sábado, 26 de julho de 2008

"Trogloditas Civilizados"





"Trogloditas Civilizados" - Espanha
(mas podia ser num outro sítio qualquer)
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

"Trogloditas Civilizados"

Em Espanha instalou-se uma campanha sem tréguas contra o problema gravíssimo que é o da violência doméstica e que se exerce, geralmente, no sentido homem - mulher.
O problema é muito grave no país vizinho e é muito grave um pouco por todo o mundo dito civilizado ou dito incivilizado, muito embora eu não goste desta terminologia, desta dicotomia. Porque "trogloditas" somos todos nós que permitimos que dentro da nossa casa se continuem a matar as nossas mulheres. E às mãos de quem? Não, não é preciso ir longe à procura dos assassinos "trogloditas". Não é preciso ir aos árabes, aos negros, aos ciganos, aos mouros, aos pobres e alienados. Muito embora os "trogloditas" também se escondam por aí pois os trogloditas não conhecem cores, etnias, religiões, partidos políticos, classes sociais.
As mulheres morrem dentro de portas assassinadas por quem devia caminhar com elas, assassinadas por quem as devia afagar, assassinadas por quem as devia proteger. As mulheres morrem assassinadas pelos seus maridos. Um nojo. Um asco. Um horror de violência. Mortas à pancada, ao murro, ao pontapé, à facada, violadas e violentadas uma e outra vez. Um horror de violência. Aqui e ali. Ontem. Hoje. Sempre.
A Espanha resolveu enfrentar o touro de pé, e de frente, que é como ele tem de ser enfrentado. E ao olhar para estas fitas e estas flores presas nas varandas das câmaras municipais lá dos sítios, expostas, obscenas, não posso deixar de pensar e de exclamar "Tantas! São tantas!" Sendo que uma seria sempre demais.
E sinto vergonha. Vergonha pelo meu mundo dito de civilizado.
De facto não é preciso ir lá fora buscar exemplos deste "trogloditismo" masculino. Deste primarismo violento que nada respeita. A barbarie está entre nós. Em Portugal também. Basta olhar para o nosso umbigo com olhos de ver.

2 comentários:

Avó Pirueta disse...

Querida Anabela, vou postar uma mensagem para ti. Espero que não me julgues intrometida, mas eu gostaria imenso de te dizer isto.
Quanto ao teu poste de hoje, estás cheias de razão. Pessoalmente, penso que qualquer dia levo uma carga de pancada, aqui ou lá, porque ando a ensinar as mulheres que os homens não são de vidro. E que quando eles lhes baterem, elas que peguem num pau e dêem umas boas pauladas, porque se partirem alguma coisa, os ossos curam-se. E uma vez uma mulher, portuguesa, disse-me que bater num homem é falta de respeito! Aí, quem ficou com vontade de lhe bater fui eu.
Um beijo da Carmo

Anabela Magalhães disse...

É claro que bater num homem é falta de respeito. A parva da mulher esqueceu-se é que bater numa mulher também o é.
Aguardo a tua mensagem com expectativa.
Beijos

 
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