domingo, 7 de fevereiro de 2016

Bisavó Materna - Régua

Família - Douro - Régua
Fotografia sobre fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Bisavó Materna - Régua

Estes são os dias em que as fotografias estão banalizadas e a possibilidade de clicarmos registando para sempre um familiar, um amigo, um aluno, uma paisagem, uma peça de museu nunca foi tão fácil, derivando, essa facilidade, do facto das máquinas fotográficas virem agregadas a um qualquer telemóvel e estarmos em plena era digital. Estes são os dias em até nos esquecemos que as fotografias nem sempre estiveram ao alcance de todos num qualquer aparelho, pequeno e leve, que se transporta num bolso literalmente para todo o lado dando-nos a possibilidade de dispararmos sobre tudo o que mexe e sobre o que não mexe também.
Durante a minha infância, adolescência e mesmo já durante grande parte dos meus anos de rapariga casada, as fotografias, sempre analógicas, tiravam-se com a parcimónia de quem sabia o preço dos rolos e o custo da posterior revelação. Se recuarmos ao início do século XX vemos que a fotografia era rara, exigindo que os fotografados se deslocassem a um estúdio todos aperaltados.
A fotografia que hoje partilho foi captada no início do século XX, em estúdio, com cenário pintado por trás como era usual na época e retrata a minha bisavó materna, Maria Emília e duas das suas filhas mais novas, minhas meias tias-avós, meias irmãs da minha avó materna, a Avó Clotilde, como sempre lhe chamei. Viviam elas no Douro, na Régua, em plena Belle Époque, aquele período de paz e prosperidade europeia que terminaria com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914 e que duraria até 1918 deixando a Europa de gatas.
Nunca conheci esta minha bisavó, já falecida aquando do meu nascimento e também não guardo memórias destas minhas tias-avós muito embora tenhamos coincidido algures no tempo.
Mas, se nunca conheci esta minha bisavó, sei que esta minha bisavó, tal como todos os meus ascendentes directos, permanece em mim, no ADN que percorre os meus interiores, no ADN que percorre a minha filha e que também percorre o meu neto.
Serve-nos isto de consolo para a nossa vida efémera, facto que tendemos a esquecer.
E pronto. Por agora é tudo.

Nota - As roupagens que estas minhas familiares envergam fariam as delícias de muitas de nós, adequadíssimas aos dias que correm, com cortejos de Carnaval por tudo quanto é lado.


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