"Meu fado, meu rosário"
"Ela vestiu-se das dores dos outros,
Calçou as luvas plásticas com que curava as suas feridas de alma
E aconchegou a filha única, amor supremo que a surpresa da vida lhe ofertou, em dádiva divina de um bem maior que o amor que a gerou.
O homem que amou não a mereceu, não a compreendeu,
Por isso, ele partiu sem deixar marca alguma nos sulcos dos seus caracóis, sem abrir página no livro da sua história...
Rumou ao Penedo, local de peregrinação quase diária,
E serenou os medos, os ais e os ares daquela Mulher que jaz deitada num leito de rosas,
ansiando pelo seu sorriso, o mais dolente do mundo,
à espera do sopro derradeiro que a faça, enfim, descansar...
Seu rosário, sufragar as moléstias que os outros não escolheram
Seu fado, vestir-se de rainha dona do baile embalado pelos seus próprios dedos, pelas suas próprias cores.
À noite, no silêncio do burburinho das injecções, dos mercúrios e das gazes, despe-se da sombra do seu próprio eco
E dorme o sono dos justos, ensolarada pela brisa nascente que sabe ser sua, que sabe ser lua...
Até a um novo amanhã..."
César Paulo Salema
Com autorização do seu dono, fui buscar este "post" ao blogue "A vida é uma magnólia". Confesso que o texto me tocou profundamente, e com este pano de fundo musical fiquei mesmo arrepiada. Lembrei-me de duas amigas. Dedico-lhes este "post". Sem nomes e sem iniciais. Cada uma delas, uma leitora assídua deste blogue, outra nem tanto, saberá, quando ler a mensagem e escutar esta "Meravigliosa Creatura", que esta mensagem de esperança só poderá ser para si.
"Meravigliosa Creatura"
4 comentários:
Belíssimo texto que juntamente com a música nos faz arrepiar.
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Histórias de mil e uma mulheres...
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E ainda bem que a força do amor não tem limites.
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Carpe diem!
Disseste bem, Raul, belíssimo texto que juntamente com a música nos faz arrepiar. Foi exactamente o que me aconteceu a mim.
E são histórias de mil e uma mulheres...
Beijinhos
Não tenho mais palavras. Senão recordar que a quem muito ama, muito se perdoa. Obrigada por teres tyrazido até nós o César. Que, por acaso, vou visitar a seguir. Um abraço sentido da Carmo
Foi um momento de excepcional inspiração do César. Que me tocou profundamente. Noutras circunstâncias se calhar nem tanto. Nestas muito. Arrepiei-me e isso não é coisa que me aconteça todos os dias.
Beijinhos, Carmo.
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