domingo, 25 de maio de 2008

Sou Um Ent!!!


Rasto de Ent em Terras Inóspitas que São Home
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Sou Um Ent!!!

Hoje descobri que se estivesse dentro do mundo criado por Tolkien seria um Ent. E descobri-o em conversa no msn com um dos meus alunos... de seu nome Pi Pereira.
A propósito da próxima visita à ESA de Mia Couto, que se concretizará no próximo dia 13, o Pi falou-me de Tolkien e de todo um mundo criado de raiz que o deixa fascinado e maravilhado pela criatividade do autor, pela capacidade de criação de todo um mundo inexistente, com personagens como os Ents, as Esposentes, os Elfos e os Hobbits. "Um enredo fantástico e fenomenal" para usar as suas palavras.
Vou confessar aqui a minha completa ignorância sobre o que era isto dos Ents. Vai daí perguntei-lhe quem eram esses seres já que ele afirmava que dentro daquela história eu seria um deles. Confesso que não esperava semelhante resposta.
Partilho-a, a seu pedido, identificando o seu autor já que ele não quis saber de anonimatos nem pseudónimos. Partilho a sua visão sobre mim que me deixou deveras comovida e emocionada.
Jamais me compararam a um Ent. Jamais me disseram que eu sou um "pastor de árvores". Partilho esta bela história de múltiplas leituras agradecendo ao Pi o ter-ma contado.

Pois os Ents existem desde os primórdios e foram criados para serem pastores de árvores, disse-me ele, para as guiarem, amarem e cuidarem. Os Ents são pastores de árvores que falam com elas e com os animais. Comem os frutos das árvores, bebem a água dos rios, são seres antigos, sábios, amantes da Natureza, extremamente pacientes, bondosos e saudosos. Os Ents são seres fantásticos que adoram dar longos passeios para terras inóspitas. São errantes que vivem sem lar. Às vezes sentam-se num monte e passam semanas somente a respirar e a ouvir o chilrear dos pássaros. São belos e imortais. São muito fortes, mas apesar disso só lutam quando se sentem ameaçados. Em suma são seres absolutamente fabulásticos - concluiu o Pi.
E à minha pergunta curiosa "Pi, a tua mãe é um Ent?" obtive a resposta que eu já esperava "É a rainha deles!"
Vai daí fiz hoje duas importantes descobertas. Descobri que para o Pi Pereira sou um Ent. E descobri que tenho uma rainha, o que nestas circunstâncias é muito saboroso, rainha essa que vai gostar de ler esta história porque a desconhece, tal como eu a desconhecia até me ter sido contada. Ora a "minha rainha" curiosamente, ou talvez não!, é, como eu, um Escorpião.

Resta-me acrescentar que o Pi Pereira, dentro desta história, seria um Elfo, sendo que os Elfos são seres fantásticos, precisos, belos, sábios, moderados, perspicazes e instintivos.

Lembrar-me-ei para sempre que para o Pi Pereira sou um Ent. E que isso constitui para mim uma responsabilidade acrescida. Espero, pois, conseguir manter-me assim, um "pastor de árvores", pelo resto dos meus dias e que daqui a muitos anos eu continue a ser um deles para o Pi Pereira. E já agora, para todos os outros também.

12 comentários:

EMD disse...

As coisas que nós somos sem o sabermos!
Ensinar e aprender em movimento de vai e vem. Todos ganham!

Anabela Magalhães disse...

Todos ganham quando escutam. Todos ganham quando partilham.
As coisas que nós somos sem o sabermos!

Elsa C. disse...

Anabela:

Se quiseres aprofundar o Tolkien, fala com o Ricardo que tem toda a colecção (creio que são oito livros, mais um alusivo à sua biografia)!
E também não conheço ninguém desta idade que já tenha lido "O senhor dos anéis" no original!
Um verdadeiro especialista.

P.s.: Ele nem imagina que te dei toda esta informação...

Anabela Magalhães disse...

Mas é que também vou falar com ele sobre tudo isto. Ontem o Pi esteve a aguçar-me o apetite. Vou ver se durante as férias me dedico ao Tolkien.
Obrigada pela informação, Elsa.

Raul Martins disse...

Responsabilidade acrescida.
E são estes miminhos que nos fazem acreditar que temos uma "missão" nesta terra e que aquilo que fazemos, sem o sabermos, também vai mexendo com o coração dos jovens que surgem no nosso caminho e, no momento certo, sem o esperarmos, nos fazem estas declarações de amor.
Carpe diem!

Anabela Magalhães disse...

Responsabilidade acrescida para o meu futuro sempre procurando melhorar as práticas de ano para ano.
É que não perco tempo com teorias. Fujo delas como o diabo da cruz!!
E da papelada estéril?!!!... é que só páro no deserto!!!!
Mimos bons os que tenho recebido dos meus alunos neste final de ano.
Acho que os deixei um pouco preocupados com aquela história de mau gosto e eles têm-me respondido de múltiplas maneiras.
Bjs

Passiflora Maré disse...

Apresenta-se a "raínha" ainda de lágrimas nos olhos. Deixe lá Anabela tanta história lhe li até às tantas da madrugada que ele ficou assim. Sorte teve a Anabela de ele não a ter obrigado a ouvir a história da criação do mundo de um outro livro do Tolkien, como me aconteceu um dia destes às tantas da manhã.
E se a Anabela fosse mais velha e homem, às tantas ele tê-la-ia comparado com o velho Wang fô e a sua capacidade de se evadir através de um quadro. Um dia destes mando-lhe o livro para o ler.
Bj.

Anabela Magalhães disse...

Também fiquei nesse estado. Foi a caracterização mais bela que de mim fez um aluno.
Mas não se limitou a falar-me dos Ents... falou-me das Esposentes, mulheres dos Ents e de como elas são mandonas e não escutam ninguém. E disse-me que elas só ordenavam às coisas que crescessem como era seu desejo e vontade. Mulheres, disse-me ele!
E falou-me dos Elfos e de nem sei mais o quê. E disse-me "Agora poste isso. Quero ver o resultado. Tem obrigação de ficar fantástico porque a história também o é!"
E de quando em quando ia-me perguntando "Está demorado?" Acho que tive sorte... não cheguei a levar com caracóis outra vez!!! :D
Bj

Anabela Magalhães disse...

Ainda bem que passei por aqui... é claro que é "É que só paro no deserto!!!!"

EMD disse...

Eu também cá voltei para ler o seguimento da hítória.
Ai Tolkien, Yourcenar, e milhões de outros...
Trago para a tua casa, Anabela, o desabafo que deixei preso nos fios de uma aranha blogosférica:

Ai que prazer
não ler por dever!
Ter um livro para ler
e tempo para o fazer.

Adaptação livre de «Liberdade»
de F. Pessoa Ortónimo
Beijos

EMD disse...

«história», claro!
Isto de comer letras, trocar letras, sílabas e acentos é sintoma da época: muito cansaço e crise económica.

Anabela Magalhães disse...

Gostei particularmente da explicação através da crise económica... e na verdade, a cada ano que passa, com a pobreza a instalar-se no meio de nós... não sei, não sei!
Estou particularmente zangada com os nossos governantes...

 
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