Dia 1 (De Uma Espécie de Confinamento)
Hoje recordei o silêncio espampanante que se abateu sobre a minha cidade, em Março, mesmo antes de entrar em vigor o confinamento geral decretado pelo governo deste país - silêncio de veículos, silêncio de gente, a cidade fantasma que jamais esquecerei e que me entrou olhos adentro nas raríssimas vezes em que a ela me desloquei, confinada que estive em terras de Aboboreira.
Hoje, ao percorrê-la de lés a lés, em passeio para esticar as pernas, confesso que não lhe notei grande diferença se atender ao movimento dos últimos dias ou das últimas semanas, a não ser no fecho das lojas dos desgraçados de sempre que, fechando durante o primeiro confinamento voltam a repetir a dose.
Hoje, ao verificar um movimento pouco menos do que normal na minha cidade, ao verificar as mesmas pessoas amontoadas, tantas sem máscara, ao verificar os mesmos exactos grupos de jovens todos juntinhos, a falar, a comer e a fumar, com as cabecinhas todas encostadinhas uns aos outros, pelos arrabaldes da minha escola, e nem sombra da GNR que mora ali a dois passos, confesso-vos que fiquei bem mais preocupada do que já estava ontem relativamente à situação sanitária deste país.
E isto vai doer.
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