Desconfinados à Força
O título "Desconfinados à Força", muito embora apareça sem aspas no artigo saído no Observador, é na verdade, e tanto quanto sei, do nosso colega Luís Braga, que o usou pela primeira vez à conta do seu caso pessoal, que, aliás, tem dado muito que falar e muito brado, ao relatar a sua saga diária às voltas com um mais do que obsoleto computador da sua escola a que chamou Isidoro.
O artigo é importante. Porque amplia a informação mil vezes repetidas na blogosfera e nas redes sociais de professores, e porque ao ampliar também extravasa delas.
"Quando olhamos para o estado da educação no nosso país é inevitável não pensarmos nas desigualdades que se vão acentuando no seio da comunidade estudantil. Ficamos legitimamente indignados, porque sabemos que tudo isto poderia ter sido certamente evitado, tivesse o Governo planeado com a devida antecedência um possível regresso ao ensino à distância que se tornava cada vez mais inadiável com a escalada no número de novos casos de Covid-19 registado diariamente no país. Mas, infelizmente, como se costuma dizer, uma desgraça nunca vem só e parece-me que ultimamente a comunicação social se tem esquecido, talvez até propositadamente, da peça essencial do ensino em Portugal: os professores.
Passa ao lado dos mais despercebidos que ainda há professores a deslocarem-se diariamente para as escolas para “teletrabalharem”. A expressão “teletrabalhar no trabalho” é de facto absurda e impensável, mas é seguramente uma realidade vivida por vários portugueses que se sentem ignorados. O meu pai é professor e cá em casa temos a sorte de dispormos de material tecnológico suficiente para todos estudarmos e trabalharmos em simultâneo, mas infelizmente não é assim na casa de todos os professores. Alguns destes heróis sem capa, que garantem o ensino dos jovens portugueses veem-se injustamente obrigados a dirigir-se todos os dias de casa para a escola e vice-versa, frequentando muitas vezes os transportes públicos que, por muito que neguem, são locais onde o risco de exposição ao vírus se agrava, para darem aulas síncronas, esclarecerem dúvidas virtualmente, prepararem materiais de ensino, etc., utilizando materiais que se encontram, múltiplas vezes, visivelmente obsoletos e dificilmente utilizáveis. Como se não bastasse, têm ainda de abdicar de auxiliar e acompanhar os seus filhos com o ensino online, saindo, mais uma vez, prejudicados. Serão estes portugueses cidadãos de segunda?"
(...)
Continuem a ler aqui, sim? Vão ver que vão gostar... ou não do retrato deprimente e insuportável a que chegamos.
1 comentário:
Continuamos à espera dos equipamentos prometidos em abril de 2020. Falhas graves de planeamento e execução por parte do ME!
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