O texto que abaixo transcrevo foi escrito a pedido da Maria Moita e da Bárbara Wamboi para o Procura-se, o Jornal da Casa da Juventude que vai já na sua publicação 5 e que os meus leitores podem ler na sua versão on-line clicando aqui.
Acreditem que vale a pena espreitar e calcorrear estas páginas cheias, bonitas, enérgicas, joviais, esperançadas, enfim, amarantinas.
Parabéns a toda a equipa que pôs na rua este Procura-se. Quanto a mim, foi um enormesco prazer poder colaborar com esta equipa dinâmica e arrojada. Estou-lhes grata por ampliarem a minha voz.
O pontapé de saída foi-me dado com as palavras Amarante, juventude, oportunidades. E o texto saiu assim:
Hoje escrevo ao sabor da pena esta brevíssima reflexão sobre Amarante, juventude,
oportunidades. E, sob este pretexto, recuo ao passado, ao início dos anos
setenta, a uma Amarante muito provinciana e que não arriscava a mudança.
Entretanto, decorrente do 25 de Abril de 1974, instala-se a necessidade imperiosa
de liberdade e igualdade, sentida por muitos mas especialmente sentida pelas
raparigas amarantinas apanhadas na voragem das ondas de mudança chegadas da
capital que demoravam a fazer escola aqui no burgo.
A discriminação de género
começava dentro das nossas famílias e acabava na sociedade em geral, a falta de
oportunidades, quase crónica, abatia-se sobre os rapazes… mas escolhia predominantemente
as raparigas, alvos mais fáceis porque mais desprotegidas. Por aqui, as
oportunidades de emprego eram sobretudo dirigidas a jovens trabalhadores sem
formação específica, do sexo masculino, provindas do sector primário,
secundário e terciário mas que foram sempre inferiores às reais necessidades,
atirando muitos jovens para fora da cidade, até para fora do país. Este
panorama agravava-se para os jovens licenciados(as) chegados(as), cada vez em
maior número, das universidades e que raramente se conseguiam fixar na terra que
os viu nascer e crescer.
Ao longo de várias décadas muitas indústrias, empresas de
construção civil, adegas, comércio e serviços vários fecharam portas, outros
abriram – exemplo paradigmático foi o decorrente da abertura das grandes
superfícies que secaram muitas das lojas do comércio tradicional – e as ondas
de choque na cidade foram mais do que muitas. Amarante foi resistindo como pôde
e períodos houve em que pôde muito mal.
Na actualidade, os jovens - e as suas famílias - investem mais do
que nunca na sua formação e aí reside, do meu ponto de vista, a nossa riqueza
actual, na pluralidade de formações que permite o arrojo de tantos que se
dedicam à agricultura inovadora, à pintura, ao design, à música, à arquitectura, à restauração, à engenharia, à
hotelaria, ao ensino, à informática...
O poder local tem de desempenhar um importante papel na criação de oportunidades para a juventude amarantina, no possibilitar/ajudar a criar soluções e caminhos que potenciem a fixação dos jovens à terra que os viu nascer. Mas esta responsabilidade é também de cada um de nós, da sociedade civil que se deve organizar para que Amarante seja, a cada dia que passa, uma cidade mais agradável, atractiva, segura, limpa, asseada, dinâmica, aberta, arrojada, cosmopolita, artística, variada, enfim, que se apresente como atractiva à fixação de uma juventude que aqui deseja permanecer.
Saibamos estar todos à altura da exigência do momento que se quer de
viragem e de fim de uma certa letargia que já caracterizou a cidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário