Chaves do Céu a Descer - Largo Medonho - Amarante
Fotografias Anabela Matias de Magalhães
Este post é uma continuação da saga "Uma fotografia por dia, não sabe o mal que lhe faria" hoje intitulado de forma diferente porque quero desconstruir alguns argumentos que por aí já escutei e depois que cada um pense o que entender sobre o que está a ser feito no Largo de S. Pedro, agora, para mim, não menos do que um Largo Medonho.
Se eu sou católica e aceito a simbologia religiosa esparramada no chão de uma praça pública, paga com o erário público, refugiando-me no argumento " A mim não me incomoda porque eu até sou católica" temos as portas abertas, que não as do céu, para toda a simbologia e mais alguma.
Porque se eu sou católica e aceito e até gosto desta simbologia na praça que é de todos, uma outra eu, que sou islâmica, quero lá ver a palavra Alá escrita naquela letra maravilhosa que é o árabe e eu, que sou do Benfica, quero lá ver uma águia enorme a esvoaçar, mas eu, que sou do Porto, quero ver lá um dragão a cuspir muito fogo, e eu, que sou nazi, acho que ficava lá bem uma suástica... and so on!
Capice?
Perceberam a importância da neutralidade do espaço que é público?
Perceberam que um espaço público, do latim publicus, neste caso concreto trata-se de uma praça, é um espaço que pertence a todos nós, habitantes do burgo ou de uma qualquer outra parte do planeta? Pessoas estas que podem professar esta ou aquela religião, ou até nenhuma, que podem ter ou não clube desportivo, ou até nenhum, que podem seguir esta ou aquela seita? Ou não...
Perceberam que um espaço público é, por definição, o contrário de um espaço privado, espaço este que eu posso "decorar" como muito bem me apetece sem ter de dar satisfações a quem quer que seja sem ter em conta preocupações de estar, com as minhas opções até estéticas, a incomodar alguém?
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