quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A Palavra A Susana Dias

Janela - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

A Palavra a Susana Dias

Não é a primeira vez que lhe dou a palavra neste blogue e sei não será a última.
Conheço-a não desde sempre mas tenho-a como uma das Amigas mais Belas que possuo.

Obrigada pelo teu texto, Susana Dias. Escreveste exactamente o meu sentir. É urgente abrir janelas. E portas. E derrubar muros mentais e físicos. E cortar arame farpado. E desatar nós... dentro de cada um de nós.

"A questão do acolhimento dos refugiados tem permitido a muitos portugueses a possibilidade de deitar cá para fora toda a sua frustração e revolta relativamente à injustiça social do país. Sucedem-se nas páginas desta rede social posts em que se incentiva a aversão, o ódio, a xenofobia, de forma clara, ostensivamente e com a adesão rápida das pessoas que os lêem. A piedade, a consternação massiva face à imagem da criança síria na praia turca, aqui nesta mesma rede social, deu lugar a gritos ultra nacionalistas, a propaganda racista de fazer inveja à retórica de Goebbels. Ao ler certos comentários, imagino quão fácil seria voltarmos aos autos de fé.... De um momento para o outro, os entendidos na identidade dos povos classificam os sírios ( todos os sírios, logo todas as mulheres e crianças, todos os jovens, todos os idosos, todos os homens...) como arruaceiros, fanáticos religiosos, ingratos, profanadores de cemitérios e, claro, terroristas. Para além desta classificação, os sírios, que fogem a crimes contra a humanidade, não são benvindos num país onde há desemprego, pobreza e no qual muitos cidadãos tiveram que emigrar, como se fossem a causa de todos os males resultantes das decisões dos governantes nacionais e europeus. 
Toda esta aversão racista deixa-me francamente incomodada mas não abala um dos princípios claros que herdei da nossa história europeia: o humanismo. Um humanismo que protege a vida e a dignidade da pessoa humana, repudiando toda e qualquer forma de ódio, discriminação e intolerância porque, como tão bem dizia S. Mateus, numa das máximas mais acarinhadas ao longo da história, por humanistas, filósofos, escritores, independentemente da sua confissão religiosa, "tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós" (Mt, 7,12). Este princípio guarda em si a beleza criadora do amor, da amizade, da solidariedade, da gratuidade, atributos que, ao longo da nossa história, têm permitido a conservação da nossa espécie, a exaltação do nosso humanismo.
Por fim, vão lembrando os vossos amigos que o incitamento racista e xenófobo está criminalizado no nosso Código Penal, no seu artigo 240, com penas de prisão de 6 meses a 8 anos... 
PS: Ontem, um amigo professor num escola em Viana do Castelo contava-me que na sua escola secundária 2 jovens sírias frequentavam as aulas há 2 anos. Curiosamente, a escola continuava de pé e não havia história de desacatos na cidade..." 
SD

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