E. B. 2/3 de Amarante - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
A escola, a que dei o litro todos os dias da minha vida em que por lá trabalhei, nesta última fase desde 2009, começou a morrer de forma acelerada dentro de mim a partir da passada quinta-feira, dia 19 de Julho de 2018. Na sexta-feira seguinte, dia 20 de Julho de 2018, entrou em estado de coma e ficou ligada a máquinas através de umas tubagens manhosas como o raio que as parta a todas. E assim permaneceu durante todo o fim-de-semana. A marinar.
Desde ontem, segunda-feira, dia 23 de Julho do ano de 2018, com o país governado por gente que se intitula de socialista (que vergonha!) espaldada por gente que se diz de esquerda (PCP e BE... que vergonha!) - trabalho numa escola morta. A minha escola, que eu jamais voltarei a escrever, palpita-me!, com letra maiúscula, morreu mesmo à minha frente antes do início de uma "coisa" a que agora também se chama reunião de avaliação.
Fiz greve, mas, ao fazê-la, não escaqueirei tudo e protegi quem devia proteger - os Meus Alunos. Confesso que chorei, ali mesmo, tapei a minha cara com as minhas duas mãos de Mãe, Avó, Professora, e chorei. E respirei fundo tentando não perder o meu Norte, não me desviando um centímetro da lealdade que devo a Alunos que são Meus e que não podem ser de modo algum prejudicados pela minha greve. E protegi-os.
A reunião fez-se comigo em greve e comigo saíram mais dois elementos daquele conselho de turma que ainda não tinha começado.
E eis que a doutora Pastor ganhou. Uma funcionária da Dgeste, uma funcionária pública, portanto, ganhou. Fabuloso! Ganhou mesmo à legislação que sempre nos norteou para a realização dos conselhos de turma de avaliação. Mas, ao ganhar, ali e agora, ao fazer ajoelhar/rastejar uma escola ao poder prepotente, arbitrário e indigno, matou uma escola que foi minha.
Sim, a Dgeste tem um Código de Conduta que pode ser lido se clicarem aqui. Curioso, andei por lá e pareceu-me hilariante.
Hoje, um dia depois da morte da minha escola, faço questão de lhe escrever o epitáfio:
Uma escola Ajoelhada ao Poder (Prepotente, Arbitrário e Indigno) É Uma escola Morta
Quanto a mim, ex-professora orgulhosa de uma escola pública que defendi com unhas e dentes, continuo em greve. Porque não admito que este meu direito, defendido pela Constituição Portuguesa, seja pisado, estilhaçado, feito em cacos. Continuo em greve. Orgulhosamente.
E não, não irei de férias metendo atestado médico como circulou pela minha escola. Por uma razão muito simples - estou, finalmente e tanto quanto sei depois de um ano de trabalho penoso, bastante bem de saúde.
7 comentários:
Bem hajas pela tua coerência. Sempre te conheci assim Anabela.
E assim deves continuar.
Tenho-a acompanhado em silêncio, mas hoje não posso calar-me.
Li-a até às lágrimas...
Também fiz greve, mas cedi aos serviços mínimos... sei que não podia deixar de os cumprir, ainda assim, com o rosto entre as mãos, chorei a morte da minha escola. E a minha.
A Democracia morreu... penso que em vez de 24 de julho haja um erro; mais me parece 24 de abril...
Quando surgiu na Legislação o Conselho Geral, eu tive o pressentimento que era um passo para o fim da Democracia.
Socialistas desde Sócrates e a Marilú, António Costa..., são tudo menos democratas.
Gostam é de poder, nada mais. Só um professor... louco vota PS. As Direções transformaram-se em agentes da PIDE, sejam de direita ou de esquerda.
A PIDE voltou...
Fascistas.
Estou como a colega. Fiz greve. E sinto-me bem. Oa outros estão descansados, começando pelo diretor, porque já podem ir de férias.
Morremos na praia e merecemos esta morte, porque a maioria dos professores é mansa e não tem estaleca.
Por mim, a luta agora perdida terminou para sempre. Não mais manifestações nem greves. Não mais solidariedade com os COLEGAS. ACABOU! Cada um por si.
Um abraço solidário apenas para si. Lutámos até onde pudemos. Fomos derrotados pelos nossos, não pela doutora guardadora de rebanhos.
Os diretores prepotentes gritarem de alegria afinal era isso que eles queriam desde a primeira hora. Sempre clamaram isso. Uns de viva viz outros em surdina.. estão a esgotar-nos.
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