quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

A Complexidade de Ser Professor(a)


A Complexidade de Ser Professor(a)

Adaptado por Maria do Carmo Cruz, a quem agradeço a partilha desta beleza.

SE… COMO DIRIA KIPLING, MODÉSTIA À PARTE…


Se és capaz de manter a tua calma quando,
Dizem que os professores não fazem nada
De crer em ti quando todos estão duvidando,
Sem, no entanto, resolveres as coisas à pancada.
Se és capaz de te levantares, cada manhã,
Dar um suspiro fundo e ir para a Escola,
E fazer de cada aula um amanhã
Para quem preferiria ir ver a bola…


Se és capaz de te esqueceres do ministério,
De pareceres, decretos, metas e perfis,
E trabalhares com os alunos que tiveres
E ainda assim te considerares feliz.
Se és capaz de ver as pessoas que se sentam
À tua frente, e as olhares como eles são,
Nem anjos, nem diabos, mesmo quando tentam
Ver se são capazes de te tirar a razão.


Se és capaz de ver qualquer oculta fome,
De pão, de carinho, de ternura
Ou uma angústia que tenha qualquer nome
E transformar em sorriso a amargura.
Se és capaz de te lembrar como eras
Rapaz ou rapariga de outro tempo
Recordar aquelas longínquas primaveras
Que afinal voaram como o vento,
Se és capaz de sorrir das tuas traquinices
E das partidas que pregaste aos professores
E pensares que eles estão no tempo das tolices,
Mas tu os ajudas a crescer e a ser maiores.


Se és capaz de dar aulas no inverno
Com o aquecimento central de todo o ano
Sem disso fazer um céu ou inferno
Antes cumprindo o teu dever quotidiano
Se és capaz de aceitar um horário aberrante
Ou dar apoio mesmo a quem não quer
Se és capaz de não diminuir o ignorante,
Mesmo se começaste a duvidar e a descrer


Se és capaz de tratar os impostores com desdém
Mas dar-lhes sempre nova oportunidade
Se consegues utilizar a justiça e o bem 
Como moeda de troca da Verdade.
Se és capaz de estar disponível
Para aquela conversa quando ias descansar
E a ouves com a seriedade possível
Quer te dê vontade de rir ou de chorar.

Se és capaz de fazer o milagre, sem deslizes,
De transformar a Escola onde andares
Num lugar onde todos sejam mais felizes,
Deixa falar os Júdices e os Tavares, 
Alguns pais e os professores incréus
Porque vozes de burro nunca chegaram aos Céus.
Se estás disposto a começar nova jornada
Quando o Outono regressar suavemente
Deixar a família, os amigos ou a namorada
E ir para outra Escola novamente
Então, deixa falar os maldizentes
Sabendo que o teu valor ninguém ignora
Afinal, tu és Alguém entre outras gentes,
Tu és uma Professora!

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