S. Gonçalo em Dias de Douro Bike Race- Amarante
Fotografias de Coronel Artur Freitas
Chamo-lhe o Meu Umbigo desde sempre. Mas também lhe podia chamar o Meu Coração e às vezes, confesso, até lhe chamo o Meu Norte. Estou, evidentemente, a referir-me à montra da cidade por excelência, à sala de estar por excelência aqui da cidade que nunca mais terá outra igual por muitas praças que tenha, que invente, que idealize, que rasgue no presente ou no futuro, apenas porque S. Gonçalo será sempre S. Gonçalo. E este meu sentir, atrevo-me a extrapolar, será, por certo, o sentir da maioria dos amarantinos.
Aviso desde já que nada me move contra o desporto, seja ele qual for e muito menos contra provas que eu aprecio e que se fazem com recurso a bicicletas, ou que se fazem a pé, ou de gatas, ou seja lá o que for. A prova que ontem acabou chama-se Douro Bike Race e é espectacular, tenho a certeza, para quem nela participa e até para quem a observa. Não contesto que a prova, ou uma etapa da prova, se faça pontualmente no centro histórico a cidade, ocupando-o momentaneamente, dando-lhe movimento, dinâmica e cor.
Agora, que à conta de uma realização de uma prova, se monte o estenderete na quinta-feira e o estenderete, com gigantesco estardalhaço, permaneça noite e dia ocupando todo o centro nevrálgico da cidade é, para mim, um claro desrespeito por quem vem de fora visitar-nos e nem consegue ver o núcleo mais emblemático a cidade, tal a poluição visual! e, mais importante ainda, é um gigantesco desrespeito pelos amarantinos que frequentam o seu umbigo diariamente e têm que aguentar bandeiras e bandeirolas, insufláveis e tendas, grades e constrangimentos de trânsito brutais, isto para quem mora na rua 5 de Outubro, durante dias a fio.
E como se isso não bastasse, além da poluição visual, e provavelmente ainda mais grave, temos de aguentar o chiqueiral da música, das palavras gritadas em altos berros e amplificadas até à exaustão, talvez para que todos os habitantes da cidade, e arredores! possam ouvir que em Amarante há acção.
Na verdade, haver acção até é bom, desde que não se caia no excesso. O problema é que isto está a ser, manifestamente, excessivo. Na minha opinião, claro está! Mas, já agora, também na opinião de muitos que fui escutando durante os últimos dias em conversas informais, mais ou menos zangadas.
Aqui fica o alerta! E só mais uma observação - se eu fosse turista, e caísse aqui num dia destes, sei lá, no hotel em frente a este Largo de S. Gonçalo, fugia daqui a sete pés talvez mesmo correndo o risco de ficar sem pontos na carta de condução porque iria, por certo!, em excesso de velocidade....
Em Amarante, sinta-se convidado?
Alguém que nos tire deste filme, sim?
Nota - Acrescento o link para o blogue "A Pipoca Mais Doce" em que a sua autora, a turistar por cá, apanhou uma pequena amostra da confusão contraproducente, na minha opinião, e deixou as suas queixas registadas num texto que pode ser lido aqui.
Ai se a Pipoquinha caía por cá no passado fim-de-semana!
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