Hoje dou a palavra a Paulo Guinote afirmando que é um orgulho tê-lo como colega.
A entrada do exercício diarístico de hoje está levantar alguma celeuma longe do blogue, pelo fbook, por parte de quem acha que lá estou eu a levantar problemas e não a apresentar soluções nem sugestões construtivas, mesmo se já o fiz por diversas vezes.
Vamos lá a tentar perceber como isto funciona.
Um tipo apresenta sugestões ou ideias, ficam ao vento, porque quem sabe está a preparar coisas melhores, em grupos grandes de reflexão e está tudo em “equipa” a delinear estratégias. Ok, tudo bem, sou pouco gregário e muito menos estou com paciência para tempestades cerebrais de horas que depois dão umas páginas de excel com moradas e mails.
As estratégias ou recomendações aparecem, sem rumo estratégico aparente, mas meramente com o objectivo táctico de preencher um vazio crescente, e um tipo critica algumas opções e levanta dúvidas.
Então, diz-se que só se estão a fazer críticas, a levantar “problemas” e a não colaborar no esforço colectivo da “luta pela sobrevivência”.
Um tipo salienta que já apresentou propostas e sugestões (de sequência nos procedimentos, de alteração de calendários, de formas de contactar os alunos que não colidem com regras e leis em vigor) e respondem que, pois, até concordam com grande parte disso, mas voltam a criticar que se critique sem apresentar sugestões, sendo que acabaram de dizer que concordam com parte das sugestões que foram efectivamente feitas.
Ficaria baralhado, se já não conhecesse esta forma de estar há quase 15 anos.
Vamos ver se conseguimos entender-nos em matéria de “missões” nisto tudo: o ME tem (ou deveria ter) grande quantidade de informação nas suas mãos e gente muito certificada e competente a discutir as opções e a apresentar recomendações e sugestões. Algumas delas são válidas (por exemplo, a DGE a recomendar o low tech como primeira opção), outras nem por isso e parecem desligadas da realidade (mobilizar docentes reformados para levarem trabalhos aos alunos de casa em casa, esperar que muitos alunos desfavorecidos tenham meios para acompanhar o trabalho em condições vagamente equitativas). Depois, há quem tem o direito de chamar a atenção para essas questões, que podem ser encaradas como “problemas”, mas não como matérias a ignorar.
Sei que se tentou que formássemos um coro angelical de colaboração com o ME nestas horas difíceis, mas alguém necessita de olhar de “fora” e apontar as falhas. E sim, apresentar sugestões ou mesmo alternativas, mas atendendo sempre que essa não é qualquer obrigação, mas um direito de cidadania. Mas alguém precisa de fazer de coro grego, que comenta a acção e não se limita a dizer amén, sem que apareçam a desvirtuar e truncar o que foi escrito ao longo destas semanas.
- Afinal… aquela 4ª feira à espera da decisão do Conselho tal e tal de Saúde Pública não foi tempo perdido?
- A pressa em afirmar que os professores não estavam em “férias” não foi despropositada?
- A ideia peregrina desta calamidade ser uma “oportunidade” para construir a verdadeira escola do século XXI não é uma atoarda?
- Decidir que o 3º período é todo em ensino à distância em suporte digital, antes de inventariar com que meios se pode fazer isso?
- O facto de se andar a querer definir indicadores disto e daquilo e cronogramas do trabalho com os alunos, antes mesmo de se saber em que moldes se projecta o 3º período quanto à avaliação externa, não é uma precipitação?
- Etc…
Eu já não escrevi com o que concordava? Que primeiro se avaliassem os meios, se tomassem decisões claras sobre como vai ser, no mínimo, o mês de Maio, e depois se apresentassem as linhas-mestras do que deve ser feito em matéria de trabalho com os alunos? E que dificilmente há modo de enquadrar de forma equitativa todos (e nem falei nos NEE). Que devemos contactar primeiro os EE para saber o que autorizam ou não? Que devemos usar plataformas o mais leves e simples de usar que seja possível, em vez de cedermos a um certo novo-riquismo exibicionista?
É difícil tomar decisões em tempos de incerteza? Claro, mas é exactamente nestes momentos que se precisa de gente que tenha a cabeça no lugar, algumas âncoras e não apenas velas ao vento em termos de convicção e não só de conveniência. Do nível central ao local.
Se eu não posso criticar, publicamente, as opções que estão ser tomadas só posso citar alguém que, muito bem afirmou:
Excedi-me? Estão a brincar comigo?
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