Português Tóxico
Manuel António Pina chama-lhe Português Suave (sem filtro). Eu, que sempre gostei de chamar os bois pelos nomes, chamo-lhe Português Tóxico. Porque é disso que se trata.
Tomara que os meus alunos passem por aqui, para verem ao estado a que nós chegamos neste país, com Directoras Regionais do Ministério da Educação a assassinarem sistematicamente a Língua Portuguesa.
Arre! Porcaria de país este, onde se sobe ao topo não pelo efectivo esforço da escalada, não pela efectiva transposição quotidiana dos obstáculos, não pelo suor despendido na transposição dos muros, não pelo efectivo mérito, mas pelas linhas enviesadas dos cartões, do xico-espertismo nacional.
Abomino isto! Abomino isto!
Português Suave (sem filtro)
"A inenarrável directora regional de Educação do Norte, famosa pela desabrida forma como tratou um professor que terá dito uma graça sobre "o primeiro-ministro de Portugal", entendendo, em contrapartida, que encapuzar-se e, em plena aula, apontar uma pistola de plástico à cabeça da professora já é só uma brincadeira de mau gosto, voltou à ribalta, e de novo pelas melhores razões: um ofício dirigido às "suas" escolas sobre o não menos famoso "Magalhães", que a doutora (do latim "doctor", aquele que ensina) redige numa língua inédita, vagamente parecida com o português.
Algumas passagens do documento são verdadeiros clássicos do português técnico, versão Ministério da Educação. Repare-se, por exemplo, neste naco de prosa: "O pagamento dos Magalhães, nos casos em que a isso os pais sejam obrigados, estão a receber informação por sms devendo, em todas, constar a entidade 11023". Mas o resto, designadamente a inovadora técnica de pontuação que é pegar em vírgulas e atirá-las ao ar a ver onde caem, não é menos esclarecedor do nível hoje exigível para se ocupar um alto cargo educativo em Portugal."
Manuel António Pina
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
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4 comentários:
Já tinha lido.
Desde quando, neste país, se exige aos políticos que saibam falar, escrever e pensar?
Conclusão: qualquer um pode almejar a um cargo.
Não há quotas: há vencimentos chorudos.
Não há ideias: há idiotia.
Uma tristeza, é o que é!
Estamos entregues à bicharada!
Nada que constitua surpresa para qualquer um de nós...
Que vergonha!
Também sinto, Dudú.
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