As conclusões agora apresentadas por este estudo não me espantam. Só quem nunca teve turmas de CEF, agora de Vocacional, entretanto já descontinuados, é que pode estar alheado desta realidade... e, mesmo assim, só se andou/anda muito distraído. De facto, estas turmas foram sendo constituídas com os alunos mais problemáticos e carenciados, a todos os níveis, emocional incluído, existentes numa determinada escola e a acumularem retenções nos seus percursos escolares. Claro que existiram sempre honrosas excepções de miúdos e miúdas que, com carências económicas, tinham uma retaguarda minimamente segura e firme apesar das dificuldades. Mas, a maioria, não a tinha, de facto. Foram sempre turmas difíceis. Incomparavelmente mais difíceis do que as turmas do ensino regular. Tive-as por mais de uma década, acumulando sempre uma direcção de turma de uma destas turmas, digamos, muito desafiantes e, fruto desta experiência acumulada no terreno, sei bem do que estou a falar.
Posto isto, a grande conclusão que é possível tirar face a este estudo é que a Escola Pública Portuguesa está a falhar enquanto promotora e possibilitadora da desejável mobilidade/ascensão social.
Mas será que era possível fazer mais e melhor com a escassez de meios que são alocados a esta mesma Escola Pública? Será que era possível fazer mais e melhor sem uma intervenção/acompanhamento precoces das famílias desde a concepção da criança e depois desde o nascimento da criança? Muitas vezes paridas depois de gestações mal acompanhadas, depois mal nutridas, mal cuidadas, sem acesso aos cuidados básicos, criadas ao deus dará, sem os estímulos nas horas certas, sem os afagos e os aconchegos para que o crescimento se faça de forma harmoniosa, sem rastreios adequados, sem doenças diagnosticadas na hora certa... como é que a Escola Pública consegue fazer ultrapassar, pelo menos minorar, estas lacunas tão graves?
Será que esta é a situação para a qual andaram a trabalhar os anteriores ministros das Finanças? E os anteriores ministros da Educação? Especialmente Nuno Crato?
Aqui ficam as perguntas. Propositadamente sem respostas.
Nove em cada 10 alunos que Chumbam são de famílias mais carenciadas
Nota - Este post foi inicialmente publicado no blogue ComRegras.
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