Flores Campestres - Barca - Serra da Aboboreira
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Flores Campestres
Acho que nem preciso de confessar que adoro flores. Tenho a certeza que todas as pessoas que frequentam este blogue já perceberam isso há muito. E este amor pelas flores vai das flores mais sofisticadas às mais singelas, vai das orquídeas às papoilas vermelhas.
Acho que nem preciso de confessar que adoro flores. Tenho a certeza que todas as pessoas que frequentam este blogue já perceberam isso há muito. E este amor pelas flores vai das flores mais sofisticadas às mais singelas, vai das orquídeas às papoilas vermelhas.
No jardim do Escorpião Azul, o meu único jardim, não semeio flores, não planto flores. Jamais tive a tentação de por lá plantar palmeiras. Jamais tive a tentação de por lá semear flores que me exijam regas constantes, contrárias ao meu espírito ecológico. E faço o quê, então, para que a Natureza me presenteie com as flores mais belas que eu possa imaginar?
Diria que faço muito pouco. Diria que ao mesmo tempo faço muito.
Limpo a manta morta, acumulada, tratando de prevenir possíveis incêndios. Corto giestas indesejáveis e em excesso, que elas são belíssimas mas uma verdadeira praga. Selecciono algumas, amarelas, brancas, que mantenho e cuido podando e limpando amorosamente, de quando em vez, o que provoca genuínas gargalhadas aos meus amigos que nunca souberam de ninguém que podasse giestas. Arranco silvas furiosamente lembrando-me de políticos portugueses, o que me faz arrancá-las ainda com mais vontade. Subo aos carvalhos e podo-os, aninho-me e corto a erva rente, de tesoura manual de cortar relva. Varro os rochedos da caruma acumulada, para depois os admirar em todo o seu esplendor, limpos de "lixos", cobertos de musgos e flores belíssimas. Amontoo as pinhas num monte, junto ao tronco específico de um carvalho, apenas porque gosto de as ver ali. Acabo por dar as pinhas aos amigos que delas precisam para as suas lareiras. Observo a Natureza. Volto a observar. Apanho as pedras soltas, monte acima monte abaixo, de carreta em punho, que depois integro nos meus caminhos, pedra a pedra, num trabalho de paciência e determinação. Imagino um caminho serpenteando por aqui e por ali. Imagino integrar este ou aquele rochedo nos meus caminhos da Barca. Imagino-me a percorrê-los. Percorro-os, depois de feitos, observando um maciço de flores aqui e ali, ouvindo o cuco lá longe. Coloco um galho de árvore partido num canto dum rochedo ficando a ver, ano após ano, os musgos a envolvê-lo num abraço íntimo até ser uma coisa só. Em suma, acarinho a Natureza tratando de não a adulterar, de não a perturbar no seu equilíbrio frágil e ao mesmo tempo, num egoísmo perfeitamente egoísta, equilibro-me a mim, que necessito deste contacto com a terra, deste contacto com a altura e a folhagem das árvores, desta exaustão física para evitar a exaustão psíquica.
A Natureza retribui-me assim. Generosa, delicada e preciosamente.
Diria que faço muito pouco. Diria que ao mesmo tempo faço muito.
Limpo a manta morta, acumulada, tratando de prevenir possíveis incêndios. Corto giestas indesejáveis e em excesso, que elas são belíssimas mas uma verdadeira praga. Selecciono algumas, amarelas, brancas, que mantenho e cuido podando e limpando amorosamente, de quando em vez, o que provoca genuínas gargalhadas aos meus amigos que nunca souberam de ninguém que podasse giestas. Arranco silvas furiosamente lembrando-me de políticos portugueses, o que me faz arrancá-las ainda com mais vontade. Subo aos carvalhos e podo-os, aninho-me e corto a erva rente, de tesoura manual de cortar relva. Varro os rochedos da caruma acumulada, para depois os admirar em todo o seu esplendor, limpos de "lixos", cobertos de musgos e flores belíssimas. Amontoo as pinhas num monte, junto ao tronco específico de um carvalho, apenas porque gosto de as ver ali. Acabo por dar as pinhas aos amigos que delas precisam para as suas lareiras. Observo a Natureza. Volto a observar. Apanho as pedras soltas, monte acima monte abaixo, de carreta em punho, que depois integro nos meus caminhos, pedra a pedra, num trabalho de paciência e determinação. Imagino um caminho serpenteando por aqui e por ali. Imagino integrar este ou aquele rochedo nos meus caminhos da Barca. Imagino-me a percorrê-los. Percorro-os, depois de feitos, observando um maciço de flores aqui e ali, ouvindo o cuco lá longe. Coloco um galho de árvore partido num canto dum rochedo ficando a ver, ano após ano, os musgos a envolvê-lo num abraço íntimo até ser uma coisa só. Em suma, acarinho a Natureza tratando de não a adulterar, de não a perturbar no seu equilíbrio frágil e ao mesmo tempo, num egoísmo perfeitamente egoísta, equilibro-me a mim, que necessito deste contacto com a terra, deste contacto com a altura e a folhagem das árvores, desta exaustão física para evitar a exaustão psíquica.
A Natureza retribui-me assim. Generosa, delicada e preciosamente.
É favor clicarem sobre as fotos para apreciarem a beleza desta partilha absolutamente espontânea. A responsabilidade destas flores é da Natureza. Eu apenas respeitei a obra dela.
10 comentários:
I like this blog. for real!
berto xxx
are you sure about that?
berto xxx
OLha o Berto outra vez no meu blogue!!!
Carinha simpática!
E não sei bem porquê, lembrei-me de crianças que observei o seu crescimento em circunstâncias da vida adversas e conseguiram ser gente.À sua custa. Do seu esforço. Por serem lutadoras e elas aí estão. Cheias de vida e a recomendarem-se. As crianças do Padre Marçal, como dizemos por aqui. Um dia destes darei a conhecer o Padre Marçal e o seu trabalho. Não sei bem porquê ( e se calhar até sei) mas lembrei-me destas crianças e do Padre Marçal. Talvez, também, porque este poste é o retrato dos jardins do Lar Juvenil ele dirije: crianças que crescem neste espaço de mundo dificil mas que conseguem, apesar de tudo, florir.
.
Carpe diem!
Aguardo, Raul, por essa partilha. Quanto ao mais o princípio é sempre o mesmo. Aconchego. Todos nós precisamos dele, especialmente os mais novos. A Natureza também.
Verdadeiramente lindas, as flores (e eu também gosto muito das giestas a flores brancas, "xestas" que dizemos nós)
Obrigada, Rui. As minhas flores campestre são o meu orgulho.
A nossa Mãe-Natureza presenteia-nos com cada coisa mais bela e delicada... a mim deixa-me de olhos arregalados de espanto!
Fica bem.
Olá boa noite... o meu nome é Diana Vieira e, gostaria de saber como posso entrar em contacto com o Padre Marçal.
Obrigada
Bom dia Diana Vieira, para falares com o Padre Marçal podes ligar para o Lar Juvenil dos Carvalhos: 227861150. Se tiveres dificuldades em contactá-lo, podes entrar em contacto comigo : raul.martins@cic.pt.
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