Entrevista num País Anedótico
"Júlio Eduardo Coelho Monteiro, empresário, contou ao SOL como pôs o representante da Freeport em contacto com o sobrinho, José Sócrates. E responde às suspeitas sobre as suas offshores
Na investigação das autoridades inglesas sobre o ‘caso Freeport’, o senhor aparece ligado a uma empresa consultora do outlet, a Smith & Pedro, como intermediário para obter o licenciamento para o projecto...
Completamente falso. Eu conheci o Charles Smith através da sua mulher, que era administradora de um condomínio na Quinta do Lago onde comprei um apartamento em 1992. Esse senhor, mais tarde, estava ligado ao Freeport – e um dia queixou-se-me de que um gabinete de advogados estava a pedir-lhe quatro milhões de contos para obter o licenciamento.
E teve alguma intervenção nisso?
Eu disse-lhe: ‘Eh pá, não acredito que isso seja possível. Vou falar com o meu sobrinho’.
E falou?
Falei e ele disse: ‘Tio, isso é uma mentira pegada, porque eu é que trato desses assuntos. Mande vir esse fulano falar comigo’.
Foi o que fez?
Disse ao Charles para ligar para o Ministério do Ambiente e dizer que ia da parte do ministro José Sócrates.
E o assunto foi resolvido?
Nunca mais soube de nada… Depois até fiquei chateado, porque usou o meu nome e nem obrigado me disse. Nunca soube mais nada sobre o assunto.
Mas os ingleses dizem…
Peço desculpa de a interromper, mas não me interessa o que os ingleses dizem. Só eu é que sei, porque fui eu quem falou directamente com o meu sobrinho. E ele ficou completamente indignado, porque nessas questões era ele quem mandava. Se falar com o Charles, pergunte-lhe o que ele disse e o que lá foi fazer. Estou altamente arrependido de ter proporcionado isto…
Mas as autoridades têm indícios de que a Smith & Pedro terá obtido o licenciamento através…
Só quem não me conhece.
… através da sua influência junto do ministro do Ambiente.
Isso é mentira e vou pô-los em tribunal!
Mas o senhor é ‘suspeito’, o que não é o mesmo que ser ‘culpado’…
Eu sou suspeito, mas até agora não sabia de nada!
Suspeita-se que lhe terão sido pagas comissões, que foram para duas offshores…
Duas offshores em meu nome?
Sim. A Glenstal Trading Limited, constituída em Gibraltar pelo BCP e com conta numa sucursal no Funchal, mas que também tem conta no BPN, aberta em Cayman; e outra offshore também criada pelo BCP mas num estado americano, com conta em Cayman.
Realmente isso existe. Quer dizer, existiu. Mas não teve movimento nenhum, nem conseguem provar. É uma pura mentira que eu tenha recebido… Até fiquei muito chateado por o Smith nem me agradecer – e isto era altamente confidencial. Mas como vieram a saber das minhas offshores?
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2 comentários:
Eheh! Ouvi ontem! Mas que beco! Será que tem saída?
Esperemos para ver. Este país é perito em montanhas a parir ratos!
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