quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Anabela, Como Estamos de Lutas?



Anabela, Como Estamos de Lutas?

Pois, por mim, e por agora, não estamos, respondi eu na escolinha... a não ser que as lutas voltem a ser sérias e voltem a ser a sério.
Durante os últimos anos de exercício desta complexa profissão apenas participei activamente em duas grandes lutas:
- uma, a greve convocada pelo S.TO.P que fez estremecer o governo no final do ano lectivo anterior, e dentro dele o ministério da educação, apesar de todos os boicotes à luta, apesar da contra-informação, apesar das ordens ilegais enviadas às escolas, apesar dos inspectores, das notícias que, sendo-o, nunca viram a luz do dia, e que fez estremecer a fenprof - "traidores" foi o que Mário Nogueira chamou a quem lutava nas escolas pelo respeito a toda uma classe, "esta greve não é a nossa" foi o que Mário Nogueira proferiu entre dentes num qualquer programa de televisão... como se a luta de professores tivesse dono e como se o dono disto tudo, ou da luta, fosse ele.
- outra, a Iniciativa Legislativa de Cidadãos que chegou a bom porto, apesar da indiferença e do alheamento da maioria dos professores, apesar do boicote expresso do pcp e da fenprof, mas que deu em zero... nunca por falta de comprometimento de quem a pensou, redigiu e deu o corpo ao manifesto por ela, que fique bem claro! e sim pela falta de muita vergonha na cara dos senhores deputados que, salvo o ps, sempre fizeram questão de afirmar um princípio básico - o tempo de serviço é para se contar por inteiro aos professores. Sim... e depois?! Não tinham uma maioria parlamentar?!

Ou seja, no Verão passado, um grupo de professores lutou contra três inimigos, sendo que dois eram externos - ME/governo e ainda os senhores pulhíticos deputados - enquanto um terceiro acoitava-se no meio de nós, disfarçado de grande e eterno lutador.
Assim sendo, e voltando à resposta inicial, não contem mais comigo para andar de petições ou abaixo-assinados na mão a pedinchar assinaturas a quem perdeu o respeito por si próprio... muito embora eu até as/os possa assinar, não contem comigo para manifestações fofinhas no 5 de Outubro ou em qualquer outra data, ou para greves de um dia, dois que sejam!
Se quiserem lutar a sério, estarei lá, dando o meu corpo às balas com a certeza que, entrando na luta, nunca serei uma desistente.
 
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