domingo, 29 de novembro de 2015

Dióspiros - Overdose

Dióspiros - S. gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Dióspiros - Overdose

Como-os pecando ano após ano, uma e outra vez, com verdadeira e assumida gula, sentindo um prazer indescritível quando os sinto a desfazerem-se, frescos, incríveis!, no interior da minha boca.
Este é o fruto impossível. Começa logo na cor, cor de fogo quase florescente de tão luminosa, e, depois, retirada a fina pele, os seus interiores são ainda mais arrojadamente fogo. Depois de grosseiramente desfeitos, polvilho-os com abundante canela e faço aquela mistura explosiva do fogo com a terra quente, de textura indizível, que vai posteriormente desaparecendo do meu prato, devagar, em direcção a cada célula do meu corpo.
Os dióspiros são um meu amor tardio, é um facto. Mas são um dos meus amores amalucados.
Vai daí, continuo a insistir nos dióspiros e, enquanto os tenho disponíveis para sobremesa, não me ofereçam outra coisa porque eu não quero. Vai daí, continuo a perseguir a utópica overdose...

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