sexta-feira, 14 de março de 2008



A Educação - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

O Fosso

Vinda duma visitinha ao blogue do meu colega António França, http://gatoquefala.blogspot.com/, é sem surpresa que me deparo com a seguinte constatação: o fórum da DGRHE "onde as escolas podem partilhar experiências, divulgando os materiais que vão concebendo no âmbito da implementação da avaliação do desempenho do pessoal docente" tem oito mensagens e uma proposta de materiais. E de onde é a proposta de materiais? De onde é? De onde é? Fácil, fácil. Da Escola Secundária de Amarante, claro está, onde o fosso cavado entre partes é cada vez mais notório, onde a insatisfação reina tal como noutra escola qualquer, e onde o descontentamento impera na sala de professores. Não se fala de outra coisa. A vontade de largar tudo é enorme.
Eu confesso que até já fiz uma proposta desonesta ao meu homem. Sei lá, de repente se ele me patrocinasse um anito de licença sem vencimento, eu viraria dondoca, iria ter tempo para ir à manicure, ai eu de unhata vermelha, havia de ser delicioso!, ao cabeleireiro, quiçá fazer umas extensões e perderia talvez o meu ar de hooligan de cabelo rapado, teria tempo para ler um livro, para ir ao cinema ou ao teatro, para voltar aos concertos, ou para simplesmente me esticar ao sol sem pensar em mais nada, deixaria a poeira pousar, fugiria deste caos, desta luta desgastante e diária que me incomoda e aflige porque esta não é a minha escola, esta não é a minha Educação. Pois... mas a verdade é que nem o Artur consegui convencer. Nem ele me consegue imaginar disfarçada de dondoca. E assim sendo terei de continuar a labutar na Escola Secundária de Amarante ou noutra escola qualquer.
Para conferir a proposta de materiais enviada pelo meu director é favor clicar na hiperligação
http://ecd.dgrhe.min-edu.pt/mod/forum/view.php?id=88
E agora que conferiram vão ao blogue do Ramiro Marques
http://www.professoresramiromarques.blogspot.com/ e vejam a diferença.
E concluam comigo... de facto, algo vai muito mal no Reino da Educação e na República Portuguesa quando há este fosso intransponível cavado entre a tutela e os tutelados. Tutelados? Já vejo a corda demasiado esticada. O fosso é agora enorme e uma vez perdida a confiança numa das partes...

E só para finalizar, as minhas camélias servem-me hoje para ilustrar a Educação em Portugal. Parecem viçosas e catitas ao primeiro olhar mas, se atentarmos bem, a verdade verdadinha é que caminham a passos largos para o lodaçal e a podridão. São duas visões distintas. A primeira pertence à tutela. A segunda aos tutelados. Tutelados?

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