A relação entre editoras de livros escolares e o ministério da Educação já me pareceu mais saudavelmente distanciada e descomprometida do que a existente durante o consulado de Nuno Crato.
Só assim se compreende que em período de intervenção da Troika e em período de grande agravamento das condições de vida das famílias portuguesas, os livros escolares tenham aumentado mais de 10% fruto de uma negociata entre ambas as partes que assegurou às editoras um aumento fixo de 2,6% ao ano, desde 2012, em consequência de um acordo assinado entre ambas as partes que revogou o anterior, mais justo, que indexava os preços dos manuais à inflação - se este acordo se mantivesse, as editoras teriam, para o mesmo período, um aumento de preços de somente 0,1%... não vos parece, no mínimo!, estranho?
É caso para dizer Estado, Estado, os restantes sectores da economia também querem negociatas dessas!
Depois há ainda a questão da lei não cumprida da vigência dos manuais pelo período de seis anos tais as reviravoltas sofridas e impostas pela tutela que, não acautelando a estabilidade e os interesses das famílias, acautela, e de que maneira!, os interesses das editoras.
Assim, qualquer mudança é pretexto para a edição de novos manuais e estes não transitam de irmãos para irmãos tendo os pais e encarregados de educação e o próprio estado também, portanto todos nós, contribuintes, de suportar, ano após ano, a compra de novos manuais escolares com diferenças por vezes pouco mais do ténues entre os anteriores e os posteriores.
Por último, alerto de novo a Tutela para a questão, gravíssima, de saúde pública, que decorre do peso das mochilas literalmente arrastadas pelos alunos que frequentam as escolas portuguesas. Já dei conta do peso, obsceno, de mochilas de 10 kg carregadas às costas por miúdos de 12 e 13 anos que pesam 40 kg... e alguns nem isso.
Compete à Tutela, já que as Editoras parecem não querer saber disto para nada, impor pesos limite por manual e impor a divisão dos manuais em três blocos, a usar um por trimestre.
As costas dos miúdos portugueses agradecem... para que não se volte a verificar aquele exemplo do aluno(a) franzino(a) que, finda a aula, coloca a sua mochila às costas e cai para trás, estatelando-se imediatamente no chão, vergado por um peso brutal que não lembra ao diacho e cuja solução a tutela vem descurando, ano após ano, quando tem em si a chave e o poder para a sua rápida resolução.
A notícia que deu origem a esta reflexão pode ler-se aqui.
Nota - Post originalmente publicado no blogue ComRegras.
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