segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Desafio - Solidariedade


Desafio - Solidariedade 

A sociedade portuguesa encontra-se notoriamente dividida entre aqueles que querem ajudar a acolher os refugiados e aqueles que o não querem fazer. Pelo meio haverá ainda sub-grupos, uns mais radicais que outros, uns mais suaves que outros.
Basta passearmos nas redes sociais para ler coisas como "é reactivar os campos de concentração" e outras pérolas que tais. Basta escutarmos as opiniões das pessoas, de viva voz para percebermos que este é um dos assuntos mais polémicos da actualidade.
Confesso que não sou assaltada por dúvidas. Perante uma catástrofe destas dimensões, o meu único impulso é ajudar... e já foi assim em catástrofes anteriores, ou mesmo sem ser em situação de catástrofe pois procuro ter uma atitude que eu apelido de decente. E é só isto. É por isso que eu sou doadora de sangue, porque penso, seriamente, que a vida é um toma lá, dá cá, uma troca, uma partilha constante e que hoje ajudo eu, porque posso, assim, assado, frito ou cozido, amanhã, quiçá!, serei eu a ajudada.
Por estes dias tenho lido o que muitos portugueses têm escrito sobre os sem-abrigo e os necessitados portugueses, gente que se insurge porque, alguns garantem-no!, os portugueses deixarão de ser ajudados pelo facto de estarem empenhados na ajuda aos refugiados. Não é verdade. As instituições que estão no terreno continuarão no terreno e os seus voluntários continuarão a fazer o que sempre fizeram na assistência, por exemplo aos sem-abrigo portugueses que passaram, de súbito, a ser bandeira de arremesso nesta questão, uns desgraçados contra outros desgraçados, miséria contra miséria, como se a nossa miséria fosse mais importante que a miséria deles... e não o é. No mínimo há sempre dois olhares... nem sempre conciliáveis, fora todas as outras variantes...
Assim, e como os indigentes, sem-abrigo e necessitados nacionais estão nas bocas de tantos, comprometo-me aqui, publicamente, a fazer chegar toda a ajuda que me confiarem a estes mesmos necessitados portugueses. Por exemplo, e nem é preciso recorrer à embalagem solidária dos CTT, aos voluntários que existem aqui por Amarante e que prestam uma ajuda preciosa a quem dela necessita.

Assim, poderão depositar as vossas contribuições na Rua Dr Miguel Pinto Martins, número 30, S. Gonçalo, Amarante, durante todo o dia de amanhã, terça-feira das 10 às 20 horas... com um jeitinho até poderão fazê-lo pela noite dentro e quarta-feira procuraremos assegurar o mesmo horário. Se avisar que a sua contribuição deverá ser encaminhada especificamente para os necessitados portugueses, assim será feito.

De qualquer modo, queria frisar que uma ajuda não é impeditiva da outra e que não se trata de uma subtracção, antes pelo contrário, é apenas uma soma. E quando somamos solidariedade entre os povos isso só nos pode deixar com um sentimento de utilidade pela nosso vida que é, francamente, reconfortante.
Agradecida desde já a todos quantos queiram contribuir para cá, para lá, para branco, amarelo, vermelho ou negro, ou mesmo miscigenado!, para católico, protestante, muçulmano, judeu, hindu... crente em qualquer crença ou não crente, para adepto do FCP ou do Sporting ou o que for, para gordos e magros e assim assim, para deficientes e gente "perfeitinha", para simpáticos e asquerosos... e o mais que agora não me apetece escrever.
Tenho dito.

Nota - A imagem que acompanha este post mostra as necessidades mais prementes sentidas na linha da frente pelos voluntários das organizações que, no terreno, apoiam esta gente que, maioritariamente, foge de países dilacerados pela guerra.
Se quiserem ajudar os necessitados portugueses até podem incluir refeições cozinhadas. Valeu?

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