. Mas, pelo menos o sindicato de que sou associada sempre o afirmou... mesmo à rebelia de muitos professores... assisti eu...

 
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