08/03/08 - Marcha da Indignação - Lisboa
Fotografias sei lá eu de quem...
Hoje volto aqui, a esta postagem jamais revisitada até ao preciso momento em que escrevo. Confesso que me é doloroso ver estas imagens tão prometedoras de mudança para melhor. Neste dia, tudo parecia possível. Mas não foi. Ou melhor, tudo foi possível... ao contrário e quase nada foi possível concretizar das reivindicações que nos levaram a Lisboa. De facto, a luta não se faz de um fogacho que se acende e que se apaga no momento seguinte e é preciso resiliência sem fim que, algures, se foi perdendo nos dias e nos anos seguintes... até aos dias de hoje em que muitos professores se mantêm à margem de tudo e mais alguma coisa, alheados e cansados de tanto ministro que já nos tutelou, cada um melhor do que o anterior.
Estamos hoje melhor, senhores políticos? Não estamos. Estávamos muito melhor quando estávamos unidos na luta, vivinhos da silva e a espernear por todos os lados. Uma classe profissional como a nossa, que se ocupa da docência, acompanhando directamente a geração seguinte, não deve estar submissa e de espinha dorsal quebrada e que implica, neste caso, uma postura tudo menos adequada à sua missão.
Nota - sta manifestação foi única. Quem participou guardará para sempre as memórias das emoções ao rubro. Quem não participou... dificilmente conhecerá este sabor...
DOMINGO, 9 DE MARÇO DE 2008
Manif - 8/3/2008
e de sei lá eu mais quem!!!!
Manif - 8/3/2008
Acabadinha de chegar de Lisboa testemunho, aqui e agora, que a manifestação foi impressionante. Mais impressionante ainda do que eu estava à espera. Bem sei que nestes últimos dias as previsões foram engrossando - 20 mil, 40 mil, 50 mil, 60 mil e na sexta falava-se já de 80 mil manifestantes. Fomos mais. Números oficiais, ouvi na rádio a caminho de Amarante, cerca de 100 mil pessoas que protestaram, e protestaram, levantando bem alto a sua voz, na capital, local onde se acoitam os nossos políticos.
Logo pela manhã suspeitei que fossemos muitos. Pela auto-estrada do Norte, os autocarros, com professores de luto, eram imensos. As áreas de serviço a abarrotar faziam já prever uma enchente. Parámos na área de serviço de Pombal que estava transformada num caos completo e absoluto. As casas de banho dos homens, foram ontem partilhadas pelas mulheres. Sim, ontem foi o Dia da Mulher e nóstranquilizávamos a rapaziada assegurando que não olhávamos para os urinóis ao que eles respondiam "Hoje não há homens nem mulheres. Hoje há professores!"
Recebo uma mensagem do Renato "Hoje é que quero ver se tens os t... no sítio." que me deixou a gargalhar. Resposta "Não duvides." O ânimo é excelente. Sabemos que nos espera um dia cansativo, mas a energia está ao rubro.
A chegada a Lisboa faz adivinhar o banho de multidão. A espera até começarmos a andar foi imensa. Enfim, com muito atraso, lá fomos em passo lento. Não abrimos coisíssima nenhuma, mas avançamos enérgicos chamando a atenção para o facto de sermos de Amarante. Ouviam-se palavras de ordem como "Piu, piu, piu, a ministra já caiu", "Ou, ou, ou, a ministra já voou" ou ainda cantorias do tipo "Voa, voa, ministra voa, vai pra casa trabalhar, tu sozinha não és nada, leva o Sócrates para atrapalhar", e ainda "Estes são os professores da Nação, unidos para vencer, orgulhosos de dizer, à ministra Não e Não".
Fomos aplaudidos pelas ruas. Amarante fez questão de se fazer notar e de fazer ouvir a sua voz. Os lisboetas comentavam dos passeios "Amarante, estão aqui! Parabéns!" Faziam questão de nos dar os parabéns e foi muito gratificante, sentir todo este apoio e carinho. Pais, encarregados de educação, avós... comovente até, o apoio sentido nas ruas.
Entramos na Praça do Comércio estava a acabar o comício. Os nossos colegas apercebendo-se que entravam na praça os professores de Amarante fizeram questão de nos aplaudir e ovacionar. Comovente de novo. Ainda cantamos o hino. Não deixámos ficar mal a terra de Acácio Lino, Amadeo de Souza-Cardoso, António Cândido, Agustina Bessa Luís...Fizemos muito barulho. Fizemos questão que lessem Amarante. Não gostamos que nos branqueiem e tentem silenciar o nosso descontentamento. O pessoal começou a desmobilizar mas a praça esvaziava de um lado e enchia do outro e os manifestantes não paravam de chegar. Parecia um rio revolto avançando imparável. Mário Nogueira voltou a falar, apercebendo-se que só agora entravam os professores do Norte. Do Norte, carago! A praça encheu de novo. Uma loucura. Uma loucura.
Cheguei estafada, mas ainda a tempo de escrever e partilhar o orgulho sentido, hoje, na primeira manifestação a que fui em toda a minha vida! Aos 46 anos, com mais de 20 de profissão, sem filiação partidária ou religiosa, foi preciso um governo socialista para me fazer integrar uma manifestação de rua. Foi obra!
Valeu. E vai valer. Olá se vai.
Acabadinha de chegar de Lisboa testemunho, aqui e agora, que a manifestação foi impressionante. Mais impressionante ainda do que eu estava à espera. Bem sei que nestes últimos dias as previsões foram engrossando - 20 mil, 40 mil, 50 mil, 60 mil e na sexta falava-se já de 80 mil manifestantes. Fomos mais. Números oficiais, ouvi na rádio a caminho de Amarante, cerca de 100 mil pessoas que protestaram, e protestaram, levantando bem alto a sua voz, na capital, local onde se acoitam os nossos políticos.
Logo pela manhã suspeitei que fossemos muitos. Pela auto-estrada do Norte, os autocarros, com professores de luto, eram imensos. As áreas de serviço a abarrotar faziam já prever uma enchente. Parámos na área de serviço de Pombal que estava transformada num caos completo e absoluto. As casas de banho dos homens, foram ontem partilhadas pelas mulheres. Sim, ontem foi o Dia da Mulher e nóstranquilizávamos a rapaziada assegurando que não olhávamos para os urinóis ao que eles respondiam "Hoje não há homens nem mulheres. Hoje há professores!"
Recebo uma mensagem do Renato "Hoje é que quero ver se tens os t... no sítio." que me deixou a gargalhar. Resposta "Não duvides." O ânimo é excelente. Sabemos que nos espera um dia cansativo, mas a energia está ao rubro.
A chegada a Lisboa faz adivinhar o banho de multidão. A espera até começarmos a andar foi imensa. Enfim, com muito atraso, lá fomos em passo lento. Não abrimos coisíssima nenhuma, mas avançamos enérgicos chamando a atenção para o facto de sermos de Amarante. Ouviam-se palavras de ordem como "Piu, piu, piu, a ministra já caiu", "Ou, ou, ou, a ministra já voou" ou ainda cantorias do tipo "Voa, voa, ministra voa, vai pra casa trabalhar, tu sozinha não és nada, leva o Sócrates para atrapalhar", e ainda "Estes são os professores da Nação, unidos para vencer, orgulhosos de dizer, à ministra Não e Não".
Fomos aplaudidos pelas ruas. Amarante fez questão de se fazer notar e de fazer ouvir a sua voz. Os lisboetas comentavam dos passeios "Amarante, estão aqui! Parabéns!" Faziam questão de nos dar os parabéns e foi muito gratificante, sentir todo este apoio e carinho. Pais, encarregados de educação, avós... comovente até, o apoio sentido nas ruas.
Entramos na Praça do Comércio estava a acabar o comício. Os nossos colegas apercebendo-se que entravam na praça os professores de Amarante fizeram questão de nos aplaudir e ovacionar. Comovente de novo. Ainda cantamos o hino. Não deixámos ficar mal a terra de Acácio Lino, Amadeo de Souza-Cardoso, António Cândido, Agustina Bessa Luís...Fizemos muito barulho. Fizemos questão que lessem Amarante. Não gostamos que nos branqueiem e tentem silenciar o nosso descontentamento. O pessoal começou a desmobilizar mas a praça esvaziava de um lado e enchia do outro e os manifestantes não paravam de chegar. Parecia um rio revolto avançando imparável. Mário Nogueira voltou a falar, apercebendo-se que só agora entravam os professores do Norte. Do Norte, carago! A praça encheu de novo. Uma loucura. Uma loucura.
Cheguei estafada, mas ainda a tempo de escrever e partilhar o orgulho sentido, hoje, na primeira manifestação a que fui em toda a minha vida! Aos 46 anos, com mais de 20 de profissão, sem filiação partidária ou religiosa, foi preciso um governo socialista para me fazer integrar uma manifestação de rua. Foi obra!
Valeu. E vai valer. Olá se vai.
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