quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Balanço

Balanço

Tenho andado a reler as minhas postagens antigas, fruto da reorganização dos posts por etiquetas que estou a fazer aqui no blogue. Sempre fui uma rapariga arrumada e estava a fazer-me confusão não ter a possibilidade de rapidamente reler uma postagem sobre um amigo, ou sobre uma viagem, ou sobre os alunos, sem ter de perder imenso tempo entre dois anos de inúmeras postagens.
O facto de ter tido ultimamente o percalço com as fotografias, e de ter percebido que tenho de ser mais cuidadosa com a sua introdução aqui no blogue, só veio fazer com que este desejo se tornasse mais rapidamente realidade e, aos pouquitos, lá vou arrumando centenas e centenas de postagens, muito diferenciadas entre si. Pelo caminho, e a cada passo, lá descubro, tropeçando, mais uns buracos negros espalhados a torto e a direito por este blogue, consequência dos apagões por mim mesma provocados nos álbuns Picasa. É que não se colocava mais nenhuma alternativa, esgotada que estava a capacidade de albergar mais fotografias neste Picasa, que eu nem sabia que comandava os destinos das ilustrações deste blogue!
E foi esta oportunidade de retroceder no tempo que me deu a possibilidade de constatar que este blogue foi, nos seus primórdios, um blogue muito mais intimista do que aquilo que é hoje.
Com o tempo e com a conjuntura política nacional e, particularmente, com a conjuntura nefasta e perniciosa no sector educativo a degradar-se, este blogue tornou-se muito mais uma arma política do que outra coisa qualquer.
Confesso que esta evolução não é inteiramente do meu agrado. Confesso que preferia estar a falar dos meus muros e dos meus caminhos da Barca, do jardim pedregoso do Escorpião Azul, dos meus caminhos e das minhas viagens, se bem que, e pensando bem, as postagens mais antigas já reflectem a pessoa combativa que eu sou e como tal seria completamente irrealista pensar que me seria possível assistir, calada e/ou indiferente, à degradação da minha profissão, que decididamente já não é o que foi, e que está hoje incomparavelmente pior, com uma conflitualidade e uma sacanice à solta a que eu jamais tinha assistido. "Coisas" do género "eu sou melhor do que tu, ninguém está à altura de me avaliar, eu sou melhor do que todos, quero que fique em acta que este conselho de turma é uma balda, vocês não se inscrevem na Ceia de Natal porque estão a misturar tudo e porque sois uns cobardes, não falo e não me dou com ninguém porque toda a gente excepto eu é medíocre, vou virar o bico ao prego e de malcriada, arrogante e desequilibrada vou-me fazer mas é de vítima e fazer queixinhas ao coordenador e ao director que o conselho de turma me está a boicotar o trabalho porque eu pedi aulas assistidas e concorro para o excelente, eu pedi a avaliação complex porque vi afixado o prazo para a pedir e eu nem percebo nada disto porque ando aqui a ver passar os comboios"... e já nem digo mais nada que o desgosto e a tristeza são imensos ao ver estas atitudes baixas, pequeninas, pequenininas...
Por tudo isto este blogue seguiu o rumo que seguiu. Logo que esta equipa ministerial e este governo incompetente deixem o leme do Ministério da Educação e de Portugal espero que também este blogue retome um outro rumo, bem mais interessante e feliz. Se isso acontecer será só porque estamos todos no bom caminho.
No entanto tenho consciência de que as sequelas são imensas e as feridas não sei se cicatrizarão convenientemente.
Enfim, hoje está sol... por isso saibamos merecê-lo e por isso hoje não se fala mais nisto.
Ou falará?

6 comentários:

rui disse...

Para mim o emprego que tu fazes do teu blogue é óptimo, soubeste deixar a intimidade e te pôres ao serviço da defessa da profissão. Quando vem a guerra um não pode ficar a pintar a casa, hai que sair lutar.
Um exemplo!
Parabens.

Anabela Magalhães disse...

Ruizinho Galego, nem imaginas como me deixas contente ao passares por aqui deixando rasto! E nem imaginas como fiquei contente ao ler as tuas palavras de encorajamento! Pois é, nós portugueses costumamos dizer que "Em tempo de guerra não se limpam armas!"
Será que vocês, galegos, dizem alguma coisa de semelhante? E os teus árabes e os teus berberes da Argélia?
Beijocas da Península Ibérica para o Norte de África... aonde em breve reentro... felicidade... estou em contagem decrescente!

Raul Martins disse...

Bem te compreendo... as duas fases... e, ainda que compreenda e te apoie no rumo que imprimiste, gosto mais das tuas "fases" intimistas... já também tinha lido algures por aqui que a tua filha também achava mais divertido o teu blogue quando não te preocupavas com estas pequenas grandes coisas, lembras-te desse desabafo que já aqui fizeste?! Penso que não me enganei.
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Qualquer que seja o rumo, tens é que estar bem contigo própria.
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E aproveito a embalagem para um abraço ao Rui que há muito que não o visito....
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Carpe diem!

Anabela Magalhães disse...

Calculava que sim, Raul. A minha filhota pensa o mesmo e só me diz "Mãe, o teu blogue está uma seeeeeeeeca!
Mas a verdade é que não me posso demitir desta luta ou demitir-me-ei da minha profissão.
Quanto ao resto confesso-te que já conheci melhores dias! ;)
Mas também te confesso que estou em contagem decrescente para as dunas que me fazem um bem que nem sabes!!... ah que até já lhes sinto o calor!!!!
Beijocas, Raul, e obrigada pelo apoio.

rui disse...

En tempo de guerra non se limpa o fusil, que dizia o meu avô.
Ah, os cabiles, ontem mesmo jantei com dois e falavam uma língua formosa cheia de th, oxalá tiver um par de vidas mais para aprende-la!
Um abraço para ti e outro para Raul.
Beijinhos

Anabela Magalhães disse...

Calculei que existisse algo de semelhante, Rui. Afinal vocês deviam ser Portugal!!! :):):)
Beijinhos

 
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