Interiores Amarantinos - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Não estão acessíveis a torto e a direito, nem se deixam contemplar como os exteriores, expostos, sem vergonha, mirados e remirados por conterrâneos e gente estrangeira ao burgo que os observa, disparando, criando registos que já foram analógicos e que agora são digitais.
Os interiores amarantinos são de uma beleza especialíssima quando conferida pela patine do tempo, pelo peso da história, pelas recordações guardadas neste solo, nestas paredes, pelos murmúrios que ainda por aqui ecoam, pelas silhuetas que por aqui esvoaçam... e sim, se esta cozinha falasse contaria histórias de nascimentos e mortes, de alegrias muitas e de tristezas sem fim, de franceses invasores, de amarantinos bravos e corajosos... de crianças batendo no portão atiçando os cães que sempre lhes pareceram feios e ferozes, de miúdos fascinados com a sala dos troféus do Caçador de Elefantes...
Mas, se raramente se abrem, estes interiores, muito belos, de quando em vez ficam assim despudorados e indefesos perante os nossos olhos, perante as lentes das máquinas fotográficas dos vizinhos.
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