Trincheiras - Arredores de Verdun - França
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
1ª Guerra Mundial - 102 anos
1ª Guerra Mundial - Frente Ocidental - Campos da Morte
Já percorri esta Frente Ocidental para cima e para baixo, mais a norte e mais a sul, sendo que, durante a minha última peregrinação, andei pela Alsácia e pela Lorena não deixando de visitar a fustigada região de Verdun, palco de uma das mais sangrentas batalhas ocorridas durante esta guerra que, contra todas as expectativas, não foi rápida e se prolongou por quatro longos anos.
Esta guerra teve o seu início no Verão de 1914, após o assassinato do herdeiro do Império Austro-Húngaro, o arquiduque Francisco Fernando, no dia 28 de Junho, em Sarajevo, capital da Bósnia, cometido pelo sérvio Gavrilo Princip, membro de uma organização secreta chamada Mão Negra, tendo-se concretizado passado um mês deste fatídico acontecimento, no dia 28 de Julho, data da declaração de guerra da Áustria à Sérvia. Os acontecimentos precipitaram-se, imparáveis!,como se ganhassem vontade própria e a História se tornasse não dependente da vontade dos homens, sucedem-se as declarações de guerra e, a 4 de Agosto, a Bélgica, país neutral, foi invadida pelas tropas alemãs que pretendiam chegar rapidamente a Paris. Derrotadas e barradas pelos exércitos francês e inglês na Batalha do Marne, 5 a 12 de Setembro de 1914, os dois exércitos instalaram-se no terreno começando a abrir vastíssimas valas, as trincheiras, de um e de outro lado, pondo assim termo a uma primeira fase da guerra, rápida, conhecida por Guerra de Movimentos e inaugurando uma fase longa, que duraria até 1918, conhecida pela Guerra das Trincheiras. Ora, são estas trincheiras que ainda hoje rasgam, como uma ferida bucólica, que permanece aberta mas não sangra, grande parte do território francês, teatro de guerra, à época, e frente de batalha aqui do lado ocidental. Estes são os "Campos da Morte" da 1ª Guerra Mundial, rasgados ainda pelas crateras das bombas... tantas!!!, rasgados ainda pelas trincheiras, aqui na região de Verdun onde se travaria uma das épicas batalhas ocorridas durante esta guerra, que duraria de 21 de Fevereiro a 18 de Dezembro de 1916 e que provocaria perto de um milhão de mortos de ambos os lados. Quase inimaginável...
Hoje, olhando-as, as trincheiras parecem até lindas, amostras do que foram um dia, serpenteando um território florestado no fim da guerra mas que era agricultado antes da desgraça se abater sobre esta região, desgraça sangrenta que varreu do mapa localidades inteiras e muitas das suas gentes, mas que varreu do mapa principalmente as tropas que serviram de carne para canhão numa guerra desajustada do ponto de vista estratégico face à modernidade e sofisticação das armas envolvidas em combate.
Hoje, olhando-as, quase nem conseguimos imaginar o sofrimento da gente de carne e osso que aqui combateu ao frio, à chuva, à neve, mal alimentada e de moral sabe deus, vivendo na imundice, partilhando o espaço com os ratos e as ratazanas... corpos servindo de alimento a pragas de piolhos, corpos desfeitos pelas bombas, pelos tiros automáticos das metralhadoras, aniquilados pelo armamento químico utilizado pela primeira vez nesta guerra.
Sim, esta foi uma guerra de muitas inovações. De muito sofrimento também. E estes são lugares de peregrinação para muitos de nós, conhecedores da importância da História por motivos profissionais... ou apenas porque sim...
Nota 1- Se alguém quiser usar as fotografias, façam os favor de estar à vontade desde que não omitam a autoria das mesmas.
Nota 2 - Este post foi recuperado deste blogue e serve para assinalar uma data fatídica que hoje se relembra. Porque é importante relembrar o que por esta Europa já aconteceu... não?
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